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Artigo N.º 1912 - O INFERNO (parte 2)
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Postado em: 08/07/09 às 16:04:15 por: James
Categoria: Artigos Site Aarão
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Desta vez fomos separados do planeta rígido e gélido, de novo voamos para cima. Dirigimo-nos para um novo planeta, todo reluzente, e à medida que nos aproximávamos, encontrávamos uma atmosfera cada vez mais incandescente. Evidentemente, uma força desconhecida, que emanava do próprio planeta, produzia este fenômeno.

Não sei porque, mas eu sentia uma estranha turvação na alma, à medida que diminuía a distancia que nos separava dele; a vivísima luz que dele emanava me cegava os olhos e todo o corpo sentia um calor insuportável. Finalmente, chegamos ao alto de uma montanha que se erguia sobre todo o planeta. Desde este topo, podia-se alcançar um amplo horizonte. À direita e à esquerda, entre cadeias de montes, via-se vulcões ativos, que lançavam fogo em grande quantidade. Nuvens de  fumaça negra e torrentes de fogo saíam de suas crateras, como de gigantescas bocas abertas e envolviam tudo com uma neblina espessa, com pedras candentes e a lava que saíam das entranhas da terra. Canais sinuosos de metal fundido desciam lentamente, com uma cintilação estranha, desde os cumes dos vulcões até os vales.

Tudo ao redor estava imerso na escuridão. Por algumas horas apareceu o disco de um astro, semelhante ao nosso sol, mas que aparecia coberto por um denso véu, emanava uma luz fraca, crepuscular; passado este breve período, caía de novo a longa e triste noite, durante a qual se viam saltar aqui e ali as pequenas luzes errantes de chama maléfica, as quais apareciam com intermitência extraordinária, sempre crescente e depois desapareciam completamente.

Cada vez eu me sentia mais angustiada e triste. Não consegui descobrir nenhuma vegetação, exceto alguns arbustos sem folhas de uma cor cinzenta e de uma forma estranha trepando aqui e ali pelas planícies e os vales. Virando-me para tras pude descobrir algum rio. Suas águas lodosas seguiam lentamente, como apáticas. Por toda parte reinava a desolação e a escuridão. E tudo me parecia deserto, mas meu companheiro, de repente estendeu-me o braço, indicando-me um dos profundos precipícios e disse: “– Olha!”

Fixando a vista naquela direção, vi algumas figuras que se moviam rapidamente em meio a luzes imperceptíveis. Desde a altura onde eu observava tudo, pareciam-me pequenas como formigas. Começamos a descer, sempre nos aproximando àquele precipicio, e quando estávamos próximos paramos diante de uma rocha escarpada.

“– Todos estes são pecadores”, disse meu companheiro. “– Agora você ficará só entre eles, sem mim, mas se acontecer qualquer coisa a você, mesmo que você se assuste, não deve rezar, porque aqui é severamente castigado quem dirige uma oração a Deus. Eu não estou certo disso, mas creio que lhe acontecerá algo também se você rezasse. Não esqueça que este é o reino dos espíritos do mal. Não deve rezar nunca, porque a oração deste reino não chega a Deus.”

“– Por quê? Por que nunca?” Eu não consigo comprender como é possível que a oração possa ter obstáculos.” E o companheiro me respondeu: “– O obstáculo consiste na graça de Deus que não chega até as almas dos pecadores. Assim como os homens não podem falar à distância sem o rádio, assim também a oração sem a graça do Espírito Santo não pode chegar a Deus.” E desapareceu. Então, ainda mais de perto, eu vi como os pecadores dançavam loucamente uma dança selvagem; dançavam desesperadamente e parecia que sua dança não devesse nunca ter fim. Os demônios arrastavam homens, mulheres e idosos aos lugares mais abertos para atormentá-los ali e quando estes, esgotados, caíam ao chão proferindo horríveis imprecações eram agarrados pelos pés e atirados a um turbilhão.

Deixei aquele desfiladeiro e comecei a descer até a planície. Mas aqui vi um tórrido e vastíssimo deserto e aqui também a terrível dança dos miseráveis pecadores, que não parava um instante enquanto eles derramavam lágrimas dilacerantes. Observando-os mais atentamente, vi que junto a eles dançavam também espíritos malignos rindo selvagemente sem nunca se cansar. Eles obrigavam as infelizes almas a girar cada vez mais velozmente, gritando sem interrupção: “– Alegres, todos alegres!” Alguns, dando saltos, se elevavam sobre a multidão dos pecadores e gozavam com a visão da gente nua e martirizada, com os cabelos revoltos, sem lavar nem pentear há séculos, nos quais havia cravados espinhos.

Que terríveis e poderosos eram aqueles espíritos malignos! Faziam os pecadores se desesperar. Atando-os com ramos espinhosos e fazendo-os dar voltas assim sobre as areias ardentes, cuspindo-lhes nos olhos, agarrando-os pelos cabelos, abrindo-lhes a boca à força até rasgá-la, golpeando-lhes violentamente com pedras, cegando-lhes e fazendo-lhes caminhar, depois destas e outras torturas inauditas, com aquele sofrimento, por precipícios cujo fundo estava cheio de pedras afiadas como navalhas. E enquanto eles caminhavam, os demônios montavam ao pescoço de cada pecador, pegando-os pelos cabelos e guiando-os assim pelo doloroso caminho. Se alguém conseguia soltar-se do espírito maligno, imediatamente lhe pegava outro e os sofrimentos recomeçavam, ainda mais penosos e intoleráveis.

Alguma vez também, aqueles demônios horríveis mostravam ao pecador os rostos de seus parentes e de outras pessoas queridas que se encontrava sofrendo junto a ele no inferno, ou começavam a analisar o passado terrestre de suas vítimas, mas limitadamente aos pecadores e às más ações. Faziam o pecador ter as visões de todos os seus pecados terrestres pelos quais haviam sido condenados, de modo que a estância infernal se tornava ainda mais intolerável.

Eu proseguia meu caminho, deixando atrás o horrível, tórrido infinito deserto e os pecadores dançantes ao som das risadas sarcásticas dos demônios. E cheguei logo a um vale cheio de pedras onde, de vez em quando, passava um formidável furacão que levantava nuvens de poeira e lançava ao ar as próprias pedras. Os espíritos infernais perseguiam aqui a uma multidão de seres cujos semblantes conservavam já bem pouco da natureza humana: estavam extremamente magros e seus braços pendiam inertes; todo seu aspecto denotava sofrimentos inimagináveis. Torturados pela sede, arrastavam-se com dificuldade, em silêncio, com a boca cheia de poeira. Ao redor reinava um cheiro horrível e nuvens de fumaça negra envolviam tudo. Entre estes pecadores, alguns lutavam violentamente a pesar de saberem dos terríveis castigos que os esperavam; porém eram já indiferentes a tudo porque estavam habituados a ser atormentados continuamente e porque haviam compreendido que, ali no inferno, já não podiam ter esperança alguma, assim já não reclamavam mais.

Não podendo suportar mais aquele terrível furacão de poeira, segui adiante, caminhei longo tempo e, finalmente, deparei-me à beira de um charco lodoso. E pareceu-me que nele chafurdavam seres de aspecto repugnante. Vi depois como os pecadores, torturados pela sede, corriam até aquele tanque pestilento e bebiam daquela água fétida. Dava-me horror olhar aqueles pecadores tão continuamente torturados e sempre rodeados dos demônios, furiosos, perversos e trapaceiros. Com grande medo e quase parando a cada passo, avancei até as rochas que se perfilavam à distância e decidi esperar sobre elas o retorno do meu companheiro. Ali escolhi um lugar, o mais tranqüilo, e cansada das impressões sofridas, sentei-me sobre as pedras.

De repente, um misterioso alvoroço sobressaltou-me. Vinha de um lugar pouco distante. Aguçando o ouvido, percebi suspiros profundos e penosos. Voltei-me e olhei: a poucos passos, aos pés de uma enorme rocha cinza, jaziam pecadores esgotados, tristemente com o olhar fixo na noite impenetrável. “– Sempre a noite, somente a noite, e nunca a luz! É possível que não chegue nunca o amanhecer?”, perguntou um deles, lembrando do sol e da primavera... e, ante sua mente, passaram as visões da vida vivida; também os outros começaram a lembrar o tempo passado na terra enquanto viviam, sentiam e amavam e cada um deles tentava aliviar, ainda que fosse um só minuto, com as lembranças da vida passada, sua alma sofredora. De suas conversas se deduzia que o passado estava sempre vivo neles, mas que os espíritos do mal não lhes permitiam sonhar nem esquecer os sofrimentos.

Rapidamente, de trás das rochas altas e escuras, apareceu um fogo vermelho e queimou terrivelmente as almas, chegadas aqui para descansar. No Inferno, não pode haver paz. E eu, estava desejosa de silêncio e queria fugir de todos aqueles horrores, decidi transportar-me a outro lugar.

Diante de mim se estendia uma planície. Encaminhei-me por ela, passando as trevas que por todos os lados me rodeavam. Os espíritos malignos observavam àqueles que passavam diante deles e perseguia-lhes selvagemente com açoites que levavam nas mãos. De vez em quando, da terra saíam línguas de fogo de todas as cores, que por um instante iluminavam sinistramente as silhuetas. E ouvi um canto, triste e melancólico, no qual tremiam as lágrimas e ouvia-se um sofrimento abafado e uma dor inconsolável.

Aproximando-me mais, vi sob a proteção de uma rocha os que cantavam com tanta tristeza. Suas faces eram de cor cinzenta e eles mesmos sem força, ofegantes, empurravam com seus braços esqueléticos uma enorme rocha de grande peso. Este trabalho seu era perfeitamente inútil em si mesmo e isto aumentava ainda mais seus sofrimentos. Sobre suas cabeças caíam nuvens ardentes, atravessadas de flechas de fogo e nuvens de fumaça, misturadas com faíscas. Eu me senti mais aterrorizada e senti um desejo enorme de sair o quanto antes daquele lugar tenebroso.

Enquanto isso ouvia um ruído que procedia do fundo da terra. Ante mim, abriu-se uma inclinada encosta, que comecei a descer com muito cuidado. No ar, sentia-se um intenso cheiro de enxofre e redemoinhos de poeira ardente tornavam difícil a respiração. A muralha cinza rochosa se elevava quase verticalmente sobre minha cabeça e, do alto, caíam como chuva faíscas incandescentes. O vento seco e turvo não refrescava nada e vi um espetáculo novo e horrível. Os miseráveis pecadores, arrastados pelos demônios, fugiam velozmente diante de nós com o ruído infernal que os perseguia e, gritando de terror, protegiam a cabeça enquanto alguns deles caíam por terra, esgotados pela sede, com o rosto na poeira. Estariam dispostos a suportar qualquer martírio, com tanto de obter uma gota de água, com a qual refrescar a boca queimada pelo terrível calor. Mas não há para eles nem sequer uma gota de água e isto continuamente aumentava seu sofrimento sem um final possível.

Os espíritos infernais os vigiavam e, ao cair um, estavam prontos para golpeá-lo cruelmente com seus pés achatados até que se levantava e recomeçava a corrida, docilmente. E eis aqui que, enquanto eu observava aquele espetáculo horripilante, apareceu diante de mim meu companheiro com sua voz maravilhosa e fascinante: “– Você teve medo?”, perguntou-me e eu, a sua pergunta, não soube responder outra coisa senão: “– É terrível!” E ele: “– Agorra deixaremos este lugar e voaremos a outros planetas!”

Começamos a subir a uma velocidade ainda maior do que a do vôo anterior. O ar se tornou cada vez mais agoviante e o calor se tornou insuportável em certo momento. De longe apareceu um astro incandescente que foi pouco a pouco ficando maior. Sem interromper para nada nosso vôo, atravessamos uma zona iluminada por uma luz violácea, e cada vez sentíamos mais que nos queimava o fogo que emanava daquele gigantesco planeta. Dirigiamo-nos até ele. Um pouco mais e o alcancaríamos. E pareceu-me que o céu oscilava e se agitava como se respirasse; o próprio planeta não me pareceu denso como nossa terra, e sim composto de gás denso, extremamente incandescente.

Contudo, quando descemos sobre o planeta, convenci-me que em parte minhas suposições estavam erradas: de fato, aqui e ali havia também terra firme sobre a qual vagavam luzes estranhas; do alto chovia uma estranha claridade láctea, ao redor reinava a tristeza e do solo ardente saía um calor indizível que sufocava.

“– Nem sequer aqui existe a felicidade - disse meu companheiro. A felicidade aqui não existe. Os espíritos do mal trazem aqui as almas dos pecadores para fazer-lhes sofrer novas e mais refinadas torturas, mais dignas de seus pecados.”

Por todos os arredores reinava o caos e, entre o rumor dos elementos enfurecidos, ouvia-se um gemido triste semelhante ao lamento de muitas vozes. E apareceu diante dos meus olhos uma ladeira plana que descia até um lago, que parecia de estanho fundido. Por todos os arredores voavam insetos venenosos de aspecto repugnante, de cujas picadas os pecadores buscavam refúgio escapando pelas rochas ao redor. Alguns pecadores eram seguidos de demônios que, providos de poderosos açoites os açoitavam, entravam nas cavernas, mas em seguida se viam obrigados a sair delas e corriam maltratados e famintos em direção ao lago ardente, onde se precipitavam chorando e gritando: “–  Onde estás, ó morte? Ó morte, amiga desconhecida!”

Mas a morte não existe, só a vida existe, vida eterna de alegria para os homens piedosos, vida eterna de tormento para os pecadores. E aqueles miseráveis continuavam retorcendo desesperadamente as mãos, invocando em sua loucura a morte inexistente.


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