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Artigo N.º 2129 - A contaminação dos alimentos - Parte 4
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Postado em: 11/08/09 às 20:49:42 por: James
Categoria: Destaque
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Manipulação genética

O aumento das colheitas também tem sido possível graças aos cruzamentos de plantas da mesma espécie ou aparentadas. No caso do trigo, conseguiu-se alterar o conteúdo de proteínas e obter tamanhos maiores do que as variedades tradicionais, que assim aumentaram as colheitas em quantidade e qualidade. Em alguns países, a produtividade tem aumentado em até dez vezes nos últimos 100 anos.

A alta produtividade desses novos tipos de trigo, assim como de outras variedades de culturas concebidas dentro do modelo de produção da “revolução verde”, requer um aumento na quantidade de fertilizantes químicos, assim como de agrotóxicos para o controle de pragas, com o que se ampliam o dano ambiental e os custos de produção. Na maioria das vezes, esses custos não são explicitados na difusão desses pacotes tecnológicos.

Alimentos transgênicos

Técnicas modernas de engenharia genética permitiram desenvolver novas espécies vegetais a partir da introdução de genes de outros organismos, que na natureza não poderiam fazer esta troca gênica. Os alimentos transgênicos são organismos geneticamente modificados em laboratório, geralmente com a finalidade de se tornarem mais resistentes a pragas e comercialmente mais produtivos, ou permitirem o uso de determinados agrotóxicos. Assim, um gene de peixe, por exemplo, pode ser introduzido na cadeia de DNA de um tomate para que este resista melhor a baixas temperaturas. Em todo o mundo já estão sendo comercializados alguns alimentos transgênicos, como soja, milho, tomate, beterraba, produtos lácteos e óleos, que contêm genes oriundos de porcos, peixes, insetos, vírus e bactérias.

Ainda existe muita controvérsia em torno da disseminação dos alimentos transgênicos. Os defensores da tecnologia argumentam que as modificações genéticas podem agregar maior valor nutritivo e até eliminar algumas características indesejáveis, como reduzir o colesterol do ovo, por exemplo. Outra vantagem seria gerar cultivos mais resistentes ao frio, à seca e ao ataque de pragas e doenças, tornando as lavouras mais produtivas. De outro lado, os que são contra a introdução dos transgênicos na alimentação argumentam que ainda há muito desconhecimento sobre os efeitos da manipulação genética e que esses alimentos podem representar um sério risco para a saúde das pessoas e para o meio ambiente. Enquanto cientistas ainda debatem sobre as vantagens e desvantagens da nova tecnologia, o governo e organismos de defesa do consumidor defendem a rotulagem de todos os alimentos que contenham algum ingrediente transgênico em sua composição, para facilitar a identificação desses produtos e garantir ao consumidor o poder de decidir se quer consumi-los ou não.

Erosão Genética

Assim como o solo sofre erosão com a chuva e o vento em conseqüência do manejo inadequado na agricultura e na pecuária e da retirada da cobertura vegetal que o protege, a manipulação genética de sementes e animais também causa perdas irreparáveis, pois provoca o desaparecimento de cultivares nativos, matrizes genéticas essenciais para a segurança alimentar, a sobrevivência e saúde da agricultura.

A agricultura comercial moderna é a principal responsável pela perda de diversidade genética. A introdução de novas variedades, com alto grau de uniformidade, teve como conseqüência a perda das variedades tradicionais que os agricultores cultivavam. Tais variedades, por sua uniformidade, são mais vulneráveis a pragas e doenças, pois sua base genética está reduzida e, com ela, sua capacidade de resistência ou imunidade.

É fundamental, antes de iniciar qualquer manipulação genética, garantir o estabelecimento de bancos de germoplasma, para proteger a biodiversidade, e proporcionar a possibilidade do resgate de culturas tradicionais, tal como foram possíveis a recuperação da variedade de milho e todas as manifestações culturais associadas a seu cultivo e colheita pelos índios Krahôs.

Para conservar os recursos fitogenéticos existem no mundo mais de mil bancos de genes, onde se conservam mais de seis milhões de amostras. Muitos desses bancos têm dificuldades para assegurar as condições necessárias para a conservação e manejo seguros dos genes no longo prazo. Por isso, os pequenos agricultores têm um papel importante na manutenção da diversidade biológica – por meio de sua prática cotidiana conservam matrizes genéticas pouco valorizadas pela atual indústria de alimentos, mas que poderão ser úteis para resgatar características e melhorar a qualidade dos alimentos no futuro.

Erosão dos solos

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), metade do corte de árvores em todo o mundo deve-se à necessidade de substituir a terra agrícola degradada por práticas não sustentáveis. As estimativas para a perda de solo fértil no Brasil vão de 822 milhões a um bilhão de toneladas por ano.

A erosão é o processo de perda de solo que pode ser causado pela água (tanto pelo impacto da chuva quanto do manejo da água de irrigação), vento ou por práticas agrícolas inadequadas associadas à mecanização. Nesse processo, as partículas que compõe o solo, principalmente na camada mais superficial, são levadas para outras áreas, causando o escoamento superficial desses solos, fendas ou rachaduras, e em alguns casos mais severos, crateras enormes (são as chamadas vossorocas). Essas partículas de solo, quando levadas pelas chuvas, podem chegar aos rios e outros corpos d´água, causando assoreamento. Além da perda de solos propriamente dita, os processos erosivos resultam na migração de matéria orgânica e de insumos químicos (agrotóxicos e fertilizantes químicos) para outras áreas.

A atividade humana acelera esse processo com o uso de técnicas de cultivo incompatíveis com as características ambientais do local onde são empregadas, como o pastoreio excessivo de animais, o corte de bosques ou a queima da vegetação. O domínio das monoculturas, típico da moderna agricultura, gera condições favoráveis à erosão, a medida em que tende a desprezar a vegetação nativa, que garante a firmeza do solo, e a estimular o plantio de espécies únicas em todos os espaços disponíveis de uma região. A região do território brasileiro ocupada pelo bioma Cerrado, por exemplo, que hoje representa a grande fronteira de expansão da agricultura empresarial no país, já perdeu 57% da sua vegetação original (estimada em 200 milhões de hectares). E o mais grave é que quase a totalidade dessa destruição ocorreu nos últimos 40 anos.

A degradação dos solos é um dos problemas ambientais mais sérios em todo o mundo. Assim, é fundamental o uso de práticas agrícolas adequadas, baseadas em técnicas de manejo correto do solo e que levem em consideração o agroecossistema como um todo, e não apenas o recurso natural solo.

Impactos da produção animal

O aumento do consumo de carne e seus derivados também é motivo de preocupação, pois a criação de animais constitui uma importante fonte de contaminação ambiental. A forma natural de criar animais é deixando-os pastar ao ar livre. Assim, seu excremento se integra ao circuito da natureza, devolvendo nutrientes ao solo. Mas quando são criados em confinamento, os excrementos gerados não retornam ao ciclo natural, como no caso da compostagem. O lançamento desses resíduos nos recursos hídricos tem gerado sérios problemas ambientais, como os já registrados no Estado de Santa Catarina. Nas grandes fazendas modernas, geralmente os animais são alimentados com forragem (soja, milho etc.).

A fim de prover esses estábulos com forragem, grandes superfícies de terra de boa qualidade são destinadas à produção de alimento para animais, em vez do cultivo de alimentos para seres humanos. Em todo o mundo, cerca de 16% da demanda de cereais e 20% dos alimentos feculentos se destinam a forragem para gado. Vários países pobres do nosso continente exportam forragem para países europeus para a produção de carne. Dessa forma, os países europeus exportadores de produtos agrícolas (carne, leite, queijo) não só exercem pressão sobre suas terras de cultivo, mas também sobre as terras dos países dos quais compram forragem.

O caso dos frangos apresenta um quadro similar. Os frangos produzidos de forma industrial são geralmente alimentados por rações a base de farinha de peixe e soja, o que implica usar como forragem um alimento rico em proteínas e outros nutrientes. Calcula-se que um terço do peixe pescado no mundo seja utilizado em ração para produzir carne de frango, de gado, de porco e ovos. Além disso, existem registros da presença na carne de resíduos de antibióticos, hormônios (usados para que o animal cresça melhor e mais rápido) e restos de agrotóxicos da forragem.

O consumo de carne difere muito entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento e, nestes últimos, entre um grupo social e outro. Assim, os grupos de maior consumo precisarão rever seus padrões de consumo desse alimento. Enquanto isso, pode-se esclarecer os consumidores quanto a sua importância na modificação dos padrões de produção.

 

Em busca de uma agricultura sustentável

 

Como vimos, não há como iniciar um processo de desenvolvimento do espaço rural com base nas premissas do desenvolvimento sustentável se persistirmos na adoção de práticas que desconsiderem as relações existentes entre os fatores ecológicos, sociais e econômicos.

Abandonar totalmente o uso de agroquímicos (agrotóxicos, fertilizantes, entre outros) e oferecer alimentos em quantidade à população é impossível de imediato. Primeiro porque, se realizada de imediato, possivelmente implicaria em perdas enormes de produtividade das lavouras e faria com que os preços dos alimentos aumentassem de forma excepcional. Isso levaria a uma insuficiência de suprimentos e a uma exclusão ainda maior das classes menos favorecidas, que não conseguiriam adquirir os alimentos.

A transição para uma agricultura sustentável deverá ser feita gradativamente, contando com a participação do consumidor, da pesquisa e de outros agentes do processo de construção de políticas sustentáveis ao sistema agrário. Para isso, é importante a definição e divulgação de conceitos que auxiliem no processo, resgatando valores e características culturais próprias e aumentando a geração de trabalho digno no campo. Os processos de educação ambiental e de fomento à agricultura familiar também devem ser priorizados. O primeiro, estendido aos programas de formação de profissionais de nível superior, não somente na carreira de agronomia, enquanto o segundo, direcionado como ação de governo orientada às necessidades de infra-estrutura, orientação técnica e apoio financeiro.

Agroecologia: o caminho para uma agricultura sustentável

A agroecologia é o modelo de agricultura que mais se aproxima do modelo sustentável de produção de alimentos. Cada vez mais difundida no Brasil, leva em conta um conjunto de fatores, como a preservação da biodiversidade, o equilíbrio do fluxo de nutrientes, a conservação da superfície do solo, a utilização eficiente da água e da luz e a manutenção de um nível alto de fitomassa total e residual na propriedade. Além disso, inclui os fatores sociais, como a geração de trabalho e renda, a promoção de educação, do aperfeiçoamento técnico e da qualidade de vida, além do estímulo ao associativismo e ao cooperativismo, de forma a reforçar o enraizamento das famílias rurais. Assim entendida, a mudança para um modelo de agricultura é muito mais que apenas inserir práticas de agricultura alternativa no sistema de produção, sejam elas relacionadas às agriculturas biodinâmicas, ecológicas ou orgânicas.

A agricultura orgânica, que não emprega insumos químicos, já é praticada comercialmente em muitos países. Do ponto de vista ambiental, é uma boa alternativa. Porém, os preços de alguns produtos ainda são mais elevados do que os dos alimentos convencionais. A razão é a demanda ser muito maior do que a oferta, e não porque o custo de produção seja maior. Isso faz com que o consumo de alimentos orgânicos seja ainda um privilégio das classes econômicas mais favorecidas.

Além de basear-se em experiências internacionais realizadas em ambientes tropicais, a agroecologia praticada no Brasil resgata o trabalho de antigos agrônomos brasileiros, que desenvolveram técnicas adaptadas aos trópicos antes do advento da Revolução Verde. Um dos nomes mais importantes é do Dr. Arthur Primavesi, agrônomo gaúcho, cujo trabalho foi continuado por sua esposa, também agrônoma, Dra. Ana Primavesi. Ela também inclui a introdução e adaptação no país de diferentes técnicas de agricultura ecológica que foram criadas em outras regiões, como a permacultura (Austrália) e a agricultura biodinâmica (Alemanha). É importante que o agricultor se informe sobre as diferentes técnicas utilizadas por cada produtor, avaliando seus benefícios ecológicos e sociais no contexto de cada região. E que saiba reconhecer o valor da produção orgânica e, mais ainda, das culturas que, além de orgânicas, fundamentem-se no conjunto de práticas sociais e ecológicas que possam ser qualificadas como sustentáveis.

As verduras e frutas cultivadas ecologicamente são geralmente mais saborosas e duráveis. Isso ocorre por acumularem menos água e mais substâncias de alto valor nutritivo, como proteínas, minerais e vitaminas. As verduras e frutas ecológicas crescem onde uma grande diversidade de organismos transforma a matéria orgânica em nutrientes para as plantas.

No Brasil, os alimentos produzidos ecologicamente podem receber um selo de identificação, emitido por organismos certificadores. Com o crescimento do mercado, vem surgindo a necessidade de se ampliar e aperfeiçoar o sistema de certificação, como forma de baratear custos e aumentar o controle de qualidade dos produtos. Para obter o selo de produtor ecológico, por vezes chamado simplesmente de orgânico, deve atender às normas de produção, tipificação, processamento, embalagem, distribuição, identificação e certificação de qualidade para produtos orgânicos de origem vegetal e animal ditadas pelo Ministério da Agricultura. Para a exportação dos produtos, além das normas nacionais, é preciso cumprir as exigências dos organismos internacionais. Em 2001, o Rio Grande do Sul foi o Estado com maior número de produtores orgânicos certificados, cerca de 4.370, seguido pelo Paraná, com 3.077 produtores. Os dois Estados concentram 60% dos produtores desse tipo de agricultura. Em 2002, estimava-se que a área com produção orgânica no Brasil estivesse próxima de 200 mil hectares. A Lei n.º 10.831, de 23/12/2003, dispõe sobre a agricultura orgânica, visando normatizar a produção de produtos de origem orgânica ou natural.

Agrobiodiversidade As populações tradicionais e locais, como os povos indígenas, remanescentes de quilombos, pescadores artesanais, agricultores familiares, caboclos ribeirinhos e sertanejos, entre outros, acumulam um importante saber tradicional sobre a produção de alimentos, formas de cultivo e criação mais adaptadas às condições ecológicas, e que não utilizam adubação química ou agrotóxicos. Detêm um conhecimento profundo sobre espécies e variedades vegetais crioulas e raças crioulas mais adaptadas à produção de alimentos e ao ambiente local. Esses conhecimentos devem ser resgatados e conservados para que se possa garantir a segurança alimentar das comunidades locais e regionais, pois são os pequenos produtores os principais responsáveis pela produção de alimentos para a população. A utilização de variedades e raças crioulas, associada ao uso sustentável de espécies silvestres de animais e vegetais para diversos fins, como medicinal, alimentação, condimentares, óleos, fibras, entre outros, recebe o nome de agrobiodiversidade.

Produção Integrada de Frutas – PIF Para aumentar a qualidade e a competitividade da fruticultura brasileira foi criada a Produção Integrada de Frutas–PIF (regulamentada pela Instrução Normativa MAPA/SARC nº 20 de 27 de setembro de 2001). A PIF é um sistema de produção de frutas de alta qualidade, economicamente viável, que respeita a natureza e a sociedade. Seu principal objetivo é garantir a qualidade das frutas que chegam ao consumidor, tanto no Brasil como no exterior. Baseia-se na organização da base produtiva, no uso de tecnologia adequada, que permite menor utilização de defensivos, e na rastreabilidade do processo produtivo para alcançar o desenvolvimento sustentável. Com a rastreabilidade, qualquer falha no processo, da produção à comercialização, pode ser identificada e corrigida. Mais informações sobre a PIF podem ser obtidas no site www.agricultura.gov.br.

Agricultura Orgânica Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e em que há respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo:

a. a sustentabilidade econômica e ecológica;

b. a maximização dos benefícios sociais;

c. a minimização da dependência de energia não-renovável;

d. empregar, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos;

e. a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização;

f. a proteção do meio ambiente.

Fonte: Lei n.º 10.831 de 23/12/2003 n.º 10.831 de 23/12/2003, dispõe sobre a agricultura orgânica

Iniciativas de apoio à produção de alimentos mais seguros

Além das técnicas já mencionadas ao longo desse capítulo, tais como a de elaboração dos programas de MIP, por exemplo, outras recomendações e iniciativas também devem ser consideradas.

Muitos consumidores, por exemplo, começaram a consumir verduras e outros produtos cultivados sem fertilizantes químicos nem agrotóxicos. Com isso, eles não apenas estão cuidando da própria saúde como também incentivando a produção sustentável de alimentos e a preservação do meio ambiente. Os consumidores, por meio de associações e cooperativas de consumo, podem ter um papel fundamental no estímulo à produção sustentável em nível regional, fortalecendo os produtores agroecológicos que vivem próximos ao mercado local de forma a reduzir a ação dos atravessadores e o desperdício de energia provocado pelo transporte de alimentos por grandes distâncias.

Sem negar a importância do comércio internacional de comida, que possui a sua função específica para o bem-estar da humanidade, é preciso garantir a segurança alimentar em escala local e regional, pois o direito ao alimento básico não deve ser colocado em risco ao sabor dos conflitos e crises internacionais.

O alto consumo de carne não é sustentável no longo prazo:

• para obter 1 quilo de carne de gado se requer entre 6 e 9 quilos de proteína de forragem.

• para obter 1 quilo de carne de frango se necessita de 3 a 5 quilos de proteína e forragem.

Agricultura familiar

A escala de produção da agricultura familiar favorece a implantação de sistemas agroecológicos. Como a administração e o manejo da propriedade estão a cargo do proprietário, se ele for orientado e apoiado pela política de governo de forma correta, os sistemas agroecológicos terão grande êxito, aumentando a geração de empregos, a fixação do homem no campo, e promovendo a melhoria da renda dos pequenos produtores, aumento do número de propriedades com diversificação de cultivos, entre outros benefícios.

Uma das principais causas da fome e da má alimentação é a falta de emprego. O Brasil conta com aproximadamente 6,5 milhões de estabelecimentos rurais familiares (que ocupam 25% da área cultivada) e 500 mil estabelecimentos rurais patronais. Os estabelecimentos familiares superam as propriedades patronais na oferta de 15 produtos: carnes (suína e de aves), ovos, leite, banana, tomate, feijão, algodão, mandioca, batata, trigo, cacau, café, milho e laranja. A agricultura familiar só não atinge as mesmas condições de oferta para o abastecimento de carne bovina, cana-de-açúcar, arroz e soja. Assim, o fomento da agricultura familiar mostra-se uma das iniciativas que devem ser priorizadas pelo governo para a transição para sistemas sustentáveis.

Boa alimentação é sinônimo de saúde

O estilo de vida atual caracteriza-se por um padrão alimentar rico em alimentos industrializados, com excesso de gordura, sal e açúcar e pelo sedentarismo. Atualmente, as principais causas de doenças e mortes estão relacionadas às doenças crônicas não transmissíveis como obesidade, hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, dislipidemias e até alguns tipos de câncer. Para incentivar e valorizar a produção e o consumo de alimentos saudáveis como verduras, legumes e frutas, culturalmente referenciados e produzidos em nível local, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) articula a Iniciativa Nacional de Incentivo ao Consumo de Verduras, legumes e frutas. As políticas direcionadas à promoção da alimentação saudável devem contemplar as duas faces da insegurança alimentar e nutricional: a desnutrição e a obesidade, além de estimular o desenvolvimento sustentável e a geração de renda para pequenos produtores e agricultores familiares.

Recomendações da Agenda 21

• Adotar práticas de manejo de solo que satisfaçam aos três princípios básicos de controle de erosão: evitar o impacto das gotas de chuva, dificultar o escoamento superficial e facilitar a infiltração de água no solo;

• Instituir mecanismos políticos, legais, educacionais e científicos que assegurem programas de monitoramento e controle de resíduos de agrotóxicos nos alimentos, inclusive importados, e no meio ambiente;

• Identificar e sistematizar um conjunto de pesquisas necessárias à transição para a agricultura sustentável, contemplando aspectos relacionados ao manejo sustentável dos sistemas produtivos, entre os quais se inclui a redução do uso de agrotóxicos e de outros poluentes;

• Estimular a capacitação dos profissionais de saúde que atuam na rede pública para a realização de pesquisas regionais que levem a um adequado balanceamento da dieta da população rural, como forma de suprimir a desnutrição.

Fonte: Ehlers, E. Agricultura sustentável – origens e perspectivas de um novo paradigma. Guaíba: agropecuária, 199. 157p.

Sistema de plantio direto

O sistema de plantio direto é uma forma de manejo que conserva o solo e o equilíbrio da paisagem, ao mesmo tempo em que garante o aumento da produtividade. Ele está fundamentado na ausência do revolvimento do solo, em sua cobertura permanente com matéria orgânica e na rotação de culturas. Com o sistema de plantio direto e a conseqüente redução das práticas mecanizadas sobre o solo, são economizados anualmente no Brasil mais de 20 milhões de barris de óleo diesel. O sistema também evita a perda anual de quase 100 milhões de toneladas de solo por erosão. Mas é fundamental que o sistema seja implantado de forma correta. Se incorporado de forma isolada, pode levar à formação de canais preferenciais no solo, que facilitam o escoamento de adubos químicos e agrotóxicos para o lençol freático.

O que você pode fazer

Como produtor:

 

• Adotar e apoiar práticas de cultivo que minimizem o uso de insumos químicos;

• Usar as partes não aproveitadas das plantas como adubo orgânico;

• Consorciar a criação de animais e o cultivo de plantas, utilizando o excremento dos primeiros na compostagem;

• Fazer igualmente a compostagem a partir de resíduos agrícolas e domiciliares, para que sejam aproveitados como fertilizante;

• Aplicar sistema de rotação dos cultivos, a fim de não empobrecer a terra e aumentar a incidência de pragas e doenças;

• Diversificar o sistema produtivo, introduzindo espécies consorciáveis a partir de princípios de alelopatia (estudo que estabelece que plantas se adaptam à presença de outras);

• Preservar a biodiversidade, as fontes de água, as áreas de preservação permanentes e reservas legais da propriedade;

• Associar o cultivo de árvores e alimentos;

• Contribuir com a geração de empregos, renda e educação para a população rural, especialmente os mais jovens;

• Estimular o associativismo e o cooperativismo, de maneira a facilitar a conversão coletiva dos produtores de uma região para a agricultura sustentável.

 

Como consumidor:

 

• Informar-se sobre a importância da agricultura sustentável e seus benefícios para a produção de alimentos, inclusive em relação à saúde dos indivíduos e ambientes;

• Apoiar propostas de produção regional, especialmente a familiar e associada, com o objetivo de fortalecer a segurança alimentar local e reduzir o desperdício de energia no transporte;

• Exigir que os produtores respeitem as leis ambientais, assim como a legislação trabalhista, e que utilizem métodos menos impactantes ao meio ambiente, adquirindo produtos elaborados com esse diferencial;

• Demandar que os vendedores de alimentos estimulem a produção ecológica, inclusive solicitando a certificação dos produtores por um organismo independente, para que se possa ter certeza de que os mesmos cumprem todas as exigências ambientais;

• Organizar-se em cooperativas de consumo que estimulem a produção sustentável local e regional.

 

Conheça os fatos:

 

> Agrotóxicos o Perigo para a saúde

> Carne bovina afeta fertilidade masculina.

> Água tratada contém restos de café e de remédios, alertam cientistas.

> Vegetais brasileiros são reprovados no teste do agrotóxico, diz Anvisa.

> Tomate, morango e alface são produtos com mais resíduos de agrotóxico.

> Uso de fertilizantes dobrou entre 1992 e 2006, diz IBGE.

> Produtores estão usando agrotóxicos irregulares em 61 culturas...

> Oceanos estão mais ácidos do que se pensava.

> Nascente de Rio corre risco de contaminação por agrotóxicos.

> Excesso de agrotóxicos ameaça saúde do consumidor.

> Contaminação do ar - 500 mil morrem ao ano por contaminação do ar.

 


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