Numa sondagem realizada na Primavera de 2006, 47% dos cidadãos da União Europeia (70% em França e na Grécia) consideravam a globalização uma ameaça, contra 37%, que a viam como uma oportunidade. As razões para este descontentamento são conhecidas: o aumento da concorrência internacional e a entrada em cena de milhões de novos trabalhadores muito baratos têm tido um impacto negativo nos empregos, salários, direitos laborais e regalias sociais nos países desenvolvidos, gerando um sentimento de insegurança entre os trabalhadores e alargando o fosso entre ricos e pobres.

Os principais partidos políticos dos países desenvolvidos reconhecem estes custos, mas a sua estratégia continua a assentar sobretudo na persuasão, constata Jeffry Frieden no seu estudo Will Global Capitalism Fall Again. Os governos procuram convencer os cidadãos e eleitores de que os custos que se sentem na pele são passageiros e que a longo prazo vão beneficiar com a globalização; ou então que não há outro caminho alternativo. Embora reconheça a validade destes argumentos, o professor da Universidade de Harvard considera-os "inúteis" face ao problema existente.



Por todo o lado, diz, surgem sinais de impaciência dos cidadãos, que assumem diversas formas: aversão a reformas económicas, sentimento anti-imigração e, no caso europeu, hostilidade face à UE. E lembra que foi precisamente por aqui que ruiu em 1914 a primeira era da globalização e que foi este descontentamento e oposição social que impediram que, até ao final da II Guerra Mundial, a economia mundial voltasse a ser uma realidade depois de 1914. Por isso, não há tempo a perder e é preciso que os governos tomem medidas para que os os benefícios da globalização sejam distribuídos da melhor forma possível.

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