Artigo N.º 11462 - Por que dialogar com os "não crentes" é ”necessário e precioso”?
O padre Laurent Mazas é diretor-executivo do Átrio dos gentios (Pontifício Conselho para a Cultura). “A fé é um dom de Deus e, quando um crente descobre uma verdade maior do que o seu coração, a pessoa de Cristo, ele deseja compreendê-la. Para aqueles que não têm a graça de ter fé, esta pode despertar curiosidade ou desejo. Há, portanto, matéria para um diálogo honesto, que pode levar o não crente a compreender o que fundamenta a vida de uma parte da humanidade e a possibilidade da presença de Deus”.
“Esse diálogo – continua Mazas – não é um fim em si mesmo. O seu objetivo é a busca da verdade. Entrar em um diálogo deixando-se interrogar é um enriquecimento para o crente, porque o obriga à coerência, a se ligar à realidade, a saber prestar contas, como diz São Pedro, da esperança que o habita. É uma longa prática do cristianismo. Santo Agostinho, em seu tempo, dialogava com os filósofos, e os teólogos se confrontaram com outros pensadores”.
Para Mazas, a carta do Papa Francisco, “que é uma carta pessoal e não uma tribuna de imprensa, não é surpreendente, já que, para quem o conhece, ela faz parte do seu estilo. Ela confirma o seu convite, dirigido à Igreja, depois da estreia do seu pontificado, de sair para ‘as periferias da existência humana’, isto é, não ficar entre paroquianos, mas sair para as praças, para ir ao encontro dos não crentes”.
Segundo Mazas, “o papa se inscreve na continuidade de Bento XVI e da experiência do Átrio dos Gentios. Depois de Paris, outros ‘Átrios’ estão previstos para os próximos meses em Varsóvia, Berlim, Praga e Washington”.
Como jesuíta, afirma Mazas, “o Papa Francisco é apaixonado por esse debate com o pensamento contemporâneo. Ele está acostumado com isso. Pensemos na sua conversa, há alguns anos, com Jorge Luis Borges [poeta argentino ateu]. O diálogo com Eugenio Scalfari continuará, no dia 25 de setembro, em Roma, com o cardeal Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura.
Sébastien Maillard, publicada no jornal La Croix