
Postado em: 14/01/13 às 08:36:12 por: James
Categoria: Livro Aberto
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Continuação
Santa Ana e São Joaquim
Vejo o interior de uma casa. Nela esta sentada, junto a um tear, uma mulher de idade. Diria, ao vê-la como os cabelos antes pretos, agora grisalhos, e no rosto não enrugado, mas já cheio daquela seriedade que vem com os anos, que ela possa ter entre cinqüenta e cinqüenta e cinco anos. Não mais.
Ao indicar estas idades femininas me baseio no rosto de minha mãe, cuja imagem tenho mais que nunca presente nestes dias que me lembram os seus últimos dias junto ao meu leito [...].
Esta que vejo tecer, em uma sala toda clara de luz, que penetra da porta escancarada sobre um grande pomar- diria, um sitiozinho, porque se estende num sobe e desce, até uma encosta verde- é bonita em seus traços decididamente hebreus. Olhos negros e profundos que, não sei porque, me lembram os de João Batista. Mas este olhar sendo altivo como de uma rainha, é doce também. Como se sobre o seu coruscar semelhante ao de uma águia fosse estendido um tênue véu azul. Doce e apenas um pouco triste, como de quem pensa, e lamenta, as coisas perdidas. A tez é morena, mas não excessivamente. A boca, levemente grande, é bem desenhada, e está parada num gesto austero que porém não é duro. O nariz aquilino que fica bem com aqueles olhos. É robusta, mas não gorda. Bem proporcionada e creio que alta, a julgar de como aparece sentada [...].
Entra do pomar um homem ancião, um pouco mais baixo que Ana, com uma cabeça de cabelos espessos todos brancos. Um rosto claro, de barba aparada, com dois olhos azuis como turquesas entre cílios de um castanho claro quase loiro. Está vestido de marrom escuro.
Jesus diz:
“Os justos são sempre sábios porque, sendo amigos de Deus, vivem em sua companhia e são instruídos por Ele, que é Infinita Sabedoria.
Os meus avós eram justos e por isto tinham a sabedoria. Podiam dizer com verdade quanto diz o Livro, cantando os louvores da sabedoria, no livro: “Eu amei e a procurei desde a juventude e procurei torná-la minha esposa”.
Ana de Arão era a mulher forte de quem fala o nosso Avô. E Joaquim da estirpe do rei Davi, não tinha procurado tanto a formosura ou riqueza, quanto a virtude. Ana possuía uma grande virtude. Todas as virtudes reunidas num maço perfumado de flores, para tornar-se uma única lindíssima coisa, a Virtude. Uma virtude real, digna de estar perante o trono de Deus.
Joaquim tinha portanto desposado duas vezes a sabedoria “amando-a mais que qualquer outra mulher”: a sabedoria de Deus encerrada no coração da mulher justa. Ana de Arão não procurara outra coisa senão unir a sua vida à de um homem reto, certa de que na retidão esta a alegria das famílias. Sendo a insígnia da “mulher forte” não lhe faltava nada a não ser a coroa dos filhos, glória da mulher casada, justificação do casamento, do qual fala Salomão. À sua felicidade não lhe faltavam senão os filhos, flores da arvore que se une à arvore vizinha obtendo assim a abundancia de novos frutos, na qual duas bondades se fundem em uma, pois, também do lado do esposo, nunca lhe viera nenhuma desilusão.
Ela agora a caminho da velhice, há decênios mulher de Joaquim, era sempre para ele “a esposa da sua juventude, a sua alegria, a cerva tão querida, a graciosa gazela”, cujas caricias tinham sempre o fresco encanto da primeira noite de núpcias e fascinavam docemente o seu amor, mantendo-o fresco como uma flor que o orvalho umedece e ardente como fogo constantemente alimentado. Por isto, em suas aflições por não terem filhos, um dizia ao outro “palavras de consolo em pensamento e em cuidados”.
Quando chegou a hora, a Sabedoria eterna, depois de tê-los instruído na vida, os iluminou com os sonhos da noite, alvorada do poema de glória que devia provir deles, Maria Santíssima, a minha mãe. Se na sua humildade não pensaram nisto, seus corações porem tremeram de esperança, ao primeiro sinal evidente da promessa de Deus. Nas palavras de Joaquim já havia certeza: “Espera, espera... convenceremos Deus com nosso amor fiel”. Sonhavam com um filho: tiveram a Mãe de Deus.
As palavras do livro da Sabedoria parecem escritas para eles: “Por ela alcançarei glória perante o povo... por ela alcançarei imortalidade e deixarei memória eterna àqueles que depois de mim virão”. Mas, para conseguir tudo isto, tiveram de fazer-se discípulos de uma virtude veraz e duradoura, imune a qualquer acontecimento. Virtude de fé. Virtude de caridade. Virtude de esperança. Virtude de castidade. A castidade dos esposos! Eles possuíram; porque não é preciso ser virgem para ser casto. E os leitos conjugais castos tem a proteção dos Anjos recebendo filhos bons, que fazem da virtude dos pais a norma de suas vidas.
Mas agora onde estão estes filhos? Hoje não se quer mais filhos e não se quer tampouco a castidade. Por isso eu digo que o amor e o leito conjugal estão profanados.
(Excertos do Primeiro Livro: O Evangelho como me foi revelado, onde Nosso Senhor e Maria Santíssima revelam Suas Vidas a Grande Mística Maria Valtorta, das paginas 12, 13, 14, 20 e 21.)
Continua...








