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Artigo N.º 9254 - Eterno Natal
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Postado em: 23/12/11 às 08:51:13 por: James
Categoria: Marisa Bueloni
Link: http://www.espacojames.com.br/?cat=123&id=9254
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Marisa Bueloni


Houve uma vez um Natal e ele era um sonho. Todos os sonhos de Natal estavam dentro de mim e eu estava dentro deles, numa espécie de osmose cataclísmica, que revolucionou os elementos à minha volta e me levou ao êxtase sublime.

Nada aconteceu. E foi uma vertigem de nadas. Contudo, era um Natal que eu esperara com todas as minhas forças e ele não veio. A data chegou, mas o Natal não. Eu procurei pelos quartos da casa e não havia mais Natal. Ainda que o cheiro dos frutos e guloseimas natalinos ardesse nas minhas narinas, não havia mais Natal.

Sei que era puro sonho o Natal que eu procurava. Eu ainda morava no campo e, nas vésperas, fui de carro até a cidade fazer umas comprinhas de praxe. Trafegando pela estradinha de terra, vi uma luz. “É meu Anjo!” – pensei. Não sei o que era. Ele não se manifestou e não ousei interrogá-lo. Às vezes, pergunto, falando sozinha: “É você?” – e desta vez nem isso falei.

A luz me seguiu por um bom tempo. Aliás, eu a segui, porque ela ia à minha frente. Por um momento, senti a presença de uma pessoa ao meu lado, mas não posso garantir nada. Era Natal, havia uma luz que me guiava e não era a estrela de Belém.

Não senti medo, nem fascínio. Mas agradeci ao Pai que algo tão sublime me fosse dado como um presente divino. Em plena tarde, a caminho da cidade, uma luz apontava para um Natal que não me preenchia. É duro buscar Natal onde Natal não há.

Então, perguntei à luz que me assombrava: “Natal, onde estás?”. E a resposta foi aquele vento quente do calor dezembrino, aquela brisa abrasadora das praias do verão brasileiro, da cerveja e do corpo molhado, com gosto de sal...

Fui me perdendo entre as recordações de Natal e Réveillon passados no litoral, sentindo na pele este calor com sabor de panetone, champanhe e saudade. Mas o Natal que agora crescia dentro de mim possuía uma outra forma e era este que eu queria encontrar.

Não mais o Natal das ceias e comidas fabulosas, das tortas de nozes e demais sobremesas fantásticas. Não. Eu queria um Natal que me trouxesse a manjedoura de palhas, o Menino envolto em panos, Jesus, Maria e José. Eu queria os pastores e as ovelhinhas. Eu queria a noite fria no estábulo, a estrela de Belém encimando a cena tão doce. Eu queria esta doçura que se perdeu, ao longo do tempo... Eu queria o próprio tempo.

Ah, eterno Natal!... Ali na estradinha de terra, parei o carro. Debrucei-me sobre o volante e chorei. Chorei. Chorei. Chorei com todas as forças da minha alma. Chorei um pranto que fez meu Anjo sentir pena de mim. Ele se aproximou, passou as mãos nos meus cabelos, e perguntou:

- O que foi, Marisa?

- Você sabe... – eu respondi.

Ele se afastou. E sumiu. Não vi mais a luz. Ele foi tão delicado, quis me deixar a sós com o momento de convulsão natalina, chorando de ensopar o assento do motorista. Ah, meu eterno Natal de presepinho tosco, a caminha de palha, os reis magos chegando com os presentes nas mãos. E a magia do sonho!

Então, naquele momento, as lágrimas me trouxeram o Natal que eu buscava. Meu pranto se transformou em fé. A estradinha de terra era o caminho até Belém, e o gramado cultivado da cana uma planície onde deitar a alma para repousar em verdes pastagens, como no Salmo 23.

Eterno Natal, não se perca mais de mim! Volte sempre, por favor. Seja para mim esta data em que me recolho para pensar em Deus e naqueles a quem amo de todo o meu coração. Quero um Natal de paz, de amor, de bondade. Quero lhe dizer: eu amo você. Conheço alguns de vocês, mas não sei muito bem quem você é, não sei como vive, o que pensa da vida e do Natal. Mas eu quero dizer que amo você, meu leitor, e não quero amá-lo só porque é Natal.

Quero amá-lo, porque este Natal agora é eterno dentro de mim. Eu o encontrei e não vou perdê-lo jamais! Feliz Natal!

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Marisa Bueloni mora em Piracicaba, é formada em Pedagogia e Orientação Educacional. É membro da Academia Piracicabana de Letras
marisabueloni@ig.com.br



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