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Artigo N.º 7153 - Se Deus quiser...
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Visto: 3680
Postado em: 22/01/11 às 22:22:17 por: James
Categoria: Marisa Bueloni
Link: http://www.espacojames.com.br/?cat=123&id=7153
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(Marisa Bueloni)


Se o Senhor me permitir, penso realizar umas poucas coisas este ano. Tenho até vergonha de contar. Seria de bom alvitre ficar de boca fechada, para não entrar mosquito. A esta altura da vida, um pouco de mistério não faz mal a ninguém. Mas quem resiste?

Se o Senhor me permitir, pretendo sonhar um pouco mais que o permitido. E ir sem ter ido. Talvez, dar aquela volta tão sonhada num quarteirão, para ver se em alguma casa ainda há um jardim com roseiras. Tenho de fazer isso na cidade. Aqui no condomínio onde resido, os lotes são imensos e os quarteirões gigantescos. São quadras grandes e arborizadas, tem até árvores frutíferas pelas ruas. É só parar e colher. Puro sonho. Vou até a esquina da minha casa e volto. E então me dou conta de que andei léguas sem fim. Ando dentro de mim.

Se o Senhor me permitir, preciso fazer uma boa confissão. Sempre é bom. O estado de graça cura. Lavar bem a alma. Conversar com um padre santo, destes que ainda sabem o que é pecado. Padre Donizette de Tambaú - alguém se lembra dele?

Se o Senhor me permitir, quero tocar aquela estrela. Aquela imensa que surge nos céus invernais. Já guiou marinheiros perdidos no tempo das velas. Eu não estou perdida. Mas preciso me achar.

Se o Senhor me permitir, quero fazer alguma coisa com o velho veleiro navegando em meu pobre peito, nas planícies marinhas desta viagem. Minha alma nômade não se cansa de viajar. A janela dos olhos se extasia e o coração se perde no horizonte que nunca chega.

Se o Senhor me permitir, juro passar mais tempo em silêncio. Chega de falar. Já falei muito. Quero praticar a arte de silenciar. Falar é bom quando se tem um assunto importante. O silêncio possui o peso das conquistas interiores. Elas sabem quanto valemos. Ó paz, ó quietudes, ó calmarias. Estou à vossa disposição.

Se o Senhor me permitir, pretendo enviar aos meus amados um e-mail incendiário, ilustrado por um ursinho saltitante. Pula, bichinho virtual. Tudo podes no desenho animado da esperança. Enquanto o panda pequenino salta e dança, escrevo palavras de fé e termino com um caloroso abraço. Que tal?

Se o Senhor me permitir, gostaria de comprar uma casinha da qual gostei muito e que fica num condomínio de 33 casas, na cidade. Fui lá três vezes. Há um clima de conto de fadas no ar. Tudo muito gracioso e gentil. À noite, antes de dormir, rezando, penso na casa. Ando dentro dela, almoço na cozinha, rego as plantas do jardinzinho ao lado da garagem – tudo na imaginação. Não existe nada melhor que sonhar.

Se o Senhor me permitir, planejo ter vida longa. É que a alegria do coração é a longevidade do homem. E eu, apesar das minhas lutas e dores, sou muito alegre. Não permita, ó Deus, que a tristeza chegue sem que eu saiba.

Se o Senhor me permitir, ousaria ver muita coisa ainda. Por favor, não diga o contrário. Diga que é possível ver o invisível, como, por exemplo, o nosso anjo da guarda.

Se o Senhor me permitir, pretendo chorar. Depois rir. Já viu como o riso é benfazejo, depois do pranto? A gente ri com a alma. Que eu chore num dia e ria no outro, porque assim é a vida e isso não posso mudar.

Se o Senhor me permitir, anseio melhorar da coluna e dançar uma música lenta com alguém que me convide para uma dança inesquecível. “Vamos dançar, Marisa?” – ó céus, de onde virá o pedido fatal? Tem de ser um clássico de Ray Conniff, por favor.

Se o Senhor me permitir, que tudo se esclareça de uma vez por todas. Sabe aquelas questões sempre pendentes dentro de nós? É muito ruim quando ficam no ar e no “chove- não-molha”, como diria meu pai. Não ata nem desata. Nada como a luz para dissipar as trevas.

Se o Senhor me permitir, desta vez pego carona no primeiro vislumbre da beleza. Sinto muito, eu vou. Num susto. Numa subida vertiginosa e alucinante, sem dar tempo de pensar. Uma elevação destas em que você não sabe por que subiu tão alto e por que a Terra brilha lá embaixo. Seguro firme nas rédeas entrelaçadas de rosas e vou ver de perto o pote de ouro na nascente do arco-íris.

Se Deus me permitir, quero olhar nos teus olhos, meu anjo. E poder dizer aquelas palavras que queimam em minha alma desde que nasci. Num desatino, cometer um verso que é pura perplexidade. Um anacoluto cortante e desesperado, de desfecho mortal.

Se o Senhor me permitir, poderei ter o entendimento completo de que não se pode mais esperar. O prazo acabou. Não há mais tempo – diz o tempo. Basta um olhar sobre a cidade, sobre o campo, sobre a natureza em fúria. Não dá mais tempo de protelar. Sabe, meu anjo, é falar ou falar. Se você está apaixonado, chegue até o outro e declare seu amor. Pelo amor de Deus, não há mais tempo.

Se o Senhor me permitir, gostaria de desvendar o mistério. Que face ele tem. É agora ou nunca. Ou vai ou racha, como se diz aqui em Pira. Ó, que fascínio, que estupendo entender coisas como nascimento, vida, paixão. E não desistir nunca, caso não venha a entender absolutamente nada.



Marisa Bueloni mora em Piracicaba, é formada em Pedagogia e Orientação Educacional – marisabueloni@ig.com.br



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