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Artigo N.º 4769 - Eu gosto de você
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Visto: 3494
Postado em: 31/03/10 às 16:01:50 por: James
Categoria: Marisa Bueloni
Link: http://www.espacojames.com.br/?cat=123&id=4769
Marcado como: Artigo Simples
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Marisa Bueloni

O que é que você prefere encontrar aqui? Barack Obama, o vírus H1N1, a nossa eterna "crise política", as propriedades curativas da saliva do carrapato, ou uma crônica onde declaro meu amor por você?

Eu gosto de você. Porque você existe, está aí do outro lado e me lê. Ma-ra-vi-lha!  E ainda posta uma mensagem para mim. Quando escrevo, quero tão somente encantar o seu coração. Quando escrevo, penso em você, leitor. Não fique triste, leitora: convencionou-se  adotar o gênero masculino, para designar ambos os sexos. Você dirá que é um machismo jornalístico-literário? Concordo. E vamos pra briga.
 
Eu gosto das pessoas e não tenho medo de declarar meu amor por elas. De falar do meu amor para elas. Tipo assim: “Eu tenho tanto pra lhe falar/ mas com palavras não sei dizer/ como é grande o meu amor por você...”.  Todo mundo sabe a música de cor, todo brasileiro conhece esta canção maravilhosa. Sou apaixonada pelo rei Roberto e, se um dia estiver frente a frente com ele, digo sem hesitar: “Eu gosto de você, bicho”.
 
Quase não dizemos ao outro “eu gosto de você”, reparou? Vamos declarar nosso amor quando? À beira do caixão? Uma vez, num velório, vi uma cena tocante. O sogro passava a mão nos cabelos do genro morto e conversava com ele. Não parava de falar. “Eu  deixei de fazer alguma coisa  por você, hein?”. E o morto, ali, mortinho, sem poder responder. Alguém ia lá, tirava o sogro de perto do caixão, mas logo ele voltava. “Diga, o que foi que aconteceu? Eu posso fazer alguma coisa?” - e passava suavemente a mão na testa do morto. Era de cortar o coração. Presenciei isso e jamais me esqueci. Nunca soube o que possa ter havido entre os dois, mas, provavelmente, faltou um pedido de perdão, talvez alguma pendência bem dura, destas que, às vezes, nos mata de dor e arrependimento...
 
No dia dos pais, um amigo querido me escreveu este e-mail:“Quando meu pai morreu chorei uma semana. Com certeza, foi por arrependimento por não ter ficado mais tempo com ele, conversado mais com ele, abraçado-o mais, por não não ter tido a sensibilidade de lhe dar uma furadeira elétrica que tanto iria gostar. Vivia consertando coisas, e usava aquele velho arco de pua, com broca ruim, encostado no peito para fazer força. Por que não lhe dei uma serra elétrica manual, em vez daquele serrote enorme, que ele vivia afiando. Que m...! Um abraço".
 
Eu gosto de você, meu amigo, por este e-mail tardio para o seu pai. Eu gosto de você. Diga para alguém que você admira, mesmo que o outro fique com cara de “sinhá Mariquinha, cadê o padre?”. Sim, porque isso assusta. Além de dizermos pouco que gostamos, quase não abraçamos as pessoas. Reparou? Tem pai que não consegue abraçar o filho e vice-versa. Irmão passa longe de irmão. Membros da mesma família que jamais trocaram um único abraço.
 
Tem gente engessada,  paralisada, que não expressa sentimentos. Já ouviu falar da "couraça muscular do caráter"?  É quando o corpo assume a rigidez da personalidade, os mistérios da vida afetiva, e cria pontos de tensão, quase visíveis para os discípulos da linha reichiana. É preciso massagear e desfazer os nós desta dureza, para que a energia vital volte a circular. Pode-se começar por um abraço. O toque é mágico, é maravilhoso. O toque é divino. Tocar alguém com amor cria faíscas de luz num campo invisível e tudo pode acontecer ali. Tocar o outro abala os desertos, move os oceanos, muda o curso da história. Impor as mãos com fé sobre um doente pode curá-lo. Há pessoas ungidas que fazem isso e têm o dom da cura.
 
Quando uma pessoa da minha família começou a quimioterapia, pratiquei com ela alguns exercícios espirituais de fortalecimento interior. No final, ela teria de olhar para mim e dizer: “Eu gosto de você”. Terminada nossa primeira sessão, ela me abraçou chorando e disse: “Não... eu não gosto... eu adoro você!”. E nos abraçamos longamente. Esta pessoa está curada. Será que aprender a expressar os sentimentos ajuda no processo de cura? Com a palavra, os terapeutas.
 
Eu sei dizer “eu gosto de você”. Ah, sim, eu digo. Derreto-me pelos meus amados e pelas pessoas que estimo. Não tenho vergonha. Eu digo: "Você é uma pessoa admirável". Digo às minhas duas filhas: “Vocês são muito inteligentes, amo vocês, me dão orgulho”.  Escrevo para alguém especial: “Você é um doce de coco, cara”. Ou então: “Você é uma flor de maracujá, linda”. E também: “Você é um pote de mel, fofa” A vida precisa deste carinho, desta gentileza. Precisa de atitudes amorosas e delicadas, para amenizar a dor geral, a aspereza das coisas, a aridez destes dias trágicos, as decepções do nosso coração...
 
Eu gosto de você. Diga isso a quem merece ouvir. Vá treinando. Mãe, eu amo você, sua comida é uma delícia!  Você é uma filha muito talentosa e está se saindo muito bem no lugar do seu pai. Gosto de você, minha irmã querida, obrigada pela chave da sua casa na cidade, para eu ficar lá quando precisar. Eu gosto de você, cunhado, por sua grande alma. Gosto de você, tio, você me ajudou muito. Eu gosto de você. Diga também para os seus amados, olhando nos olhos. Abrace-os, oh, abrace-os muito forte e apertado. Não espere pelo Natal. Ou pelo aniversário. Abrace em qualquer época do ano.
 
Eu gosto de você - veja, é tão simples. Não arranca pedaço de ninguém. É uma doçura ouvir. É uma bênção dizer. É uma carícia de que nossas almas necessitam o tempo todo. Uma vez, vi na tevê uma cena no fundo do mar. Um mergulhador fazia carinho num tubarão e o bicho como que se mostrava dengoso para ele.  Dava uma volta e retornava, parava a cabeça perto do homem, esperando ser acariciado. Ora, se um tubarão gosta de carinho, imagine um ser humano.
 
Eu já vou terminar esta crônica, meu fofo, minha fofa. Mas não sem antes dizer que eu gosto muito, muito, muito de você.
 



Marisa Bueloni é formada em Pedagogia e Orientação Educacional-
marisabueloni@ig.com.br




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