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Artigo N.º 3520 - A coragem do espírito
Artigo visto 3503




Visto: 3503
Postado em: 01/11/09 às 08:21:35 por: James
Categoria: Marisa Bueloni
Link: http://www.espacojames.com.br/?cat=123&id=3520
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Por: Marisa Bueloni

É com um misto de fé e esperança que muitos de nós passamos a enfrentar a vida, a partir de uma determinada idade. A idade cronológica é algo a ser considerado, sobretudo nos tempos atuais, em que se prega o culto à boa forma física, à qualidade de vida, com pilhas de teorias acerca do que faz bem ou mal à saúde.

     As descobertas e pesquisas nesta área, freqüentemente publicadas, podem mais confundir do que elucidar. Ora o café é benéfico, ora é um veneno. Chocolate é bem-vindo; depois não é mais. Vinho tinto moderado faz bem e, no capítulo seguinte, já não faz. O que está sempre em alta são os exercícios físicos regulares, as caminhadas e a boa alimentação, junto da sábia decisão de parar de fumar. Se possível, diminuir o consumo de carne vermelha, frituras, gorduras, e todo aquele apetitoso menu que engorda, entope veias coronarianas, e é um perigo silencioso que acaba matando. 

     Como ninguém quer morrer, todo mundo se cuida. Entram no cardápio de muita gente as frutas, legumes, verduras, carnes magras, grãos, fibras, e todo o arsenal da boa saúde. A preocupação vai além destes cuidados e sobe para o patamar da vaidade. Busca-se também combater o envelhecimento, a decrepitude natural do corpo e da mente ao longo dos anos. 

     O corpo envelhece, o espírito não, dizem os mais otimistas. Pode ser verdade. Contudo, dê ao corpo algumas situações extremamente dolorosas e veja se o espírito também não se abate e não se enfraquece. Somente quando o corpo melhora é que o ânimo é recobrado, sobretudo por quem sofreu longa convalescença. 

     Um quarto de hospital, a cama, o suporte para o soro, a veia “difícil de pegar”, três ou quatro tentativas num mesmo braço e nas costas das mãos; as medicações em horários sempre muito rigorosos, a valorosa equipe de enfermagem que se reveza em turnos e nos acompanha como alvos anjos à nossa volta; a visita diária do cirurgião, as visitas dos nossos amados, a vasta noite insone e a espera pelo amanhecer que nunca chega, compõem algumas das cenas belas ou insólitas de quem ocupa um leito de hospital. 

     Posso confessar que, nos últimos anos, tenho ocupado alguns destes leitos com certa regularidade e usufruído esta bênção que é a casa de saúde, onde os doentes do corpo buscam alívio para seus males e suas dores. Foi ali, num leito de hospital, recuperando-me da terceira cirurgia na coluna,  entre a felicidade mais legítima e a mais triste e mortal das agonias, que minha alma foi testada em sua resistência. 

     Mas Deus está presente em toda lágrima e nos abraça, solidário. A mão carinhosa do Pai nos sustenta e recolhe o pranto sofrido, pois, de outra modo, não encontraríamos forças. Aquele que nos criou conhece a firmeza de cada fibra do nosso corpo, a natureza de cada célula; sobretudo, conhece a coragem do nosso espírito. 

Por vezes, durante a convalescença, nosso rosto no espelho parece-nos tão estranho e sofrido. Já não nos identificamos, e eis que um doloroso divisor de águas separa o antes e o depois. Mas não podemos apagar nossa imagem que ali se reflete. Somos exatamente aquele ser que sobreviveu. Que vai tentar andar, tomar banho, se vestir, comer, dormir, ler, amar, sonhar, rir, chorar... 

     Quando vivemos intensamente o sofrimento de algumas expectativas cambaleantes, confirmamos a solidez de nossa própria credibilidade. Ou acreditamos em nós, na nossa capacidade de nos levantar e ir em frente, ou simplesmente desistimos. O meio termo é sempre perigoso, porque irá nos deixar à beira da estrada, no meio do caminho. 

     Romper a marca da chegada, desfazer o laço da faixa da vitória pode ser penoso e angustiante. Mas faz parte do instinto de sobrevivência, de combate, de defesa de um território que passa a ser o nosso próprio corpo, nos vestígios das lutas dos nossos ancestrais. Nem tudo são glórias e coroas na corrida da vida. Muitos ficam para trás, desanimados, desacreditados de si mesmos, vencidos. Mas há os vencedores e é a estes que devemos fazer as nossas perguntas. 

     Quando o vencedor tem de responder ao repórter se “foi difícil chegar até aqui”, pode-se notar nos olhos do entrevistado uma luz de intrepidez e de medo. Ele sabe que não foi fácil. E deseja transmitir a todos a qualidade do seu esforço. Por isso venceu, por isso está ali, dando a entrevista. Os demais concorrentes estão apenas olhando, mas já compreenderam o que deve ser feito da próxima vez.


Marisa Bueloni é formada em pedagogia e orientação educacional.(marisabueloni@ig.com.br)



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