Leio que o mundo hoje precisa de “homens e mulheres de fogo”. E entendo que este fogo é a chama divina que habita em nós, a despeito das trevas exteriores, tentando penetrar por todas as brechas, para levar luz aos becos tenebrosos do mundo, às regiões tortuosas do pensamento humano, onde as leis dos homens vicejam como flor do mal, sempre muito adaptáveis aos desejos e prazeres terrenos, mais dos que aos planos de Deus.
Qualquer um, com um pouco de senso, é capaz de enxergar o espírito de confusão que existe em nosso meio. Qualquer um que saiba raciocinar, conclui por si mesmo que o mundo beira a loucura, que chegamos a um ponto-limite da tensão, e que o coração da humanidade necessita de uma profunda mudança. Muitos pressentem e farejam no ar alguma coisa nova. O que nos espera? Que fato estarrecedor é este de que falam os profetas de hoje, com avisos e mais avisos, pedindo uma preparação espiritual para suportarmos um possível grandioso evento?
Assim como já existiu um primeiro Pentecostes, é possível que venha um “novo”, ou um “segundo” Pentecostes? Enviará o Senhor novamente o Seu fogo purificador, para reavivar em nosso peito a chama do amor, da caridade, da decência, da verdade, da esperança? Com estas perguntas, podemos pesquisar, ler e estudar alguns textos proféticos, em cujas entrelinhas transparecem alguns pontos deste acontecimento tremendo, que sacudirá o mundo e as consciências.
As Sagradas Escrituras narram que, depois da morte e ressurreição de Jesus, e após a Sua ascensão aos céus, chegando o dia do Pentecostes, Maria Santíssima e os discípulos reuniram-se no Cenáculo e, de repente, uma rajada de vento soprou sobre eles e encheu a casa onde estavam. “Foi quando viram aparecer umas línguas à maneira de fogo, que se iam dividindo, e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem” (Atos 2: 3-4).
Desceu sobre eles um fogo, o fogo do Espírito Santo, cuja festa é celebrada no domingo de Pentecostes, um grande dia para a Igreja, pois marca o início da evangelização apostólica, o ponto de partida, a ação dos apóstolos em toda a sua grandeza, como seguidores da doutrina de Jesus. Festa dos sete dons do Paráclito. Para muitos estudiosos, a Revelação termina quando começa o florescimento da Igreja em todo o mundo, até o último apóstolo, com sua última carta, seu último livro.
Mas, diz o profeta Joel: “Nos últimos dias, diz o Senhor, derramarei o meu espírito sobre toda a criatura. Os vossos filhos e as vossas filhas hão de profetizar; os vossos jovens terão visões e os vossos velhos terão sonhos. Certamente, sobre os meus servos e as minhas servas derramarei o meu Espírito nesses dias e eles hão de profetizar. Farei ver prodígios, em cima, no céu, e sinais, em baixo na terra: sangue, fogo, emanações de fumo. O sol tornar-se-á em trevas e a lua em sangue, antes de vir o dia do Senhor, grande e glorioso. E então todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”.
E assim, podemos admitir com a máxima prudência, sem nos desviarmos da doutrina, da tradição e da moral da Santa Igreja, que o Céu poderia estar se comunicando com alguns escolhidos aqui na terra, nos dias de hoje. São poucos, bem poucos, e é preciso saber identificá-los, conforme as regras e critérios que atestem a possível credibilidade. Assim como cremos nos profetas bíblicos, poderíamos sentir no coração um apelo para ouvir estes enviados do Altíssimo?
Alguns destes pequeninos aludem a um fogo purificador e esclarecedor. Falam de uma intensa iluminação, capaz de clarear a mente e o coração do homem, mostrando-lhe, de uma vez por todas, quem é o Senhor e Deus, quem é o Criador do céu e da terra e quais são as Suas santas leis. Neste momento abrasador, cada um viverá um “juízo particular”, verá a própria alma, conhecendo então a sua situação de pecado. A este fogo muitos chamam de um “novo” ou “segundo” Pentecostes. Ninguém sabe quando ele virá – e se virá. Consta que Nossa Senhora tem aparecido a alguns de seus filhos e filhas, simples e humildes, para avisar ao mundo que “aproxima-se o dia do grande ato do amor e da misericórdia de Deus”.
Ousamos julgar que este ato extremo de amor não seria outro, senão aquele do fogo santo e amoroso pelo qual o Senhor irá iluminar cada consciência, fazendo de cada homem uma nova criatura. E o espírito de confusão desaparecerá do mundo, porque todos saberão identificar onde mora a luz e onde medram as trevas. O que é certo e o que é errado. O que agrada a Deus e o que O ofende. Caberá ao homem fazer uma escolha final. Uma decisão da qual depende a sua felicidade eterna.
Afinal, o mundo ainda precisa destes valores?
Marisa F. Bueloni é formada em pedagogia e orientação educacional.
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