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Artigo N.º 6250 - Os homens de fé mudam os rumos da História
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Postado em: 24/09/10 às 13:32:24 por: James
Categoria: Artigos
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Cada carisma é um novo luzeiro no grandioso firmamento da Santa Madre Igreja, e adquire todo o seu esplendor quando mostrado numa realidade eclesial verdadeira, viva, fortemente ancorada em uma espiritualidade autêntica.

Cardeal Franc Rodé, CM
Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada
e as Sociedades de Vida Apostólica

Ao pensar em um prefácio para a presente obra, não me vêm à mente, em primeiro lugar, considerações de índole acadêmica, em consonância com a natureza da dissertação doutoral que encerra - A gênese e o desenvolvimento do movimento dos Arautos do Evangelho e seu reconhecimento canônico -, mas antes o desejo de compartilhar com o leitor uma série de reflexões que a evocação do autor, Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP, e do movimento por ele fundado me trazem ao espírito, fruto da estima que a convivência com essa realidade eclesial fez aflorar em mim.

Soluções imprevistas para problemas aparentemente insolúveis

O Divino Espírito Santo, desde o santo escândalo da ebriedade de Pentecostes, não tem deixado de surpreender o mundo e a Igreja, em todos os séculos da existência dela até o presente. A problemas aparentemente insolúveis, tem

sempre dado soluções imprevistas, que com frequência não são entendidas por muitos.

Não é nenhum segredo que vivemos em um mundo secularizado e afastado de Deus. A própria Igreja - Esposa Mística de Cristo, "gloriosa, sem mácula, sem ruga ou coisa semelhante, mas santa e imaculada" (Ef 5, 27) -, em seu elemento humano, encontra-se também sob a deletéria influência do secularismo, como tantas vezes advertiu o Santo Padre Bento XVI. Basta-nos mencionar a preocupante falta de vocações, tanto nos institutos de vida consagrada como no clero diocesano, que afeta, sobretudo, a nossa velha Europa, em claro contraste com séculos e séculos de fecunda e gloriosa tradição evangelizadora. Sem dúvida, os sinais de esperança no panorama hodierno podem ser procurados em muitos níveis. Faz falta, entretanto, um discernimento equilibrado para perceber os "sinais dos tempos", a fim de reconhecer, como os Santos Magos, em meio a um universo de estrelas, algumas capazes de nos guiar de lugares distantes até o Divino Redentor. Pois bem, posso dizer que, no meio da noite, vi uma entre elas. Sobre seu fulgor e seu percurso desejo transmitir de modo breve, ao estimado leitor, algumas impressões que me calaram no espírito.

Significativa harmonização entre vida contemplativa e vida ativa

Trata-se de uma estrela com uma trajetória precisa. Os Arautos do Evangelho começaram como um movimento laical - característica predominante que se mantém até o presente -, que adotou a espiritualidade de São Luís Maria Grignion de Montfort como ponto de partida da primeira experiência de vida comunitária e marco inicial da institucionalização da obra. Para viver mais intensamente a consagração ensinada pelo grande santo mariano, os primeiros membros se dispuseram a viver em comunidade. A partir do movimento laical, surgiram posteriormente um ramo sacerdotal (a Sociedade Clerical de Vida Apostólica Virgo Flos Carmeli) e um ramo feminino de consagradas (a Sociedade de Vida Apostólica Regina Virginum).

Os objetivos ao longo deste caminho estão muito claros. Por exemplo, no tocante ao essencial capítulo da formação, pude observar, nas diversas ocasiões em que convivi com eles, uma equilibrada disciplina interna: firme e ao mesmo tempo delicada; lógica e flexível. No meio de uma vida comunitária de oração, multiplicaram suas atividades evangelizadoras e já atuam em mais de 70 países nos cinco continentes. E não poupam esforços para pôr a serviço da nova evangelização inclusive as mais modernas tecnologias: desde a internet até a divulgação em grande escala da boa imprensa; desde a produção de programas de televisão até visitas a famílias; desde Missões Marianas organizadas até o apoio telefônico sistemático aos colaboradores. Significativa harmonização entre a vida contemplativa e a vida ativa, própria do dom de Sabedoria, que é um dos traços característicos do carisma da instituição.

Vida eucarística, devoção à Santíssima Virgem e veneração pelo Pontífice Romano

Se uma estrela decidisse renunciar a seu brilho, que seria dela? Tornar-se-ia uma simples pedrinha, errante na imensidade do espaço. Assim ocorreria com todo movimento eclesial que deixasse de lado a espiritualidade. No caso dos Arautos do Evangelho, distinguem-se três pilares fundamentais nesta matéria: a vida eucarística, a devoção à Santíssima Virgem e a veneração pelo Pontífice Romano. Ecclesia de Eucharistia; são cada vez mais numerosas as suas casas de vida comunitária onde se realiza a Adoração Eucarística perpétua. Diante de Jesus Hóstia, durante horas e horas, reza-se em conjunto ou individualmente, lê-se, estuda-se, trabalha-se, ou simplesmente deixa-se banhar pelo "Sol que nasce do alto", na oração de quietude. É habitual para esses jovens comungar duas vezes ao dia na Santa Missa.

Por outro lado, numa época em que se proclama o direito a uma mal-entendida liberdade sem limites, a nota mariana que distingue esses jovens está profundamente marcada pela espiritualidade de São Luís Maria Grignion de Montfort, como mencionado antes, segundo a qual se consagram como escravos de amor a Nosso Senhor Jesus Cristo pelas mãos de Maria; daí a corrente que levam em torno da cintura. O santo Rosário, pendente do lado direito, expressa a necessidade da oração. Do mesmo modo, a obediência à Sagrada Hierarquia, praticada com relação a todos os níveis, em particular ao dos Bispos, é a melhor prova do amor que devotam à Igreja e ao Santo Padre.

Transformar a vida quotidiana numa liturgia de louvores ao Altíssimo

O fulgor dessa estrela é sem dúvida atraente; é difícil não se deixar cativar por semelhante caleidoscópio de matizes de cores e intensidades, por mais que muitos de seus aspectos possam ser reconhecidos em outros astros já famosos. Na verdade, cada carisma é um novo luzeiro no grandioso firmamento da Santa Madre Igreja, e adquire todo o seu esplendor quando mostrado numa realidade eclesial verdadeira, viva, fortemente ancorada em uma espiritualidade autêntica.

Por ocasião da dedicação da Igreja Nossa Senhora do Rosário, em São Paulo, Brasil, em uma cerimônia que nada tinha a invejar aos mais esmerados pontificais romanos, tive ocasião - ao me deparar com um auditório repleto de mais de mil jovens de variadas idades, revestidos com seu hábito característico - de apreciar a riqueza de dons com a qual o Espírito Santo favorece Sua Igreja. Não causa estranheza que um elemento fundamental desse novo carisma seja o amor à perfeição: "Sede, pois, perfeitos, como também vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5, 48). Daí o esmero em transformar toda a vida cotidiana, até em seus mais mínimos detalhes, numa liturgia de louvores ao Altíssimo.

O Divino Espírito Santo não faz nascer uma obra sem um fundador

Ademais, cada estrela é única e irrepetível, se não para os homens, ao menos para Deus, que "chama cada uma pelo seu nome" (Sl 147, 4). O Divino Espírito Santo concede Seus dons para o bem do povo de Deus. E os faz frutificar a seu tempo, já que nunca deixa Suas obras inacabadas. Assim como não suscita um movimento alheio às necessidades de sua época, tampouco faz nascer uma obra sem um fundador.

Por isso, só a têmpera de um fundador foi capaz de transformar, com equilíbrio e sabedoria, o ideal das antigas ordens de cavalaria - sempre aprovado e incentivado pela Igreja ao longo dos séculos -, adaptando- o às novas gerações como bandeira digna de ser desfraldada nos dias de hoje, com poder de entusiasmar e arrastar.

É difícil imaginar como pudesse ter isso ocorrido sem uma fé inquebrantável no triunfo da Santa Igreja, sem uma valente audácia na expansão da obra, sem uma atenta docilidade às moções da graça, sem uma devota submissão ao Santo Padre e à Sagrada Hierarquia, sem uma delicada fidelidade ao Magistério Eclesiástico, sem uma fortaleza de espírito disposta a todos os sacrifícios por amor a Nosso Senhor Jesus Cristo, em uma palavra, sem um exemplo de vida irrepreensível; qualidades que, na própria instituição, não são senão reflexo do fundador.

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP, é Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade São Tomás de Aquino, de Roma (Angelicum), grau que lhe foi outorgado precisamente pela defesa da tese que tenho o gosto de apresentar (ele bem poderia contar entre seus títulos, o de ser um dos pouquíssimos casos conhecidos em que um fundador defende uma tese sobre a trajetória jurídico-canônica de sua própria obra); Mestre, também em Direito Canônico, pela Pontifícia Universidade Gregoriana; Mestre em Psicologia pela Universidade Católica de Bogotá (Colômbia); Licenciado em Humanidades pela Pontifícia Universidade Católica Madre y Maestra, da República Dominicana. É fundador do Instituto Teológico São Tomás de Aquino (ITTA) e do Instituto Filosófico-Teológico Santa Escolástica (IFTE). Também se deve a sua iniciativa a publicação da revista mensal de atualidade religiosa Arautos do Evangelho, com uma tiragem de quase um milhão de exemplares em quatro línguas, assim como da revista científica de inspiração tomista Lumen Veritatis. É autor de 15 livros, com uma tiragem total de 14 milhões de exemplares, em sete idiomas. Cônego honorário da Basilica Papale di Santa Maria Maggiore, de Roma, é ademais membro da Pontificia Accademia dellImmacolata e da Sociedade Internacional São Tomás de Aquino, assim como da Academia Marial de Aparecida (Brasil).

Em busca de uma forma jurídica capaz de preservar o carisma no futuro

O objetivo da tese é abordar cientificamente o problema que consiste em encontrar a figura jurídica mais adequada para enquadrar a obra dos Arautos do Evangelho no ordenamento canônico, garantindo- -lhe a unidade institucional com o englobamento dos diversos estados de vida, o que evita o risco de uma fragmentação futura da instituição e de um desvirtuamento do carisma; problema de máxima atualidade para diversos movimentos eclesiais que iniciaram sua trajetória institucional como associação privada de fiéis. Para isso, o autor divide a tese em três capítulos, que tratam respectivamente dos aspectos jurídicos, históricos e carismáticos relacionados com o nascimento e a evolução da instituição desde suas origens até nossos dias.

Fundamentando-se em célebres juristas da atualidade, enfoca-se, no primeiro capítulo, o fenômeno associativo, segundo as várias formas jurídicas contempladas pelo atual Código de Direito Canônico, para enquadrar os carismas suscitados pelo Espírito Santo. A análise das associações de fiéis ocupa um lugar relevante, pois, dada a sua flexibilidade, a maioria dos movimentos eclesiais tem adotado essa forma jurídica para situar-se no ordenamento da Igreja. Em seguida são estudados os diversos tipos de vida consagrada: Institutos Religiosos, Institutos Seculares e as Sociedades de Vida Apostólica. Por fim, é abordado o tema das prelazias pessoais como possível molde canônico para receber um carisma ou movimento. No segundo capítulo - de grande interesse para o estudo dos fundadores - se encontra a narração da autobiografia do fundador desde sua mais tenra infância, constituindo um elemento fundamental para entender a essência do carisma dos Arautos do Evangelho. O terceiro capítulo está dedicado a analisar com profundidade teológica o carisma da instituição, difícil de apreender de uma só vez em suas multiformes manifestações. Com efeito, não é intenção do autor tratar esta matéria de modo exaustivo, embora alguns de seus traços inquestionáveis sejam descritos com precisão.

Finalmente, após a consideração de algumas soluções alternativas, embora não plenamente satisfatórias, chega-se à conclusão, partilhada por eminentes canonistas da atualidade, de que nenhuma das formas associativas em vigor é capaz de abarcar por inteiro o movimento dos Arautos do Evangelho, dada a diversidade de estados de vida que engloba; "deita-se o vinho novo em odres novos" (Mt 9, 17; Mc 2, 22; Lc 5, 38). Intuição que, de algum modo, estava já implícita no reconhecimento pontifício das duas Sociedades de Vida Apostólica (Virgo Flos Carmeli e Regina Virginum), ao considerá- -lo um passo intermediário, que solucionava temporariamente determinados problemas, como a incardinação dos clérigos, até encontrar-se uma forma suficientemente flexível e abarcadora, capaz de preservar o carisma no futuro.

Gostaria de terminar estas linhas desejando ao autor uma grande difusão da presente obra em toda a Igreja - certo de que poderá servir como válido estímulo a outros movimentos de origem laical -, bem como agradecendo-lhe tudo o que faz e ainda fará pela Santa Igreja de Deus. São os homens de fé que mudam os rumos da História, aqueles que formam parte da estirpe dos heróis e dos santos. E é deles que a Igreja tem necessidade hoje, como ontem e sempre. Afinal de contas, quem não experimenta uma grande alegria, como os Santos Magos, ao ver uma estrela que deve guiá-lo na obscuridade da noite?

(Revista Arautos do Evangelho, Set/2010, n. 105, p. 34 à 37)

 


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