Postado em: 02/05/14 às 13:24:39 por: James
Categoria: Ex-protestante
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"Um só Senhor, uma só fé, um só batismo" Ef 4,5
Graça e paz da parte de Jesus Cristo nosso Senhor!
Sou Érick Augusto Gomes e gostaria de partilhar com todos vocês como sucederam os acontecimentos que culminaram em minha conversão a Igreja Católica. Todo processo de mudança é duro e na maioria das vezes difícil, porém, se cremos e confiamos que é o Cristo que nos dá o dom da vida e nos preenche com a sua sabedoria, temos a certeza que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8,28).
E é esse Deus que trabalhou em minha vida de diversas formas e todas elas contribuíram para que eu chegasse a Igreja do Senhor.
Costumo dizer que “nasci Cristão”: me converti ainda no seio da minha família e fui batizado na Igreja de São João Batista em Jundiaí/SP já que meus pais, embora desconhecendo a própria fé, iniciaram-me na Igreja Católica. Minha mãe costuma dizer-me que quando eu era criança e ela levava-me ao centro da cidade, era normal que chorasse. Eu era muito pequeno, porém, a única forma que fizesse com que eu parasse, era entrar no Mosteiro de São Bento. Ali, dizia ela, meus olhos inocentes olhavam para todos os lados do templo, para todos os vitrais, todas as imagens e assim, eu me acalmava. Depois de muitos anos, verdadeiramente eu iria entender o que esse sinal seria em minha vida.
Até os meus sete anos de idade, cresci dentro da Igreja católica. Meus pais eram assíduos nas missas, porém, em 1996 por influencia de uma vizinha, minha mãe passou a frequentar uma comunidade chamada “quadrangular” e embora meu pai inicialmente tivesse repudiado a ideia, depois de algum tempo, passou a frequentar e assim, “converteu-se” e dessa forma, eu, como criança, passei a ingressar dentro da comunidade protestante. Minha infância foi vivida dentro das “igrejas evangélicas”. Apesar da Quadrangular ser a primeira comunidade que meus pais passaram a frequentar, um ano após o descobrimento da “nova fé”, os mesmos foram para o CCC (Centro comunitário Cristão) e por fim a Igreja Presbiteriana do Brasil. Quando digo que nasci cristão, é porque de fato, desde o início da minha vida aprendi a amar, adorar e entender o mistério da gloriosa salvação de Jesus Cristo através de sua piedosa cruz. Embora, não me desse conta que o fator da verdadeira Igreja fosse primordial para que entendesse a história cristã, sendo assim, cresci repudiando tudo aquilo que pensava ser o catolicismo, pois, as pessoas que convivia foram ensinadas a não gostar da fé cristã católica. Dentro da Igreja Presbiteriana, era um membro ativo: participava do grupo dos jovens, ia a encontros presbiteriais e participava do ministério de louvor da Igreja. Estudava a Bíblia, admirava Calvino e a todo custo tentava converter aqueles que não participavam da mesma fé que a minha. Mesmo sendo muito novo, eu já possuía uma opinião própria, de fato, eu tinha aversão ao catolicismo. Suas imagens e a devoção a Virgem faziam com que eu anunciasse sua idolatria.
Em 2005 tive a oportunidade do primeiro emprego. Na época, foi o primeiro auge da minha vida profissional e pessoal. Estava na igreja, tinha comunhão com a fé “verdadeira” e ainda por cima desfrutava do primeiro trabalho. Com 16 anos, entrei em uma empresa que fabricava portas — era um serviço de carpintaria. Um trabalho digno, afinal, era o mesmo ofício de Nosso Senhor.
Lembro-me do primeiro dia no emprego novo e da minha felicidade em saber que praticamente todos os trabalhadores dali eram protestantes. Fiquei muito feliz porque ali seria um local de aprendizado e crescimento na fé, porém, eu nem imaginava que essa convivência afetaria drasticamente a minha opinião e me tiraria da minha zona de conforto. Eu era presbiteriano, logo, tradicionalista, isto é, tinha problemas com pentecostais. Tinha certeza daquilo que acreditava, mas, isso nem sempre era igual ao que os outros pensavam.
No meu setor trabalhavam dois membros da congregação cristã do Brasil, quatro assembleianos, um adventista, dois batistas e outros dois que frequentavam uma comunidade chamada “fogo divino” e um testemunha de Jeová e ali, no meio de tantas denominações diferentes, passei a me confrontar com alguns problemas ao ponto dos assembleianos pensarem que a Presbiteriana era uma seita por acreditar na predestinação e por batizar crianças. Confesso que, ao deparar-me com tantas crenças diferentes, passei a ter certa dor de cabeça já que nem sempre falávamos a mesma coisa. Os “assembleianos” e o pessoal do “fogo divino” defendiam a oração em línguas, mas tanto eu quando os batistas diziam que se não houvesse a devida interpretação, não poderia se falar o amém. Os congregacionais e assembleianos diziam que para você ser “aceito” verdadeiramente, o crente deveria sem batizado no espírito santo, mas, o restante dizia que apenas ser batizado nas águas, com a fórmula necessária (Pai, filho e espírito Santo) era válido, contudo, os congregacionais afirmavam que o batismo deveria ser primeiro em nome de Jesus Cristo. O adventista vivia dizendo que não comia carne de porco porque o animal era impuro, que o sábado era o dia do Senhor e que depois da morte a alma “morria”, mas, o restante discordava da sua posição. Eu sempre dizia que o livre arbítrio não existia, apenas a livre agência, mas, a maioria pensava que a minha doutrina era errada, assim como sempre dizia que batizávamos crianças e os pentecostais achavam isso um absurdo, ou talvez por saber que os protestantes históricos batizam por aspersão e pensarem que a verdadeira conversão deveria ser concretizada de corpo inteiro dentro das águas. Isso ainda somava-se a crença do testemunha de Jeová em dizer que Jesus Cristo não era Deus.
Tinha dias que os assembleianos mais rígidos com relações a vestimentas, diziam que as outras assembleias mais liberais erravam por permitirem mulheres de calças. Outro fator que era motivo de “contenda” era o fato de que batistas e presbiterianos não possuem um culto avivado e isso era um dos grandes questionamentos dos pentecostais em sempre perguntar se de fato o espírito santo ali habitava. Grandes dúvidas também surgiam pelas questões históricas em que envolvem a maçonaria junto da Igreja Presbiteriana no Brasil. De qualquer forma, vários são os exemplos das mais diversas divisões protestantes e eu posso dizer claramente que tive o “prazer” de verificar uma a uma em um curto prazo de dois anos.
Contudo, essa série de desavenças, fez com que despertasse em mim um desejo de aprender sobre a religião que tanto criticava: O Catolicismo Romano. Embora não suportasse suas doutrinas (mesmo não as conhecendo), resolvi amolecer meu coração e entender ou pouco dessa que era a profissão de fé mais estranha aos meus olhos. Ainda me lembro de que na época, busquei o máximo de informações que queria. Foi quando, através de uma comunidade do Orkut, descobri um ambiente de católicos que defendiam sua fé. Em um primeiro momento, não suportei uma série de argumentos que muitos ali utilizavam, sendo assim, iniciei vários debates, porém, conforme lia cada texto postado, ia descobrindo que havia alguma coisa errada com a concepção que eu tinha de cristianismo. No geral, eu tinha dúvidas sobre o uso de imagens, a intercessão dos santos ou porque a Igreja tinha tanto amor por Maria. Inicialmente, colhi o que conseguia através das redes sociais, porém, conforme o interesse crescia, tive o desejo e a curiosidade de presenciar uma missa. E eu fui, no segredo. Assim como os cristãos primitivos não podiam expor sua crença no Cristo, assim, eu me sentia ao buscá-lo dentro da Missa que é a nossa maior oração. Confesso que a primeira impressão foi maravilhosa. Sinceramente, eu desconhecia a fé católica, porém, ao ouvir o sacerdote saudar a assembleia com “Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos”, toda a imagem preconceituosa que tinha a respeito da ritualística romana, caíram por terra ao estar na Igreja verdadeiramente pela “primeira vez” (embora enquanto criança meus pais estivessem dentro do catolicismo, à mudança aconteceu muito cedo e as lembranças eram inexistentes).
Depois que estive a primeira vez em uma Missa, tive vontade de ir muitas outras vezes e conforme as frequentava, tinha um desejo maior te estar lá! Era algo totalmente estranho de se entender, pois, mesmo não assimilando uma fé tão nova que brotava no meu coração, sentia uma sede de estar ali a cada dia mais! De qualquer forma, as coisas não foram tão simples como parecem ao escrever esse texto.
Entre os 16 e 18 anos, me dividi entre os cultos protestantes e as missas. As sextas estava na Igreja matriz da minha cidade e aos domingos na presbiteriana. Durante esses dois anos, ocultei aquilo que estava aprendendo. E nesse tempo passei a entender o que a Igreja ensinava sobre o uso das imagens sacras e por que os santos tinham sua representatividade na vida do ensinamento cristão! Eu amava aprender sobre eles e ler suas grandes conquistas através da fé em Cristo. Passei a ver neles exemplos de conduta, martírio pela fé e pelo reino de Jesus. Quanto mais lia sobre os antigos padres, quanto mais lia sobre a tradição da Igreja, me encantava por tantos e tantos testemunhos que guiaram a Igreja Católica até os dias de hoje. Não conseguia ver isso nas comunidades protestantes, alias, não via história. Via apenas um início e projetava um fim.
Ao passar do tempo, minha vontade intensificou-se de tal forma que aos poucos, passei a abandonar a minha antiga fé. Foram momentos difíceis, alguns membros da presbiteriana sabendo da “causa”, passaram a me questionar sobre aquilo que estava frequentando, a questão é que era tarde de mais. Eu já estava envolvido pela Igreja que hoje tanto amo. De qualquer forma, ainda ia aos encontros protestantes. Um desses últimos encontros, fez com que refletisse sobre todo o fundamento protestante que eu já havia deixado para trás. Era um domingo de manhã, dia internacional da mulher, oito de Março de 2009. Um dos diáconos havia preparado uma homenagem para as mulheres da igreja. Lembro que fiquei apreensivo naquela manhã, pois ele havia dito que passaria por todas as mulheres das sagradas escrituras enumerando seus exemplos e assim, exaltaria a mulher presbiteriana. Naquela manhã, o diácono presbiteriano falou de quase todas as servas de Deus, porém, esqueceu-se de uma, esqueceu-se da principal. Aquilo foi um baque para mim. Lembro-me que tinha em minha memória as claras palavras de Maria no evangelho de Lucas: “Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada (Lc 1,48)”. Naquele momento eu me perguntei qual o motivo de esquecerem a Mãe de Deus? Por que se esqueceram de Maria? Se todas as gerações a proclamariam, por que eu, como protestante, não fazia isso? Por que eles não faziam isso? Naquele momento, eu percebi que havia algo de errado com a “geração de Lutero”. Se, profeticamente, a geração de Maria esmagaria a cabeça da serpente (Gn 3,15), me perguntei: a qual geração pertence a este povo? A qual geração eu pertenço? Naquele dia, eu decidi me afastar definitivamente do protestantismo e embora posteriormente tivesse ido a alguns outros encontros, passei a me dedicar a Igreja Católica que possuía como centro Jesus Cristo e a certeza disso encontrava-se no mistério do sacramento da eucaristia que a tanto me encantava por sua pureza. As palavras de Paulo aos Coríntios agora faziam sentido em minha vida, ninguém pode comer indignamente o Corpo do Senhor acreditando em um mero simbolismo. Consumir sua carne erroneamente o torna responsável pela sua própria condenação (I Cor 11,29), pois, é realmente o seu corpo que ali se faz presente por nós (Jo 6,55).
Pois bem, entre os 18 e 19 anos, conheci outra parte da Igreja que não sabia. As comunidades orientais. Confesso que muito me chamou a atenção a fé peculiar dessas Igrejas. Aprendi muito com eles, porém, a minha certeza estava enraizada no ocidente, na fé católica
Entre os 20 e 23 anos, continuei a estudar a Igreja, porém, embora já fosse um católico de coração, não possuía coragem de assumir minha fé publicamente pelo meu histórico familiar. Demorei muito tempo para que de fato eu divulgasse a minha fé em Cristo dentro da Igreja Católica, porém, embora tenha sido esse tempo longo, ele chegaria.
Iniciei o ano de 2012 como um “católico covarde”, embora já soubesse o que queria, não tinha a iniciativa de tomar a frente e declarar a minha fé. Entretanto, Deus nunca me abandonou e em todo esse tempo, continuou me mostrando o caminho e derramando a sua graça e misericórdia sobre as minhas ações e em uma época que eu já estava desacreditado da minha própria coragem, o Pai colocou em meu caminho uma verdadeira mulher chamada Rafaela, sendo ela a responsável por me ajudar assumir aquilo que havia nascido em meu coração desde 2005. Nosso Senhor foi tão bondoso comigo, que me concedeu a fé em sua Cruz e Ressurreição através da Igreja e a Rafaela que é o meu exemplo de amor a Cristo. Em agosto de 2012, com 24 anos comecei o meu processo para ser recebido oficialmente na Igreja Católica. Depois de um ano de orações e estudos junto de muitos irmãos, no dia 30 de abril de 2013, tive a benção de ser crismado e com a graça de Cristo Jesus, ser participante de seu corpo junto de sua Igreja!
O caminho foi longo e tortuoso; contudo, foi necessário para que se fosse entendido os verdadeiros mistérios da fé cristã. Se tivesse que escrever todos os fatos que sucederam a minha vinda a fé católica, não caberiam aqui, porém, sei que as palavras aqui depositadas serão de grande valia para aqueles que desejam conhecer profundamente a Igreja fundada por Nosso Senhor.
Atualmente, tenho trabalhado na Paróquia Sagrado Coração de Jesus em Louveira/SP como catequista de adultos e escrevo artigos em defesa da fé para o blog “Apologética Cristã Católica”.
Desejo que a Virgem interceda pela vida de cada pessoa que lê essas palavras para que possam encontrar o verdadeiro caminho do Cristo que se revela em sua Igreja. Agradeço a minha Rafa por me amar e me ajudar a assumir a minha identidade e te adoro e te louvo Jesus Cristo pelo dom da vida e por permitir que sua fé continue sendo transmitida através dos séculos pela sua una e Santa Igreja, na qual professa uma única fé e um único batismo (Ef 4,5).
Com amor em Jesus;
Autor: Érick Augusto Gomes