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Artigo N.º 2873 - O Purgatório - Entrevista com Maria Simma - Parte 3
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Postado em: 25/08/09 às 12:06:16 por: James
Categoria: O Purgatório
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(Continuação...)

QUE COISA É O PURGATÓRIO
 
Sobre este ponto nos fazemos uma pergunta, a pergunta fundamental: Que coisa é exatamente o purgatório?  

 

Maria Simma de Sonntag

 

Posso dizer que é uma invenção genial da parte de Deus. E aqui eu queria propor-vos uma imagem que vem a mim.

Suponhamos que um dia se abra uma porta e que apareça um ser extraordinariamente belo, de uma beleza tal   que não haveis jamais visto sobre a terra. Ficaríeis fascinados, atônitos por esse ser de luz e de beleza, tanto mais que Ele demonstra ser totalmente enamorado de vós (coisa que não haveis mais imaginado); Lembrai-vos, também,  que Ele tem um grande desejo de atrair-vos a si, de abraçar-vos; e o fogo do amor que queima já no vosso coração vos faz certamente precipitar-vos entre os seus braços. Mas eis que vos dai conta, neste momento,  que não sois  lavados há meses, que tendes um mal cheiro,  que vos sentis horrivelmente feios; tendes os cabelos em desalinho, horríveis manchas sobre os vossos vestidos etc ... etc... Então vós mesmos direis: “Não, não é possível que eu me apresente neste estado!  É preciso que eu primeiro vá me lavar, tome um banho e depois tornarei a vê-lo! ... “.

Mas eis que o amor que nasceu nos vossos corações é tão intenso, tão forte, tão ardente, que essa demora devido ao banho é absolutamente insuportável, e a mesma essência da dor, também dura só por poucos minutos, é um ardor atroz no coração. E certamente esse ardor é proporcional à intensidade da revelação do amor: é uma chama de amor...

O purgatório é exatamente isto.  É um retardamento imposto às nossas, imperfeições, uma demora  antes do abraço de Deus, uma chama de amor que faz sofrer terrivelmente; uma espera, uma nostalgia de Deus e do seu amor. É precisamente esta chama de amor que  queima e  purifica  tudo aquilo que é impuro em nós. Ousaria dizer que o purgatório é um lugar de desejo, desejo de Deus. Na prática o purgatório é uma grande crise, uma crise que nasce da falta de Deus.

Mas sobre isto eu pedi a Maria para ser precisa neste ponto fundamental:

Ir. Emmanuel: Maria, as almas do purgatório experimentam alegria e esperança em meio aos seus sofrimentos?

Maria:  Sim, nenhuma alma  quer voltar do purgatório para a terra, porque essas já têm o conhecimento de Deus infinitamente superior ao nosso e não querem mais retornar às trevas deste mundo.

Eis, então, a grande diferença entre o sofrimento do purgatório e o da terra: no purgatório,  também, se a dor da alma é terrível, a certeza que se tem de viver com Deus é assim tão forte e incontrolável que a alegria desta certeza ultrapassa a dor; e por nada no mundo aquelas almas desejam tornar a viver sobre a terra onde,  no fim das contas não se tem mais segurança de nada.

Ir. Emmanuel: Maria, agora tu poderias nos dizer se é Deus quem manda uma                       alma ao  purgatório ou se,  ao invés,  são elas mesmas que decidem ir para  lá?

Maria: São elas mesmas que decidem ir para purgatório para se purificarem antes de entrar no paraíso.

Mas aqui é preciso dizer que as almas que se encontram no purgatório aderem perfeitamente a vontade de Deus; por exemplo; se compadecem e desejam o nosso bem; sentem muito amor por Deus e por nós,  que ainda  estamos sobre a terra. Estas almas estão perfeitamente unidas ao Espírito de Deus, ou se desejam a luz de Deus.

Ir. Emmanuel: Maria, no momento da morte se vê Deus em plena luz ou de maneira  confusa?

Maria: Ainda de uma maneira confusa,  mas mesmo assim é com tanta clareza que basta certamente para sentir saudades de Deus.

Certo,  é uma luz resplandecente, em confronto com as trevas deste mundo; mas é no purgatório, onde a alma tem  a luz do conhecimento do céu. Do resto, a tal respeito,  podemos fazer  uma reflexão com a experiência de que se fala o livro – A vida,  outra vida: para muitas daquelas pessoas que, de um estado de pré-morte (pré-coma, ataque cardíaco e outros), viram qualquer coisa do outro lado, e ficaram fascinados por aquela luz, era uma verdadeira agonia retornar à  comum existência sobre a terra,  depois daquela experiência.

 

NOSSA SENHORA E O PURGATÓRIO

Ir. Emmanuel: Maria,  podes nos dizer qual o papel de Nossa Senhora com respeito às almas do purgatório?

Maria: Sim,  Ela vem,  muitas vezes,  consolar as almas,  dizendo que elas fizeram bem tantas coisas e as encoraja.

Ir. Emmanuel: Existem dias particulares nos quais Nossa Senhora liberta essas almas?

Maria: Sim, sobretudo nos dias de Natal, dia de Todos os Santos,  às sextas-feiras santas e também na festa da Assunção e da Ascensão de Jesus.

          

PORQUE O PURGATÓRIO

Ir. Emmanuel: Maria,  por que se vai ao purgatório? Quais são os pecados que fazem com que as almas vão para lá com mais freqüência?

Maria: São os pecados contra  a caridade, contra o amor ao próximo, a dureza de coração, a hostilidade,  a calúnia,  sim, todas essas coisas... porém, a maledicência e a calúnia são as mais graves,  que necessitam de uma longa purificação.

Maria,  a tal propósito,  nos conta um exemplo que lhe tocou muito, e é um testemunho que vos quero recontar. Trata-se de um homem e de uma mulher dos quais a família havia pedido informações,  se estavam no purgatório.

Para grande alegria daqueles que haviam pedido,  a mulher já estava no paraíso e o homem no purgatório. Mas, na realidade,  aquela mulher morrera depois de haver feito um aborto, e o homem andava muito na Igreja e levava uma vida com aparência digna e piedosa.  Os dois morreram coincidentemente, contemporaneamente, porém,  a mulher havia se arrependido sinceramente de tudo o que havia feito, ela fora muito humilde e o homem,  ao contrário,  mesmo sendo muito religioso,  criticava tudo e todos, estava sempre a lamentar-se , e a falar mal das pessoas e criticá-las.  Eis porque o seu purgatório foi muito longo. Por isso eu concluí:  “não devemos  julgar segundo as aparências”.  Outros pecados contra a caridade são certamente todas as nossas repulsas por certas pessoas que não amamos,  nossa resistência em fazer as pazes,  a falta de perdão e todos os rancores que guardamos no coração. 

Maria nos revelou um testemunho que nos faz refletir.  É a história de uma pessoa que ela conhecia muito bem. Esta pessoa morreu. Era uma mulher e se encontrava no purgatório mais terrível, com sofrimentos verdadeiramente terríveis. E quando esta veio a Maria Simma, Maria lhe perguntou o porquê; e esta alma lhe disse: “foi porque eu tive uma amiga, sim, uma amiga com a qual tinha uma inimizade muito grande; e esta inimizade  foi  causada  por  ela mesma e ela conservou este rancor por anos e anos; e quando a sua amiga vinha pedir para fazer as pazes com ela, reconciliar-se,  todas as vezes ela negou; e quando caiu gravemente doente,  continuou com o coração fechado,  negando reconciliar-se com a sua amiga; e no leito da morte aquela sua amiga veio suplicar-lhe  para fazer as pazes, mas também sobre o leito da morte ela havia negado. E eis o motivo por que agora se encontrava no purgatório extremamente doloroso e por isto veio a pedir ajuda a Maria Simma. Este testemunho é muito significativo sobre a gravidade de guardar rancor. Devemos guardar as palavras, não criticar, não dizer palavras malévolas que podem verdadeiramente matar, ao contrário de uma palavra boa que pode curar.

         

COMO EVITAR O PURGATÓRIO

Ir. Emmanuel: Maria, pode-nos dizer quais são aquelas que têm maior possibilidade de ir ao paraíso?

Maria: São aquelas que têm o coração bom. Um coração bom para com  todos. A caridade cobre uma multidão de pecados. Sim, é São Paulo quem nos diz.

Ir. Emmanuela: E quais são os meios que nós podemos ter aqui na terra para  evitar o purgatório e ir diretamente ao céu?

Maria:  Devemos fazer muito pelas almas do purgatório, porque são essas que nos ajudam sempre. É preciso ter muita humildade. É esta a maior arma contra o malígno. A humildade elimina o mal.

Sobre este ponto não resisto ao desejo de contar-lhes um belíssimo testemunho do Padre Berlioux (que escreveu um maravilhoso livro sobre as almas do purgatório); e ele nos fala da ajuda oferecida por essas almas  àqueles que as ajudam  com suas orações e sacrifícios; ”uma pessoa particularmente amiga das almas do purgatório havia consagrado a própria vida em sufrágio das mesmas,  e chegando a hora da morte,  ela foi assaltada com furor pelo demônio e esse queria fazer-lhe medo.  Era como se todo o inferno estivesse encolerizado contra ela e a circundasse com a sua corte infernal. Essa pobre alma lutava há muito tempo com um esforço muito penoso, querendo livrar-se da presença do maligno, quando,  de repente viu entrar em seu apartamento  uma multidão de pessoas desconhecidas,  mas resplandecentes de beleza, colocando em fuga o demônio e chegando vizinho ao seu leito,  lhe disseram palavras de encorajamento e de consolo todo celestial. Emitindo um profundo suspiro e plena de alegria, gritou: quem são vocês que estão me fazendo tanto bem?  E aqueles bons visitantes responderam: - nós somos habitantes do céu que com a tua ajuda fomos conduzidos às bem-aventuranças, e por gratidão e reconhecimento viemos te ajudar a desapegar-te desse lugar de angústia e te introduzir na alegria da Cidade Santa. Com estas palavras,  um sorriso resplandeceu no rosto da moribunda. Os seus olhos se fecharam e ela adormeceu na paz do Senhor. A sua alma, pura como uma pomba,  apresentou-se ao Senhor dos senhores, encontrou tantos protetores e advogados que ela havia libertado com suas orações e sacrifícios. No céu, entrou triunfante entre  aplausos e  bênçãos de todos aqueles a quem havia libertado do purgatório. Possamos nós um dia termos esta graça!  Sabemos agora que estas almas libertadas do purgatório através de nossa oração são extremamente reconhecidas e gratas. Eu vos aconselho vivamente a fazerem esta experiência e estes vos ajudarão,  pois conhecem  os nossos desejos e nos obtêm muitas graças.

Ir. Emmanuel: Agora, Maria, lembro-me do bom ladrão, justo aquele que estava junto a Jesus  na cruz,  e gostaria muito de saber que coisa fez ele para que Jesus lhe prometesse que naquele mesmo dia estaria com ele no paraíso?

Maria: Ele aceitou humildemente o seu sofrimento dizendo que era  justo e encorajou o outro ladrão a aceitar também. Ele tinha o temor a Deus, isto é,  tinha humildade.

Um outro belo exemplo contado por Maria Simma demonstra como um gesto de bondade pode resgatar,  em pouquíssimo tempo uma vida de pecado.

Escutemos as próprias palavras de Maria:    

" Sim,  conheci um jovem  que tinha vinte anos.  Habitava  um lugarejo vizinho ao meu. Este lugar foi duramente castigado por avalanches que mataram um grande número de pessoas. Uma tarde quando esse jovem se encontrava na casa de seus pais,  aconteceu que,  inesperadamente,  veio um desabamento terrível vizinho à sua casa. Ele ouvindo gritos de desespero e terror que clamavam por socorro e ajuda,  ele se levantou e foi prestar ajuda àquelas pessoas.  Mas eis que sua mãe,  que ouvira também os gritos,  quis impedi-lo de passar. E fechando a porta da casa,  disse: “Não! Os outros irão socorrê-los, não nós! É muito perigoso aí fora. Não quero que seja um morto a mais”. Mas o jovem,  comovido pelos gritos daquela gente e querendo socorrê-los, disse à sua mãe: “sim, eu vou! Não quero deixá-los morrer assim!” E saiu. Mas eis que ele também,  ao sair,  foi soterrado pela avalanche e morreu.  Dois dias depois de sua morte, ele veio visitar-me durante  a noite e disse-me: “Manda celebrar três missas por mim e serei libertado do purgatório.” Alguns de seus amigos disseram que não queriam ser ele no momento da morte, pois esse jovem havia cometido muitas coisas ruins. Mas aquele jovem,  em seguida,  me declarou: “Eu fiz um grande ato de amor colocando em risco a minha vida por aquelas pessoas e foi graças a isso que o Senhor me acolheu  assim tão depressa no céu, sim, a caridade cobre multidão de pecados”.

Neste episódio se vê como um só ato de amor desinteressado foi  suficiente para purificar este jovem de uma vida vivida no pecado; e o Senhor aproveitou este momento de amor para chamá-lo a si. Maria, de fato,  nos disse que se esse jovem jamais na sua vida tivesse ocasião de fazer um ato de amor assim tão forte,  talvez tivesse se tornado um homem malvado. E o Senhor,  na sua infinita misericórdia, o chamou a si exatamente no melhor momento, no momento mais puro por causa daquele ato de amor.

É muito importante, quando se está à beira da morte, abandonar-se à vontade do Senhor.

Maria também nos conta um caso muito belo de uma mãe de quatro filhos  que estava para morrer.  Em vez de se revoltar e de se inquietar,  ela disse ao Senhor: “Eu aceito a morte no momento em que Tu a queiras e coloco a minha vida em Tuas mãos. Entrego-te os meus filhos e sei que Tu,  Senhor,  tomarás conta deles”.  E Maria nos diz que pelo motivo dessa imensa confiança em Deus, aquela mulher foi diretamente ao céu sem passar pelo purgatório. Podemos dizer que o amor, a humildade, e o abandono em Deus são as três chaves de ouro que nos fazem entrar diretamente no paraíso.

 

( Continua...Parte 4 )

 




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