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Artigo N.º 5333 - A cura entre gerações
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Postado em: 01/06/10 às 13:26:08 por: James
Categoria: Artigos Site Aarão
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Por Fr. MSFS James Manjackal

Lendo alguns artigos que são contra a validade e os resultados práticos da cura da árvore genealógica do indivíduo e curas entre gerações, tal como praticada pelos carismáticos, eu, que tenho atuado no ministério de cura nesses últimos 33 anos, gostaria de compartilhar algumas observações e comentários sobre este assunto. O assunto é muito vasto, e eu até temo que um pequeno artigo como este acabe trazendo mais dúvidas e confusões para os leitores! (Se Jesus permitir, o meu livro sobre este assunto em breve será publicado.)

Em todas essas críticas, encontrei uma forte atitude anti-carismática, especialmente em relação ao dom da cura. Nenhum dos críticos vivenciou alguma experiência concreta a respeito da cura entre gerações, daí eu duvidar da sua credibilidade sobre o assunto. Todas estas críticas são baseadas em preconceitos e ignorância, num espírito de calúnia e difamação contra as pessoas ativamente envolvidas no ministério de cura espiritual. Eu admito que existem sim, aberrações e desvantagens no que diz respeito ao ensino e à prática da cura da árvore de família, mas para declará-la como um disparate completo, anti-bíblica ou contrária aos ensinamentos da Igreja Católica, é uma atitude negativa e até mesmo anti-cristã. Aqueles que dizem que os envolvidos em curas entre gerações são induzidos em erro por influência da Nova Era, estão realmente se contradizendo, porque eles não acreditam na existência do pecado ou espíritos malignos, que é um equívoco generalizado da Nova Era, e assim, de fato, acabam contribuindo involuntariamente para a disseminação na crença da mesma e demais movimentos esotéricos. Hoje há uma forte tendência a negar a existência do diabo, que é uma tática do diabo em si, de modo que os crentes não podem estar dispostos a travar uma batalha contra Satanás - isto está claramente contrário aos ensinamentos das Sagradas Escrituras e da Igreja (I Pd 5, 8-9; Ef 6, 10-17).

Um crítico, demonstrando uma atitude preconceituosa, injusta e implicitamente venenosa escreve: "Algumas dessas pseudo-curas carismáticas são realmente uma tentativa de desvendar e explicar o inexplicável". Deixe-o saber, com humildade de coração, que há muitos mistérios de Deus, que estão além da nossa compreensão, mas o Espírito de Deus na Igreja através de seus ensinamentos os torna compreensíveis e disponíveis para o povo de Deus (I Cor 2, 9). Eu não digo que as almas dos mortos estão vagando como fantasmas para captar e motivar as pessoas, mas sabemos que há ocasiões em que o Deus Todo-Poderoso permite que as almas que partiram visitem os homens de oração para implorar as orações de tais homens. Nós devemos saber que quando alguém está em pecado, ele pertence a Satanás (I Jo 3, 8). Quando uma pessoa continua em pecado acrescentando pecados sobre pecados, o diabo tem uma relação estreita e íntima com ela, mantendo-a na escuridão e cegueira da alma, não permitindo que ela se arrependa, mas a obriga a ficar dura de coração (Rm 1, 21; II Coríntios 4, 4; Ef 4, 18-19). Se tal pessoa morre sem o arrependimento, a sua alma definitivamente vai para o julgamento de Deus, mas, Satanás, que estava influenciando-o para o pecado, ainda pode permanecer tentando influenciar outras almas, próximas a ele. (Lc 11, 24-26; I Pedro 5, 8 ). Estes são os espíritos que devem ser expulsos através de orações de libertação.

Caso contrário, podem se comportar com pessoas e famílias da mesma forma que eles se comportaram no passado com os pecadores. Eu oro por libertação, no meu ministério de cura, e posso testemunhar os maravilhosos efeitos dessa libertação na vida das pessoas e de suas famílias. Há famílias que são entregues ao poder de Satanás através de "pactos com Satanás e /ou consagração a Satanás", etc. Eu acredito que um sacerdote ungido tem o poder de desfazer tais pactos para libertar as famílias da escravidão que isso acarreta.

Não se deve tomar as táticas de Satanás levianamente, dizendo que são fenômenos psicológicos e que elas são apenas para aqueles que os temem, ou se preocupar com eles! É o resultado de pura ignorância dos professores e acadêmicos, que não têm qualquer experiência pastoral com as pobres almas vítimas, que sofrem sob o poder de Satanás. Jesus fez expulsar Satanás e Ele deu esse poder (carisma) para os apóstolos e discípulos (Mc 1, 21-25; Mt 10, 1; Lc 10, 18-20). Jesus disse aos judeus que se opunham a Ele e tentavam matá-Lo: Vós fazeis as obras de vosso pai. (...)  Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai.” (Jo 8, 41, 44). Os judeus tinham a tradição "de matar os profetas”, de modo que o espírito de assassinato foi transmitido através das gerações, e é isso a que Jesus se referiu neste trecho. Como podem os críticos explicar a influência claramente diabólica de Satanás sobre as crianças inocentes criadas em famílias aparentemente normais, senão a título de posse ou de opressão! Talvez os padres bons e santos, como o Padre Amorth, possam contribuir para esclarecer este assunto a aqueles que estão na ignorância.

Se o que está escrito no Antigo Testamento é só para os judeus da época, por que nós cristãos ainda deveríamos ler o Antigo Testamento? É triste quando alguém proclama que tudo o que é dito no Antigo Testamento sobre o assunto das famílias é exclusivamente aplicável aos judeus daquela época e não a nós. A grande preocupação e o amor que Deus tem pelas famílias podem ser claramente apreciados tanto no Antigo como no Novo Testamento. Agradeço a Deus porque um crítico, pelo menos, mencionou que os Dez Mandamentos são aplicados durante todo o tempo, até o fim do mundo. É nos ensinamentos dos Dez Mandamentos, de acordo com a pregação e da revelação de Moisés, que encontramos a menção de maldições sobre aqueles que não guardam os mandamentos (Dt 26, 16-19; 27, 14-26; 28, 15-68).

É visto ali muito claramente que pragas, doenças, calamidades, catástrofes naturais, falhas, etc, etc cairão sobre aqueles que desobedecem a palavra de Deus e seus mandamentos. O livro de Isaías fala de uma praga que devora a terra, "A terra está contaminada por causa dos seus habitantes que têm transgredido as leis, violaram os estatutos, e quebrado a aliança antiga. Por isso a maldição devora a terra e seus habitantes pagam a sua culpa" (Is 24, 5-6). E o Novo Testamento diz muito claramente: "Maldito todo aquele que não persevera em fazer todas as coisas escritas no livro da lei" (Gl 3, 10), e a seguir, lemos: "Cristo remiu-nos da maldição da lei, fazendo-se por nós maldição" (Gl 3, 13). Como os ministros católicos têm o dever de administrar o perdão e a reconciliação dos fiéis com a autoridade e o poder dado a eles por Jesus Cristo através da Igreja, eles têm igualmente o dever e a obrigação de quebrar as maldições e as más conseqüências que se sucedem à desobediência dos mandamentos.

A crítica que a crença em maldições ancestrais ou maldições de gerações é a perversão da doutrina católica do pecado original é ridícula. Na verdade, a doutrina católica sobre o pecado original e da eliminação de suas conseqüências por meio do batismo cristão é, por si só é uma confirmação da teoria de que o efeito do mal do pecado pode sim, ser transferido através das gerações e que pode ser removido pelos sacramentos e orações. Se ainda somos afetados pelo pecado dos primeiros pais da primeira família na terra, quanto mais os pecados de nossos antepassados em nossas famílias, a quem temos uma relação muito próxima de sangue, afetam negativamente as nossas vidas! Eu concordo que os sacramentos têm grande poder para quebrar maldições e tirar as consequências negativas de todos os pecados cometidos por nossos antepassados, e que é atribuição do ministério de cura instruir os fiéis a recorrer aos sacramentos, as orações de penitência, e sacrifícios na Igreja para obter cura e libertação.

Na verdade, são os ministérios de cura que estão trazendo os cristãos a uma profunda experiência do poder dos Sacramentos da Igreja, especialmente o Sacramento da Reconciliação e da Eucaristia.

Deus criou a humanidade como família, macho e fêmea os criou e colocou-os juntos como marido e mulher. E Ele os salva como famílias (Gen 1, 27-28, Atos 16, 31). A vida em família tem suas raízes na primeira página da Bíblia e toda família no céu e na terra tem sua origem em Deus, nosso Pai que é amor (cf. Ef 3, 15). Ninguém pode negar o fato de que hoje a maioria dos problemas na sociedade e na Igreja, devem-se ao desunião das famílias de hoje - a família é a célula-base e o fundamento de toda a sociedade. Pessoas boas e más são criadas em famílias boas ou más. A história da humanidade, a história da salvação, passa através da família. A humanidade começou como família, continua como família, e há os documentos sobre a vida familiar no estado do Vaticano que afirmam; "A família é uma Igreja doméstica".

Assim, vemos que a família desempenha um papel importante na constituição da Igreja na sua integridade e inviolabilidade. Hoje você pode ir a qualquer conselheiro ou psicólogo, relatando algum problema mental ou neurológico, e a primeira pergunta que ele fará a você será: "Existe alguém na família com o mesmo problema?" Os médicos todos em geral também fazem a mesma pergunta. Por que tal pergunta? As características, comportamentos e personalidades, tanto boas como também as más, podem ser transferidos através do sangue dos pais para os filhos. Há um ditado muito antigo que diz: “Tal pai, tal filho”, e esse ditado é válido, ainda hoje.

Eu concordo plenamente que não devemos culpar nossos pais e antepassados de todos os nossos problemas existentes, mas não posso negar o fato de que há muitos problemas que são originários de algum ramo da árvore genealógica,  de membros da família afetados anteriormente. Jesus cobrou os judeus pelo sangue dos profetas mortos pelos seus pais: Por isso, também disse a sabedoria de Deus: Enviar-lhes-ei profetas e apóstolos, mas eles darão a morte a uns e perseguirão a outros. E assim se pedirá conta a esta geração do sangue de todos os profetas derramado desde a criação do mundo, desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi assassinado entre o altar e o templo. Sim, declaro-vos que se pedirá conta disso a esta geração!” (Lc 11, 49-51). Em Mateus está escrito: " Acabai, pois, de encher a medida de vossos pais!" (Mt 23, 32).

Quando os judeus se recusaram a aceitar a mensagem do Evangelho pregado por Estevão, ele acusou-os, assim: “Homens de dura cerviz, e de corações e ouvidos incircuncisos! Vós sempre resistis ao Espírito Santo. Como procederam os vossos pais, assim procedeis vós também!" (Atos 7, 51).

Talvez a atitude do ateísmo, a idolatria, a arrogância, a imoralidade, ou qualquer outro traço negativo pode ser transferido de geração em geração através de uma relação de sangue, como de fato, a genética simples.

O autor inspirado do livro do Apocalipse refere-se ao espírito de Jezabel, que perturbou a igreja de Tiatira, " Mas tenho contra ti que permites a Jezabel, mulher que se diz profetisa, seduzir meus servos e ensinar-lhes a praticar imundícies e comer carne imolada aos ídolos." (Ap 2, 20). No livro de Reis, lemos sobre os costumes pagãos de Jezabel, a esposa de Acabe, que foi influenciado por ela a tomar injustamente a vinha de Nabote, um vizinho pobre, depois de matá-lo, para cultivar a adoração de Baal e de apoio aos seus profetas, exterminando os profetas do Senhor. Ela conspirou para matar o profeta Elias, que xingou (I Rs 19, 1-2; 21, 1-14; II Rs 9, 22,30-37).

Seu nome é usado de uma forma enigmática no livro do Apocalipse com uma alusão óbvia à Jezebel de I e II Reis, e é provavelmente aplicado a uma profetisa de Tiatira que estava fazendo os mesmos males ao cristianismo, por isso é incoerente dizer que não há qualquer referência no Novo Testamento a qualquer espírito maligno ou qualidades negativas transferidos através das gerações, ou sobre a necessidade de curas entre gerações.

Não é um conceito mítico importado de seitas fora da Igreja, rezar pela cura das árvores genealógicas. "A maldição do SENHOR habita na casa do ímpio ..." (Pv 3, 33). "A casa dos perversos será destruída ..." (Provérbios 14, 11). "Sim, aflição e angústia virão sobre todo o ser humano que pratica o mal ..." (Rm 2, 9). A leitura do Livro do Eclesiástico no trecho 41, 5-9 dará muita luz sobre este assunto, de como as crianças são afetadas pela iniqüidade dos pais. O livro da Lamentação diz: "Nossos pais que pecaram, não são mais, mas nós carregamos a culpa" (Lam 5, 7).

Creio que a Palavra de Deus não pode ser alterada, porque é a verdade. A solução sugerida para a cura efetiva de uma árvore de família é principalmente o perdão e a reconciliação. Quando executo meu ministério, sempre exorto às pessoas que perdoem todos os parentes da família, especialmente os pais e os ancestrais, e se reconciliem com todos eles, com muito amor no coração, para pedir perdão a Deus pelos seus pecados, para fazer orações, penitência e caridade em seus nomes, para receber a Sagrada Comunhão pelas suas almas e para oferecer missas por eles. Porque Jesus nos amou tanto que tomou nossos pecados sobre Si, e de acordo com as Escrituras, Ele se fez pecado por nós (II Coríntios 5, 21). Se realmente amamos uma pessoa, podemos também ter os seus pecados em cima de nós e pedir o perdão e a misericórdia de Deus por eles. O Senhor em Sua compaixão, vendo o nosso amor sincero, perdoará os seus pecados.

É errado supor que ninguém pode batizar uma criança abortada ou mesmo natimorta. Talvez isso seja baseado na ignorância da palavra de Deus, que afirma que o batismo é necessário para a salvação (Mc 16, 16). O texto de São Paulo em I Coríntios 15, 29 demonstra claramente que o batismo "em nome dos mortos" era uma prática comum na Igreja primitiva. O texto apenas vem confirmar a fé na ressurreição dos mortos. É muito infantil dizer que os católicos não podem fazê-lo simplesmente porque os Mórmons o fazem! A Igreja Católica teve grande influência sobre as boas práticas de outras Igrejas e até mesmo de outras religiões.

O poder e a bênção da morte vicária de Jesus, que recebemos nos sacramentos, têm grande efeito sobre aqueles que estão vivos e mortos. Nós católicos, oferecemos a Santa Missa para os mortos, porque acreditamos que o poder da Missa irá salvar as almas do purgatório. Assim também, dando o batismo para os mortos, estamos afirmando e realçando o enorme poder de salvar que possui o sacramento do batismo. É triste que mesmo alguns teólogos católicos não acreditem suficientemente na ressurreição dos mortos, que não aconselhem as pessoas a rezar por eles ou ofereçam missas para eles. Essa tem sido a prática da Igreja desde seus primórdios, rezar por aqueles que já faleceram, porque acreditamos na comunhão dos santos.

Através de meus ensinamentos, eu tento fazer com que as pessoas retornem para esta boa e velha tradição de rezar pelas almas do purgatório. Quando as almas, mesmo falecidas há muito tempo, sem ter tido contato com os membros da família atual, são salvas do purgatório pelas boas ações de seus familiares, eles vão interceder por eles e suas próprias famílias no céu. Então eu digo, "Tornem santos os seus antepassados por suas orações e sacrifícios para que no céu elas intercedam por você diante de Deus".

Para finalizar, as práticas de cura da árvore genealógica e cura de gerações são assuntos novos na Igreja Católica. Muito estudo e discernimento são necessários sobre estes temas. O Magistério da Igreja, sem prejuízo, deve testar tudo e reter o que é bom (I Tessalonicenses 5, 20). Permitir que a condenação pura e simples vença é uma atitude injusta e anti-cristã. A Igreja deve ver a boa intenção de quem reza pela cura das famílias e os bons resultados que essa prática traz às famílias. Tenho centenas de bons testemunhos, especialmente com aqueles que assistiram os meus retiros para casais.

Os ministros deste ministério de unção de cura devem ser suficientemente humildes e abertos para os conselhos e correções do magistério. Porque o ministério de cura não é levado a sério pela Igreja, muitos fiéis católicos estão buscando a cura através de gurus e curandeiros pertencentes a outras religiões e seitas, sendo vítimas de práticas esotéricas e Nova Era, que inculcam-lhes práticas como:  "Exposição de família", respirar "sobre as famílias”, "lavar as árvores de família", etc, realizadas por energias cósmicas e poderes ocultos.

Este é o tempo que a Igreja, mãe de todos os cristãos, sabendo reconhecer os sinais dos tempos, deve ajudar os feridos e as famílias a obterem a cura espiritual e física, através do exercício dos carismas do bom pastor, que vai atrás das ovelhas feridas e dispersas ligar-lhes as feridas e curá-las, pelo poder eficaz dos sacramentos, dos sacramentais, dos carismas e das orações da Igreja. Como o salmista, que orou para se curar e se libertar da culpa e dos efeitos do mal dos pecados dos antepassados, vamos também elevar a nós mesmos e nossas famílias ao Coração de Jesus, de onde a água da vida e Seu Sangue fluem, para curar e para dar nova vida. Como nossos pais, nós também pecamos, cometemos a iniqüidade, praticamos o mal.” (Sl 105, 6).
 
(Pe. James é da ordem dos Missionários de São Francisco de Sales do Oeste da Província do Sul da Índia, licenciado e doutorado em Filosofia, Teologia e Antropologia, renunciou à sua cátedra por causa do ministério da pregação, tem viajado por mais de 87 países nos cinco continentes, pregando retiros de cura e convenções a todas as classes de pessoas.)

 (Correçao e adaptaçao, Maria Fernanda Rogado)


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