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Artigo N.º 1765 - O CORDEIRO DE DEUS - Parte 3
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Postado em: 14/06/09 às 14:28:03 por: James
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31 Dezembro 2003

Neste novo texto, apresentaremos parte da chamada vida oculta de Jesus. De fato, os Evangelhos citam as passagens do nascimento Dele, depois falam da passagem da perda no Templo de Jerusalém, aos 12 anos, e depois vão retomar apenas nas passagens do início da vida pública, aos 30 anos de idade. E milhões de pessoas sempre tiveram a curiosidade de saber o que aconteceu com Ele durante aqueles anos.

 

Na verdade Jesus jamais ficou parado. Desde a mais tenra infância, pela vida inteira, Ele sempre esteve trabalhando ciosamente na missão que Lhe foi confiada pelo Pai. Não sendo somente exemplo de vida, mas também doutrinando a todos aqueles que viviam ao seu redor, também visitando escolas, mas, sobretudo, rezando e meditando para fortalecer sua parte homem, preparando-o para o imenso sacrifício da cruz. Nesse tempo Ele fez grandes viagens, retornando inclusive ao Egito onde a família de Nazaré vivera por alguns anos, e depois visitando os três reis magos, em seus países de origem. Todas estas visões, teve a privilegiada serva Ana Catarina, conforme relata a seguir.  

 Família, amigos, infância e mocidade de Jesus – A Vida Oculta de Jesus!

A Escritura Sagrada diz: “Quando veio a plenitude dos tempos, enviou Deus o seu Filho, nascido de mulher, sujeito à lei, a fim de remir os que estavam debaixo da lei, para que recebêssemos a adoção de filhos”. (Gal. 4, 4-5).
Essas palavras nos ensinam que, com a vinda do Redentor a este mundo, começou uma era nova, a qual a Escritura Sagrada chama a plenitude e consumação de todos os tempos.
A era de Jesus Cristo foi a plenitude dos tempos, porque nele se cumpriram todas as predições dos profetas. Foi-o também, porque em Jesus Cristo começou a última e perfeita era.
Quantos períodos já tinham passado antes de começar esta última e mais sublime era! Segundo o que nos ensinam as ciências, tanto as profanas como as sagradas, já a haviam precedido muitos e, em parte, longos espaços de tempo. Assim a era sideral, em que foram criados por Deus, os astros, com o respectivo movimento e desenvolvimento; depois a era telúrica, em que a terra, até então uma massa ígnea em fusão, começou a formar em si uma crista firme, mais e mais espessa.
Depois a era orgânica, em que Deus ornou e encheu a terra de plantas e animais; afinal a era histórica, que teve princípio com a criação dos primeiros homens. Mas esta última teve ainda diversos períodos; pois no princípio ficaram os homens sob o império da lei natural, que Deus lhes gravou em letras indeléveis na consciência; com ela todos os homens conhecem o que devem fazer ou deixar de fazer e por isso Deus exige a observação dessa lei de todos os homens, mesmo dos pagãos que não o conhecem. Mas Deus não se contentou com isso; quis entrar em relações com os homens, pela graça e assim conduzir aqueles que Lhe obedecessem, a uma união mais íntima consigo.
Mas também nesse desígnio procedeu gradualmente. A primeira aliança foi a que começou pela escolha de Abraão para ser pai do povo de Israel e acabou com a promulgação da lei, no monte Sinai. Em conseqüência dessa aliança, entrou o povo de Israel em relações mais estreitas com Deus. Recebeu d´Ele um culto novo, novas leis e a promessa consoladora de que do seu seio proviria o Salvador.
Para esse fim, serviam todas as leis especiais, cerimônias e preceitos do Velho Testamento; até dos pecados e das desgraças do povo israelita sabia o Senhor, pela sua Divina Providência, dirigir os efeitos, de modo que lhe serviam aos divinos desígnios. Sob esse ponto de vista encara a Serva de Deus especialmente a formação daquela família, da qual devia nascer o divino Salvador.
Quando o Redentor apareceu neste mundo, terminou a velha Aliança, porque estava realizado o seu fim: os bons, entre os judeus e também entre os gentios, reconheceram o seu estado pecaminoso e a necessidade da salvação, anelando ansiosos pelo Messias.
Começou então uma segunda Aliança, abundante em graças, a qual foi confirmada no monte Sião, em Jerusalém, pela vinda do Espírito Santo, no dia de Pentecostes. Com essa Nova Aliança, que durará até o fim do mundo, principiou a consumação dos tempos, na qual foi proporcionada aos homens pecadores a salvação abundante em Jesus Cristo e pela qual somos elevados do estado de servidão ao estado de liberdade e à dignidade de filhos de Deus.

Da família altamente privilegiada de Nosso Senhor

O evangelista S. Mateus começa a genealogia do Divino Salvador, segundo a sua humanidade, com as seguintes palavras “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão”. Reduz assim a linhagem do Salvador a Abraão, o pai do povo de Israel. Jesus descendeu dele por Judá e Davi; era, portanto, da tribo de Judá e da família real de Davi.

Catharina Emmerich narra a seguinte visão:

“Vi a linhagem do messias dividir-se em Davi em dois ramos. A direita passou a linha através de Salomão, acabando em Jacó, pai de José, esposo de Maria. Essa linha corria em direção mais alta; partia em geral da boca e era inteiramente branca, sem cores. As pessoas ao lado da linha eram todas mais altas do que as da linha oposta. Todas seguravam na mão uma haste de flor, do tamanho de um braço, com folhas semelhantes às da palmeira, que se dependuravam em volta do ramo.
Na ponta da haste havia uma flor campanada, branca, com 5 estames amarelos, que espalhavam um pó fino. Três membros desta linha, antes do meio, contados de cima, estavam eliminados, enegrecidos e ressequidos. As flores variavam em tamanho, beleza e vigor; a de José era de grande pureza, com as pétalas frescas e brancas, era mais bela. Vi esta linha unir-se pelo fim com a linha oposta, por um raio luzido; a significação sobrenatural e misteriosa desse raio me foi revelada: referia-se mais à alma e menos à carne; tinha algo da significação de Salomão; não sei explicá-lo bem.
A linha da esquerda passou de Davi por Natan até Helí, que é o verdadeiro nome de Joaquim, pois recebeu este nome só mais tarde, como Abrão o de Abraão. Eu sabia o motivo desta troca e sabê-lo-ei talvez de novo. José foi chamado muitas vezes nas minhas visões “filho de Helí”. Toda essa linha vi passar mais baixo; tinha diversas cores e manchas cá e lá, mas saía depois mais clara. Era vermelha, amarela e branca; não havia azul. As pessoas ao lado eram menos altas do que as do lado oposto; tinham ramos mais curtos, pendentes para o lado, com folhas verde-amarelas e dentadas, os quais rematavam em um botão avermelhado, da cor da rosa silvestre; em parte estavam vigorosos, em outra parte murchos; o botão não era tanto um botão de flor, mas um ovário e sempre fechado.
Sant’Ana descendeu, pelo pai, da tribo de Leví, pela mãe, da de Benjamin. Vi alguns de seus avós carregarem a Arca da Aliança, mui piedosos e devotos e notei que receberam nessa ocasião raios do mistério, os quais se lhe referiam à descendência: Ana e Maria. Vi sempre muitos sacerdotes freqüentarem a casa paterna de Ana, como também a de Joaquim; daí o parentesco com Isabel e Zacarias.
No ramo de Salomão havia diversas lacunas; os frutos, estavam mais separados, mas as figuras eram maiores e mais espirituais. As duas linhas tocaram-se várias vezes; três ou quatro membros, talvez, antes de Helí, se cruzaram, acabando afinal em cima, com a SS.Virgem Maria. Creio que nesses cruzamentos já vi principiar o sangue da SS. Virgem.”
Os membros eliminados significam provavelmente ascendentes pecaminosos do Salvador. Se bem que Ele mesmo seja o “Santo dos Santos” e também tenha por Mãe uma Virgem Imaculada e por pai nutrício S. José, houve, todavia, pecadores e pecadoras entre os seus antepassados, por exemplo, o rei Salomão, Asa, Joram, Achaz, Manasses, Tamar e Betsabé; até duas pagãs: Racháb e Rut. Com certeza Jesus assim o permitiu, para manifestar a sua misericórdia e o seu amor para com os pecadores e também a intenção que tinha, de fazer participar da Redenção os gentios e conduzi-los à eterna bem-aventurança.
Segundo as narrações de Anna Catharina Emmerich, eram os avós de Maria Santíssima piedosos Israelitas, que estavam em íntimas relações com os Essenos, os quais formavam uma espécie de ordem religiosa.
“Vi os avós da SS.Virgem, conta Anna Catharina, gente extraordinariamente piedosa e simples, que alimentava secretamente o vivo desejo da vinda do Messias prometido. Vi-os levar uma vida mortificada; os casados muitas vezes fizeram a promessa de mútua continência durante certo tempo. Eram tão piedosos, tão cheios de amor a Deus, que os vi freqüentemente sozinhos no campo deserto, de dia e também de noite, clamando por Deus com um desejo tão veemente, que arrancavam as vestes do peito, como para deixar que Deus entrasse pelos raios do sol, ou como para saciar com o brilho da lua e das estrelas a sede que os devorava, do cumprimento da promissão.”
Segundo Anna Catharina, chamava-se Emorun a avó de Sant’Ana e teve do matrimônio com Stolanus três filhas, uma das quais Isméria, foi mais tarde a mãe de Sant’Ana. Ana tinha uma irmã mais velha, chamada Sobe e uma mais moça, com o nome de Maharha e uma terceira, que era casada com um pastor.
O pai de Ana, de nome Eliud, era da tribo de Leví, ao passo que a mãe pertencia à tribo de Benjamin. Ana nasceu em Belém, mas os pais foram depois viver em Seforis, perto de Nazaré. Após a morte de Isméria, Eliud morava no vale de Zabulon. Ali se encontraram Ana e Joaquim e travaram conhecimento. O pai de Joaquim, Matthat, era o segundo irmão de Jacó, pai de S. José. Joaquim, cujo nome legítimo era Helí, e José eram descendentes, pelo lado paterno, da estirpe real de Davi (1). Joaquim e Ana, depois de casados, levaram uma vida piedosa e benfazeja, primeiro em casa do pai, Eliud, depois em Nazaré.
A filha mais velha recebeu o nome de Maria Helí; conheceram, porém, que esta não era a filha da promissão. Ana e Joaquim rezavam muitas vezes com grande devoção e davam muitas esmolas. Assim viveram 19 anos depois do nascimento da primeira filha, em contínuo desejo da filha prometida e em crescente tristeza. Além disso ainda eram insultados pelo povo. Quando um dia Joaquim quis oferecer um sacrifício no Templo, recusou-o o sacerdote, repreendendo-o por sua esterilidade. Joaquim, muito abatido, não voltou a Nazaré, mas viveu cinco semanas escondido, com os rebanhos, ao pé do monte Hermon.
Com isso aumentou ainda a tristeza de Ana, que chorou e rezou muito. Um dia, quando rezava com grande aflição, eis que lhe apareceu um Anjo, anunciando-lhe que Deus lhe ouvira a oração. Mandou-a ir a Jerusalém, onde se encontraria com Joaquim na Porta Áurea.
Na noite seguinte lhe apareceu de novo um Anjo, dizendo que conceberia uma filha santa; e escreveu o nome de Maria na parede.
Joaquim teve também a aparição de um Anjo; foi por isso ao Templo, ofereceu um sacrifício e recebeu nessa ocasião a bênção da promissão ou o santo da Arca da Aliança.
Ana e Joaquim encontraram-se na Porta Áurea, transbordando de alegria e felicidade. Ali, diz Catharina Emmerich, lhes veio aquela abundância da divina graça, pela qual Maria recebeu a existência, somente pela santa obediência e pelo puro amor de Deus, sem qualquer impureza dos pais.”
Desse modo, após muitos anos de oração fervorosa, alcançou esse santo casal, Joaquim e Ana, aquela pureza e santidade, que os tornou aptos para receberem, sem o fomento da concupiscência, a santa filha, que foi escolhida por Deus para ser a Mãe do Redentor.

 

Os discípulos do Senhor e outras pessoas bíblicas

Para facilitar a leitura e a compreensão do livro, damos algumas informações sobre os discípulos de Jesus e outras pessoas mencionadas freqüentemente durante a narração, informações colhidas das comunicações de Anna Catharina Emmerich.
Zacarias e Isabel, os santos pais de S. João Batista, moravam em Juta, perto de Hebron. Por sua conhecida virtude e descendência reta de Aarão, gozavam ambos de alta estima do povo; Zacarias figurava como chefe de todos os sacerdotes que moravam em Juta.
Isabel era filha de Emerenciana, irmã de Isméria, que era a mãe de Sant’Ana. Por isso chama a Escritura Sagrada a Isabel prima de Maria.
Maria, Mãe de Jesus, tinha uma irmã mais velha, de nome Maria Helí, cujos filhos eram Tiago, Sadah e Heliachim.
Uma filha de Maria Helí era chamada pelo nome do pai - Maria Cleophas, que quer dizer Maria filha de Cleophas. Esta teve do primeiro marido, Alfeu, três filhos: Judas Tadeu, Simão e Tiago o Menor e uma filha, Suzana. Alfeu, que era viúvo, trouxe para esse matrimônio um filho, de nome Mateus, antes chamado Leví, que mais tarde tinha uma aduana perto de Betsaida, no lago Genezaré. Do segundo matrimônio, com Sabás, teve Maria Cleophas um filho, de nome José Barsabas, chamado na Escritura Sagrada “Joseph”. Depois da ascensão de Jesus, foi ele, junto com Matias, escolhido para um deles ocupar entre os Apóstolos o lugar de Judas; a sorte designou Matias. Do terceiro matrimônio de Maria Cleophas, com Jonas, irmão mais moço do sogro de São Pedro, nasceu Simeão, que, depois do martírio de seu irmão Tiago o Menor, lhe sucedeu na cadeira de Bispo de Jerusalém.
Todos esses filhos de Maria Helí e Maria Cleophas se tornaram discípulos de Jesus, alguns até Apóstolos (Judas, Simão, Tiago e Mateus). Quatro filhos de Maria Cleophas são chamados no Evangelho “irmãos (isto é, parentes) de Jesus”. (Mat. 13, 55)
Pedro e André eram irmãos germanos; eram filhos de Jonas. Ambos viviam de pescaria e moravam no lago Genezaré; Pedro em Cafarnaum, André em Betsaida. Pedro casou com a viúva de um pescador, a qual lhe trouxe do primeiro matrimônio dois filhos e uma filha; esta será provavelmente a Santa Petronila, muitas vezes mencionada como filha de S. Pedro. Pedro, porém, não teve filhos; tinha quase a idade de Judas Tadeu, cinco anos mais que Jesus. André tinha dois anos mais do que Pedro. Era pai de dois filhos e duas filhas; depois da sua vocação ao apostolado, viveu em perfeita continência.
Tiago o Maior e S. João Evangelista eram também irmãos, filhos de Zebedeu; a mãe chamava-se Maria Salomé e era filha de Sobe, irmã de Sant’Ana e, portanto, tia da Mãe de Deus. Foi ela que um dia apresentou os filhos ao Salvador, pedindo-lhe que os colocasse um à sua direita e o outro à sua esquerda, no reino do céu. S. Tiago tornou-se o Apóstolo da Espanha; seu sepulcro, em Compostela, é um lugar célebre de romaria. São João pregou em Éfeso, na Ásia Menor, onde morreu, na idade de mais de 100 anos, sendo o único dos Apóstolos que teve morte natural. Era o discípulo predileto do Salvador, não somente por sua fidelidade, singeleza e amor, mas também por causa de sua vida casta e pura.
O Apóstolo S. Filipe morava em Betsaida e foi conduzido a Jesus por André.
Bartolomeu era Esseno. O pai, Tolmai, era descendente do rei Tolmai de Gessur, cuja filha era casada com o rei Davi. Como escrivão, Bartolomeu era conhecido de Tomé, que tinha a mesma profissão e vivia em Arimatéia.
De Judas Iscariotes falaremos por extenso no número 20 deste capítulo.
O santo Apóstolo Matias era natural de Belém e pregou o Evangelho na Palestina.
O Apóstolo S. Paulo pertencia à tribo de Benjamin e era natural de Gischala, a três léguas do monte Tabor. Os pais mudaram-se mais tarde para Tarso. Em Jerusalém teve Paulo como mestre o célebre e douto Gamaliel. Antes da conversão era partidário zeloso da lei de Moisés e por isso adversário encarniçado dos cristãos.
O santo evangelista Marcos era pescador perto de Betsaida e tornou-se um dos primeiros discípulos de Jesus.
S. Lucas Evangelista era natural de Antioquia; estudou pintura na Grécia e depois medicina e astronomia numa cidade do Egito. Durante a vida de Jesus, não se lhe associou, nem aos Apóstolos, ficando muito tempo indeciso, até que foi confirmado na fé pelo próprio Senhor, no domingo da Páscoa, em Emaús.
Cleophas, que junto com Lucas foi favorecido com a aparição de Jesus, era neto do tio paterno de Maria Cleophae.
José de Arimatéia (assim chamado porque era natural de Arimatéia) e Nicodemos eram escultores. Ambos moravam em Jerusalém e eram membros do Conselho do Templo
Menção especial merece-nos a família de Lázaro, que tinha íntimas relações com Jesus e sua SS. Mãe. Vindo Jesus a Betânia, onde morava Lázaro, ou a Jerusalém, hospedava-se geralmente em casa de Lázaro, um edifício em forma de castelo, rodeado de jardins e plantações. A irmã de Lázaro, Marta, tinha dois anos menos e Madalena nove anos menos do que ele. Uma terceira irmã, chamada Maria, a silenciosa, que era considerada como mentecapta, não é mencionada nos Evangelhos. Depois da morte dos pais coube a Madalena por sorte o castelo de Mágdala, na banda oriental do lago Genezaré. Na idade de onze anos ali se instalou com grande pompa e começou a levar uma vida suntuosa. Ainda muito moça, deixou-se arrastar à aventuras amorosas, tornando-se assim um escândalo para os irmãos, que viviam muito simples e recolhidos em Betânia.
No começo do segundo ano da vida pública de Jesus, Madalena assistiu a um dos sermões do Divino Mestre e ficou inteiramente perturbada e arrependida; pouco depois ungiu os pés do Salvador, em casa de Simão Zabulon e recebeu nessa ocasião a consoladora certeza de que os pecados lhe foram perdoados. Mas pouco tempo depois recaiu nos mesmos vícios. Pelos insistentes rogos de Marta, deixou-se levar a assistir mais uma vez à pregação de Jesus. Enquanto o Salvador falava, saíram os maus espíritos de Madalena que, muito contrita, se juntou às santas mulheres.
Lázaro recebeu uma prova especial do amor de Jesus na milagrosa ressurreição, depois do corpo já lhe haver estado quatro dias no sepulcro. Outros pormenores sobre Lázaro, Marta e Madalena se encontram nos números 14 e 15 deste capítulo.
O Evangelho e também a vidente mencionam muitas vezes as “santas mulheres”; além das já conhecidas, Maria Helí, Maria Cleophae, Marta, Madalena, Maria Salomé, mulher de Zebedeu e Suzana, filha de Alfeu, pertenciam ao grupo das santas mulheres ainda as seguintes:

1. Verônica, (propriamente: Seráfia) prima de São João Batista e cujo marido, de nome Sirach, era membro do Conselho do Templo.
2. Maria Marcos, mãe de João Marcos, que morava fora dos muros de Jerusalém, defronte do monte das Oliveiras.
3. Joana Chusa, viúva sem filhos, natural de Jerusalém.
4. Salomé, também viúva; morava em casa de Marta, em Betânia; era parenta da família por um irmão de José.
5. Suzana, de Jerusalém, filha do irmão mais velho de José, Cleophas e deste modo parente da família, como Salomé.
6. Dina, a Samaritana, que falara com Jesus no poço de Jacó e que se juntara às santas mulheres, depois da conversão.
7. Maroni, a viúva de Naim, cujo filho, Martialis, Jesus ressuscitara dos mortos.
8. Maria Sufanitis, Moabita, que Jesus livrara de um mau espírito.

Os ascendentes dos três Reis Magos e a viagem destes a Belém

Um dos fatos mais maravilhosos da vida do Divino Salvador é a vinda dos três Reis Magos ao presépio. Surge a pergunta: Como foi possível que três homens de alta posição, com numerosa comitiva, vindos de terras longínquas, chegassem guiados por uma estrela ao presépio de Belém?
Para explicação cita-se geralmente o trecho do livro Números 24, 17; “Uma estrela sai de Jacó, um cetro levanta-se de Israel, que esmagará os príncipes de Moab.” Certamente é este trecho de importância e sem dúvida o conheceram os pontífices dos judeus, melhor do que os chefes das tribos longínquas dos gentios. Contudo, não vieram aqueles ao presépio, mas estes últimos. Logo, não bastava só a estrela, para levá-los lá, faziam-se precisas outras previdências divinas, milagrosas. Quais foram estas, conta-nos a pobre camponesa de Flamske:
“Os antepassados dos três Reis Magos descendiam de Jó, que outrora vivera no Cáucaso. Um discípulo de Balaão anunciara ali a profecia deste, de que apareceria uma estrela de Jacó. Essa profecia achou larga aceitação. Construiu-se uma torre alta, numa montanha. Muitos sábios e astrônomos viveram ali alternadamente; tudo que notavam nos astros, escreviam e ensinavam a todos.
Os chefes de uma tribo da terra de Jó, numa viagem ao Egito, na região de Heliópolis, receberam por um Anjo a revelação de que o Salvador nasceria de uma Virgem e seria adorado pelos seus descendentes. Eles mesmos deviam voltar e estudar os astros. Esses Médos começaram então a observar as estrelas. Diversas vezes, porém, caiu esse estudo em esquecimento, por causa de vários acontecimentos. Depois começou o abominável abuso de sacrificarem crianças, para que a criança prometida viesse mais depressa.
Cerca de 500 anos antes do nascimento de Jesus, estava esse estudo dos astros também em decadência. Existia, porém, a descendência daqueles chefes, constituída por três irmãos, que viviam separados, cada um com sua tribo. Tiveram três filhas, às quais Deus deu o dom de profecia, de modo que ao mesmo tempo percorreram o país e as três tribos, profetizando e ensinando sobre a estrela de Jacó. Então se renovou nessas três tribos o estudo das estrelas e renasceu o desejo da vinda do Menino prometido.
Desses três irmãos descenderam os Reis Magos em linha direta, por 15 gerações, após 500 anos; mas, pela mistura com outras raças, eram de cores diferentes. Desde o princípio desses 500 anos, ficavam sempre alguns dos antepassados dos Reis num edifício comum, para estudarem os astros; conforme as diversas revelações que recebiam, mudavam certas coisas nos templos e no culto divino. Infelizmente continuou ainda entre eles, por muito tempo, o sacrifício de homens e crianças.
Todas as épocas que se referiam à vinda do Messias, conheciam-nas em visões milagrosas, ao observar as estrelas. Desde a Conceição de Nossa Senhora, portanto há 15 anos, essas visões mostravam, cada vez mais distintamente, a vinda da criança. Por fim viram até muitas coisas que se referiam à paixão de Jesus.
Podiam calcular bem o tempo da estrela de Jacó, que Balaão predissera. (Núm. 24, 17); pois viram a escada de Jacó e, segundo o número dos degraus e a sucessão das imagens que nestes apareciam, podiam calcular, como num calendário, a proximidade da Salvação; pois o cume da escada deixava ver a estrela ou a estrela era a última imagem dela. Viam a escada de Jacó como um tronco, que tinha três séries de escalões cravados em roda; nestes aparecia uma série de imagens, que viam também nas estrelas, no tempo da sua realização. Dessa maneira sabiam exatamente que a imagem havia de aparecer e conheciam, pelos intervalos, quanto tempo haviam de esperá-la.
Lembro-me de ter visto, na noite do nascimento de Jesus, dois dos Reis na torre. O terceiro, que vivia a leste do Mar Cáspio, não estava com eles; viu, porém, a mesma visão, à mesma hora, na sua terra.
A imagem que reconheceram, apareceu em diversas variações; não foi numa estrela que a viram, mas numa figura composta de um certo número de estrelas. Divisaram, porém, sobre a lua um arco-íris, sobre o qual estava sentada uma virgem; à esquerda desta, aparecia no arco uma videira, à direita um molho de espigas de trigo.
Vi aparecer diante da Virgem a figura de um cálice ou, melhor, subir ou sair-lhe do esplendor; saindo desse cálice, apareceu uma criancinha e, sobre esta, um disco luminoso, como um ostensório vazio, do qual emanavam raios semelhantes à espigas. Tive nisso a impressão do SS. Sacramento.
Do lado direito da criancinha, que subia do cálice, brotou um ramo, no qual desabrochou, como uma flor, uma igreja octogonal, que tinha um portão grande e duas portas laterais. A Virgem moveu com a mão o cálice, a criança e a hóstia para cima, colocando-as dentro da Igreja e a torre da Igreja levantou-se-lhe por cima e tornou-se por fim uma cidade brilhante, assim como representamos a Jerusalém celeste. Vi nessa imagem muitas coisas, como procedendo e desenvolvendo-se umas das outras.
Os Reis viram Belém como um belo palácio, como uma casa na qual se junta e se distribui muita bênção. Lá viram a Virgem SS., com o Menino, rodeada de muito esplendor e muitos reis se inclinarem diante dele, oferecendo-lhe sacrifícios. Tomaram tudo como realidade, pensando que o rei tinha nascido em tal esplendor e que todos os povos se lhe haviam submetido; por isso foram também lhe oferecer os seus dons. Havia um grande número de imagens naquela escada de Jacó. Vi-as todas aparecer nas estrelas, no tempo do seu cumprimento.
Naquelas três noites, os três Reis Magos viram continuamente essas imagens. O mais nobre entre eles mandou então mensageiros aos outros e, quando viram a imagem dos reis que ofereceram presentes ao Rei recém-nascido, puseram-se também a caminho, com riquíssimas dádivas, para não serem os últimos. Todas as tribos dos astrônomos viram a estrela, mas só aqueles a seguiram.
Alguns dias depois da partida dos reis, vi Theokenos, com o seu séquito, juntar-se aos grupos de Mensor e Sair; Theokenos não tinha estado antes com estes últimos. Cada um dos Reis tinha no séquito quatro parentes próximos da tribo, como companheiros. A tribo de Mensor era de cor agradável, pardacenta; a de Sair parda e a de Theokenos de cor amarela, brilhante.
Mensor era Caldeu; depois da morte de Jesus, foi batizado por S. Tomé e recebeu o nome de Leandro. Sair teve o batismo de desejo; não vivia mais, quando Jesus foi à terra dos Reis Magos. Theokenos veio da Média e era o mais rico; foi batizado e chamado Leão por S. Tomé. Deram-se aos Reis Magos os nomes de Gaspar, Melchior e Baltasar, porque estes nomes lhes designam o caráter: Gaspar - Vai com amor. Melchior - Aproxima-se humildemente. Baltasar - Age prontamente, conformando a sua vontade com a de Deus.
O caminho para Belém era de mais de 700 léguas: fizeram-no em 33 dias, viajando muitas vezes dia e noite. A estrela que os guiava, era como um globo brilhante. Um jorro de luz emanava dela sobre a terra. Vi finalmente chegarem os Reis à primeira vila judaica. Ficaram, porém, muito acabrunhados, porque ninguém sabia coisa alguma do Rei recém-nascido.
Quanto mais se aproximavam de Jerusalém, tanto mais tristes ficavam, pois a estrela se tornava muito menos clara e brilhante e na Judéia a viram raras vezes. Quando pararam, fora de Jerusalém, desaparecera totalmente. Falaram da estrela e da criança recém-nascida, ninguém quis compreendê-los; por isso, tornaram-se ainda mais tristes, pensando que se tinham enganado”.
Anna Catharina descreve ainda a admiração e sensação que a caravana dos Reis Magos causou na cidade; como Herodes, alta noite, mandou chamar Theokenos ao palácio e convidou os Reis a virem apresentar-se na manhã seguinte. Herodes enviou alguns criados a chamarem os sacerdotes e escribas, que se esforçaram por sossegá-lo. Ao nascer do dia, se apresentaram os Reis a Herodes e perguntaram-lhe onde estava o novo rei dos judeus, cuja estrela tinham visto e ao qual tinham vindo adorar. Herodes ficou muito inquieto, informou-se mais sobre a estrela e disse-lhes que a profecia se referia a Belém Ephrata; aconselhou-os a irem silenciosamente a Belém e voltarem depois a informar-lhe, pois que também queria adorar o Menino.
Vi sair de Jerusalém a caravana dos Reis. Vendo de novo a estrela, deram um grito de alegria. Ao cair da noite, chegaram a Belém; então desapareceu a estrela. Muito tempo ficaram diante das portas, duvidando e hesitando, até que viram uma luz brilhante, ao lado de Belém. Então tomaram o caminho para o vale da gruta, onde acamparam. No entanto, apareceu a estrela por cima do outeiro da gruta e uma torrente de luz caiu verticalmente sobre este. De repente se lhes encheram os corações de grande alegria, pois viram na estrela a figura luminosa da criança. Os três Reis Magos aproximaram-se da colina; abrindo a porta da gruta, Mensor viu-a cheia de luz celeste e a Virgem sentada lá dentro, com a criança, como a tinham visto nas visões. Anunciou-o aos outros dois.
S. José saiu-lhes ao encontro, cumprimentando-os e dando-lhes as boas vindas. Então se prepararam para o ato solene que queriam fazer e seguiram S. José. Dois jovens estenderam primeiro um tapete de pano no chão, até a manjedoura. Mensor e os companheiros entraram, caíram de joelhos e Mensor colocou aos pés de Maria e José os presentes; com a cabeça inclinada e os braços cruzados, proferiu palavras comoventes de adoração. Depois tirou do bolso uma mão cheia de barras do tamanho de um dedo, grossas e pesadas, com um brilho de ouro e pô-las ao lado da criança, nas vestes de Maria. Tendo se retirado, com os companheiros, entrou Sair com os seus, prostrando-se, com profunda humildade, com os dois joelhos por terra. Ofereceu com palavras tocantes os presentes, colocando diante do Menino Jesus uma naveta de incenso, feita de ouro puro, cheia de pequenos grãos esverdeados de incenso. Ficou muito tempo de joelhos, com grande devoção e amor. Depois dele se aproximou Theokenos, o mais velho. Ficando em pé, inclinou-se profundamente e apresentou um vaso de ouro cheio de uma erva verde; ofereceu mirra e ficou muito tempo diante do Menino Jesus, em profunda comoção.
Os Reis Magos estavam encantados e repassados de amor e humilde adoração. Lágrimas de alegria caiam-lhes dos olhos; também Maria e José derramaram lágrimas de felicidade. Aceitaram tudo, humildes e gratos; finalmente dirigiu Maria a cada um algumas palavras afáveis.
Após os Reis, entraram também os criados, aproximando-se, cinco a cinco, do presépio; ajoelharam-se em roda do Menino e adoraram-no em silêncio; finalmente entraram também os pajens. Os Reis Magos voltaram mais uma vez ao presépio, vestidos de amplos mantos, trazendo turíbulos nas mãos; incensaram o Menino, Maria e José e toda a gruta, retirando-se depois, com profunda inclinação. Era esta a cerimônia de adoração entre aqueles povos.
No outro dia visitaram os Reis mais uma vez o Menino e de noite vieram despedir-se. Mensor entrou primeiro. Maria pôs-lhe o Menino nos braços; ele chorou, radiante de alegria. Depois vieram também os outros. Maria deu-lhes o seu véu de presente.
Pela meia noite viram no sono a aparição de um Anjo, avisando-lhes que partissem imediatamente, não tomando o caminho de Jerusalém, mas o do Mar Morto. Com incrível rapidez desapareceram as tendas; e, enquanto os Reis Magos se despediam de S. José, já o séquito estava caminhando a toda a pressa, em três turmas, para leste, com rumo ao deserto de Engadi, ao longo do Mar Morto. Vi o Anjo com eles na campina, mostrando-lhes a direção do caminho; de súbito não se avistaram mais.
 O Anjo tinha avisado os Reis bem a tempo; pois a autoridade de Belém, não sei se por ordem de Herodes ou por próprio zelo, tinha a intenção de prender os Reis, que dormiam na estalagem, fechá-los, sob a sinagoga, onde havia adegas profundas e acusá-los perante o rei Herodes de desordens públicas. Mas de manhã, quando se soube da partida dos Magos, estes já estavam perto de Engaddi, e o vale onde haviam acampado estava quieto e deserto como dantes, nada restando do acampamento, fora algumas estacas de tendas e os rastos do capim pisado”.
Em memória da visita dos três Reis Magos ao presépio é que se celebra, todos os anos, a festa de Reis. A Escritura Sagrada chama-os apenas os “Magos”, mas o povo deu-lhes, desde os primeiros tempos, o título de “Reis”, talvez induzido pela profecia de Davi: “Os reis de Tharsis e das ilhas oferecer-Lhe-ão dons; os reis da Arábia e de Sabá trar-Lhe-ão presentes”. (S. 71, 10).
A festa de Reis é uma das mais antigas da Igreja cristã, mais antiga do que a de Natal. É prova de que esse acontecimento fez grande impressão aos amigos de Jesus. Em verdade era um fato maravilhosíssimo virem três príncipes do Oriente, com numeroso séquito, guiados por uma estrela, prestar adoração ao Menino Jesus no presépio, ao passo que Israel não conheceu o seu Senhor.
Só Deus pode criar estrelas e, sobretudo uma estrela que guia homens e pára por cima do presépio: é um milagre grandioso, que só Deus, o Senhor da natureza, pode operar. Foi, pois, esse acontecimento uma prova de que tinha chegado verdadeiramente o cumprimento dos tempos e de que Jesus era mais do que um homem comum.
A vinda dessa caravana numerosa e estranha devia dirigir os olhares de todo o povo para Belém; tinha todo o cabimento a pergunta: Então chegou o tempo em que deve vir o Messias? Desse modo foram preparadas todas as almas que amavam a Deus, ao reconhecimento de Jesus como Messias; os infiéis, porém, tornaram-se mais culpados.

Apresentação de Jesus no Templo e fuga para o Egito

A santa vontade de Deus exigia a apresentação de Jesus no Templo, tanto mais necessária, quanto é certo que o nosso Divino Salvador tinha a vocação de oferecer-se ao Pai celeste como sacrifício de expiação pelos pecados dos homens. Sacrificou-se em espírito, desde o começo da vida, como lemos na Escritura Sagrada. Mas esse oferecimento havia de fazer-se também publicamente, tanto por seus santos pais, como por ele mesmo, ao ser apresentado no Templo.
“Na madrugada do dia seguinte, conta a Serva de Deus, vi a Sagrada Família dirigir-se ao Templo. Entraram num pátio do Templo, que era cercado de muros. Maria, com o Menino, foi recebida por uma matrona idosa, que a conduziu por um corredor ao Templo. Nesse corredor veio o velho Simeão, cheio de santa esperança, ao encontro da SS. Virgem. Ele vira, no dia anterior, um Anjo que lhe aparecera e avisara de que prestasse atenção ao Menino que no dia seguinte seria apresentado em primeiro lugar: era o Messias. Simeão dirigiu algumas palavras à Maria, cheio de júbilo e, tomando o Menino nos braços, apertou-o ao coração. A SS. Virgem foi depois conduzida aos átrios do Templo, onde a receberam Ana, que também tivera uma visão e Noemi, sua antiga mestra.
Simeão levou Maria à mesa do Sacrifício, sobre a qual ela colocou o Menino Jesus, num bercinho de vime. Nesse momento, vi que o Templo se encheu de uma luz inefável. Vi que Deus estava nessa luz e, por cima do Menino, vi o céu aberto, até ao trono da SS. Trindade. Simeão reconduziu então Maria ao lugar das mulheres. Ele e três outros sacerdotes tomaram as vestes sacerdotais. Um deles colocou-se atrás e outro diante da mesa do sacrifício; os outros dois, nos lados estreitos da mesa, orando sobre o Menino.
Maria, conduzida de novo à mesa do sacrifício, ofereceu frutas, algumas moedas e um par de rolas. O sacerdote, porém, de trás da mesa, tomando o Menino nos braços, levantou-o e moveu-o para diversos lados do Templo, orando por muito tempo. Entregou depois o Infante a Simeão, que o depositou nos braços de Maria, orando sobre esta e o Menino. A SS.Virgem retirou-se depois ao lugar das mulheres, ao qual, entretanto, cerca de vinte mães já haviam chegado, com os primogênitos para os apresentar. José ficou mais para trás, no lugar dos homens.
Então começaram os sacerdotes diante do altar uma cerimônia com incenso e orações. Tendo acabado esse ato, dirigiu-se Simeão à Nossa Senhora, e, tendo recebido a criança nos braços, falou muito a respeito do Menino, com entusiasmo, alegria e em alta voz. Louvando a Deus, por ter cumprido a sua promessa, exclamou: “Agora, Senhor, deixai partir o vosso servo em paz, conforme Vossa palavra. Pois meus olhos viram a Vossa salvação, que preparastes diante dos olhos das nações: luz para aclarar os gentios e glória de Israel, vosso povo.”
José aproximara-se depois do sacrifício, escutando respeitosamente, juntamente com Maria, as palavras entusiasmadas de Simeão, que abençoou a ambos, dizendo depois a Maria: “Este menino veio ao mundo para a ruína e ressurreição de muitos em Israel e para ser um sinal de contradição. Vós mesma tereis a alma varada por uma aguda espada e assim serão patenteados os corações de muitos”.
Tendo Simeão acabado de falar, começou também a profetisa Ana, inspirada pelo Espírito Santo, a glorificar o Menino Jesus, felicitando à SS. Virgem. Esta luzia, como uma rosa celeste. Oferecera o sacrifício mais pobre, exteriormente; mas José deu secretamente a Simeão e à Ana muitas barras pequenas amarelas, para serem empregadas em beneficio das Virgens pobres do Templo. Depois do sacrifício, partiu a Sagrada Família, seguindo logo, através de Jerusalém, para Nazaré.
Maria, a Virgem Puríssima, Imaculada, sujeitou-se humildemente à lei da purificação, escondendo deste modo também o seu alto privilégio. Apesar de tão belo ato de humildade, devia o gládio da dor atravessar-lhe a alma. Dor e sofrimento, considerados à luz da fé, não são males, mas uma fonte de bênção e graça. A profecia de Simeão atravessou dolorosamente o brando Coração materno de Maria, mas em pouco, esse Coração havia de sofrer uma nova dor veemente, quando se viu forçada a fugir de Nazaré para o Egito, a fim de salvar o Menino Jesus, das garras dos assassinos, enviados por Herodes. Ouçamos o que Anna Catharina nos narra a respeito:
“Vi um jovem resplandecente aproximar-se da cama de José e falar-lhe. José acendeu uma luz e, batendo à porta do quarto de Maria, pediu licença para entrar. Vi-o entrar e falar-lhe. Depois, foi à estrebaria dos jumentos e a um quarto. Aprontou tudo para a viagem. Maria vestiu-se imediatamente para a fuga e foi à casa de sua mãe, Sant’Ana, anunciando-lhe a ordem de Deus. Ana abraçou à SS. Virgem diversas vezes, chorando. Maria Helí prostrou-se no chão, desfazendo-se em lágrimas. Ambas apertaram, mais uma vez, o Menino Jesus de encontro ao coração. Ainda não era meia noite, quando abandonaram a casa. Maria levava o Menino Jesus, em uma faixa, diante de si; vestia um manto largo, que a envolvia e ao Menino”.
Vi a Sagrada Família passar, ainda de noite, por alguns lugarejos e descansar, pela manhã, em um rancho. Só três vezes acharam, durante a fuga, uma estalagem para pernoitar. Nos outros dias, com os freqüentes e penosos desvios, dormiam sempre em barrancos, cavernas e lugares desertos, longe da estrada. Viajavam sempre à distância de uma milha da estrada real, sofrendo falta de tudo. Vi-os chegar cansados e abatidos a uma gruta, perto de Efraim. Mas, para os refrescar, brotou uma fonte da terra e aproximou-se-lhes uma cabra selvagem, que deixou ordenhar-se por eles; apareceu-lhes também um Anjo, que os consolou.
Tendo passado o território de Herodes e entrado num vasto deserto arenoso, não viram mais caminho, nem sabiam a direção; diante de si, viram serras inviáveis. A Sagrada Família estava muito angustiada; ajoelharam-se, pedindo a Deus socorro. Então vieram algumas feras enormes, que olharam para as serras, correram para frente e voltaram para trás, como cães que querem conduzir alguém a certo caminho.
A Família Sagrada seguiu finalmente às feras, atravessou a montanha (Séir?) e entrou numa região deserta e inóspita. Vi-a cercada por uma quadrilha de salteadores: o chefe, com cinco ou seis homens. A princípio estes se mostraram malévolos; mas à vista do Menino Jesus, tocou um raio de graça o coração do chefe, que proibiu à sua gente fazer mal aos viajantes.
Conduziu a santa Família à sua cabana, na qual a mulher lhes ofereceu alimentos; trouxe também uma gamela com água, para que Maria nela banhasse a Jesus. Nossa Senhora aconselhou-lhe que banhasse na mesma água o filho morfético. Esse menino estava cheio de lepra, mas, apenas mergulhado na água, caíram-lhe as crostas da enfermidade e tornou-se são e limpo. A mulher ficou fora de si, de alegria. Tive uma visão, na qual conheci que o menino curado se tornou, mais tarde, o bom ladrão.(São Dimas)
Pela madrugada, a Sagrada Família continuou a viagem pelo deserto e, tendo perdido de novo o rumo, vieram animais rasteiros mostrar-lhe o caminho. Mais tarde viam sempre brotar uma rosa de Jericó, ao alcance da vista.
Havendo chegado já às terras do Egito, vi a Família Sagrada lânguida de sede, passar por um mato, em cuja orla havia uma tamareira. As frutas pendiam do alto da árvore. Maria aproximou-se com o Menino Jesus e, levantando-o, rezou; então se inclinou a tamareira com a copa, de modo que lhe puderam colher todos os frutos.
A Sagrada Família tomou o caminho de Heliópolis, cidade do Egito. Em frente às portas dessa cidade havia um grande ídolo, uma cabeça de touro sobre uma coluna, como pedestal. Sentaram-se os viajantes não longe dela, debaixo de uma árvore, para descansar. Pouco tempo depois se deu um abalo da terra; o ídolo vacilou e caiu do pedestal. Houve por isso na cidade grande alvoroço entre o povo.
A Sagrada Família entrou pela cidade e foi morar sob um baixo alpendre. José construiu, diante dessa morada, uma sacada, de madeira. Vi-o trabalhar muito em casa, como também fora e vi a Virgem Santíssima tecendo tapetes ou fazendo outros trabalhos. Moraram perto de ano e meio em Heliópolis; tiveram, porém, de sofrer muitas perseguições, depois de terem caído ainda outros ídolos, num templo vizinho. Pouco antes de deixar a cidade, teve a Santíssima Virgem, por um amigo, notícias da matança das crianças de Belém, Maria e José ficaram muito tristes; o Menino Jesus, que já podia andar, chorou durante todo o dia.
Por causa da perseguição e por falta de trabalho, saiu a Sagrada Família de Heliópolis e, indo ao interior do país, em direção a Mênfis, veio para Mataréia, onde José executou muitos trabalhos de construção. À chegada, caiu também o ídolo de um pequeno templo e, mais tarde, todos os ídolos.
Vi como o Menino Jesus, pela primeira vez, buscou água da fonte para sua Mãe. Maria estava rezando, quando o Menino Jesus, saindo furtivamente, foi ao poço com um odre, para buscar água. Maria ficou muito comovida quando Jesus voltou e pediu-lhe de joelhos que não o fizesse mais, com medo de que caísse no poço. Jesus, porém, disse-lhe que teria muito cuidado e queria sempre ir buscar água, quando ela precisasse.
Ainda pequenino, Nosso Senhor prestava muitos serviços aos pais, era muito atencioso e ajuizado: notava tudo. Ia também comprar pão no próximo bairro dos judeus, em troca dos trabalhos de Maria. Quando o Menino Jesus foi lá pela primeira vez tinha seis ou sete anos. Vestiu, também pela primeira vez, aquela túnica parda, tecida pela Virgem Santíssima e bordada em baixo com florões amarelos. No caminho, lhe apareceram dois anjos, que lhe anunciaram a morte de Herodes, o Grande.
Vi que S. José estava muito abatido uma noite; não lhe pagaram o salário e, assim, não pôde trazer nada para casa, onde tanto precisavam. Cheio de angústia, ajoelhou-se no campo deserto, queixando a Deus sua mágoa. Na noite seguinte lhe apareceu um Anjo, que lhe trouxe a ordem de partir do Egito e voltar à sua terra, pela estrada real.
A viagem correu sem maior perigo para a Santa Família. Mas Maria Santíssima muitas vezes ficou aflita por causa de Jesus, que sofreu muito com a caminhada através da areia quente. José quis ir primeiro a Belém e não para Nazaré; estava, porém, indeciso. Finalmente lhe apareceu um Anjo, que lhe ordenou voltar para Nazaré, o que fez imediatamente. Ana ainda estava viva. Jesus tinha oito anos, menos três semanas”.

Da mocidade de Jesus. Sua permanência em Jerusalém onde ensina aos doutores da lei e é encontrado pelos pais no Templo

Visto que a Escritura Sagrada pouco relata da infância de Jesus, deve ser de grande interesse para nós o que Anna Catharina Emmerich nos conta dessa época, descrevendo como o nosso Divino Salvador passou a infância e mocidade.
Vi a Sagrada Família, constituída pelas três pessoas Jesus, Maria e José, desde o décimo até o vigésimo ano de Jesus, morar duas vezes em casa alugada, com outras famílias; do vigésimo ao trigésimo ano de Cristo, vi-a morar sozinha numa casa.
 Havia na casa três quartos separados: o da Mãe de Deus era o mais espaçoso e agradável e nesse se reuniam também os três membros da Família para a oração; fora disso, raramente os vi juntos. Durante a oração ficavam em pé, as mãos cruzadas sobre o peito; pareciam rezar alto. Vi-os rezar muitas vezes de noite, à luz do candeeiro. Todos dormiam separados nos respectivos quartos. Jesus passava a maior parte do tempo no seu quarto. José carpintejava no seu local de trabalho; vi-o talhar varas e ripas, polir peças de madeira ou, de vez em quando, trazer uma viga. Jesus ajudava-o no trabalho. Maria ocupava-se muito com trabalhos de costura ou certa espécie de ponto de malha, com varinhas. Vi Jesus cada vez mais recolhido, entregue à meditação, à proporção que se lhe aproximava o tempo da vida pública.
Até os dez anos prestava aos pais todos os serviços que podia; era também amável, serviçal e obsequiador para com todos na rua e onde quer que se lhe oferecesse ocasião. Como menino, era modelo para todas as crianças de Nazaré. Amavam-no e receavam desagradar-lhe. Os pais dos companheiros, censurando os maus costumes e as faltas dos filhos, costumavam dizer-lhes: “Que dirá o filho de José, se lhe contar isso? Como ficará triste!” Às vezes se Lhe queixavam dos filhos, na presença destes, pedindo: “Dize-lhe que não façam mais isso ou aquilo!” E Jesus aceitava-o de maneira infantil, como brincadeira, rogando aos amigos carinhosamente que procedessem de tal ou tal modo; rezava também com eles pedindo ao Pai Celeste força para se corrigirem, persuadia-os a confessarem sem demora as faltas e a pedirem perdão.
Jesus tinha figura esbelta e delicada, rosto oval e alegre, a tez sadia, mas pálida. O cabelo liso, de um louro arruivado, repartido no alto da cabeça, pendia-lhe da testa, franca e alta, sobre os ombros. Vestia uma túnica comprida, de cor parda acinzentada, inteiramente tecida, que lhe chegava até os pés; as mangas eram um pouco mais largas nas mãos.
Aos oito anos foi Jesus pela primeira vez a Jerusalém, para a festa da Páscoa e depois ia todos os anos. Quando Ele veio a Jerusalém, na idade de doze anos, possuía já muitos conhecidos na cidade. Os progenitores costumavam andar com os conterrâneos nessas viagens e, como fosse já a quinta romaria de Jesus, sabiam que sempre andava em companhia dos jovens de Nazaré. Desta vez, porém, na volta, se separara dos companheiros, perto do monte das Oliveiras, pensando estes que fosse juntar-se aos pais. Mas, quando chegaram a Gophna, notaram Maria e José a ausência de Jesus e tornaram-se muito inquietos. Voltaram imediatamente, procurando-o pelo caminho e em Jerusalém; mas não o acharam logo.
Nosso Senhor se havia dirigido, com alguns rapazes, à duas escolas da cidade; no primeiro dia, à uma; no segundo, à outra. No terceiro dia, fora de manhã à uma terceira escola, e de tarde ao Templo, onde o acharam os pais. Jesus pôs os doutores e rabinos de todas as escolas, em tal estado de admiração e de embaraço, pelas suas perguntas e respostas, que resolveram humilhar o Menino, por intermédio dos rabinos mais doutos, na tarde do terceiro dia, em auditório público, interrogando-o sobre diversas matérias.
Vi Jesus sentado numa cadeira grande, rodeado de numerosos judeus velhos, vestidos como sacerdotes. Escutavam atentamente e parecia estarem furiosos. Como o Senhor houvesse alegado, nas escolas, muitos exemplos da natureza, das artes e ciências, para demonstrar as suas respostas, reuniram-se conhecedores de todas essas matérias. Começando estes, pois, a discutir com Jesus, entrando em pormenores, objetou-lhes que tais coisas não se deviam discutir no Templo; queria, porém, lhes responder por ser isso vontade de Deus.
Falou então sobre medicina, descrevendo todo o corpo humano, como ainda não o conheciam os sábios; discorreu sobre astronomia, arquitetura, agricultura, geometria, matemática, jurisprudência e sobre tudo que lhe foi proposto. Deduziu tudo isso tão claramente da Lei e da promissão, das profecias do Templo, dos mistérios do culto e dos sacrifícios, que uns não se fartavam de admirar e outros ficavam, ora envergonhados, ora zangados e afinal todos se tornaram furiosos, porque lhes dissera Nosso Senhor, coisas de que nunca haviam tido conhecimento, nem tão clara compreensão.
Já havia ensinado desse modo algumas horas, quando José e Maria chegaram ao Templo, para se informarem, com Levitas conhecidos, a respeito do Filho. Então souberam que se achava com os doutores da lei no auditório. Como fosse um lugar em que não lhes era permitido entrar, mandaram um dos levitas chamar Jesus. Este, porém, lhes mandou dizer que primeiro queria acabar o trabalho. Magoou muito à Maria o não vir Ele logo.
Era a primeira vez que fazia saber aos pais que as ordens destes não eram as únicas que tinha a cumprir. Ensinou ainda uma boa hora e, só depois de todos estarem refutados, envergonhados e em parte zangados, foi que saiu do auditório e se dirigiu ao átrio de Israel e das mulheres, para se encontrar com os progenitores. José, retraído e admirado, nada disse; Maria, porém, encaminhou-se para Ele, dizendo: “Filho, porque nos fizeste isso? Olha que teu pai e eu te andávamos procurando, cheios de aflição.” Mas Jesus, ainda muito sério, disse: Por que me procuráveis? Não sabeis que me devo ocupar das coisas de meu Pai?” Eles, porém, não compreenderam essas palavras e partiram com Ele, sem demora, de volta a Nazaré.
A doutrina de Jesus produziu grande sensação entre os doutores da lei; mas estes guardaram silêncio sobre o acontecimento, falando só de um menino presunçoso, a quem haviam repreendido, que possuía bom talento, mas precisava ainda ser educado e polido.”
Jesus, ficando em Jerusalém, não teve nenhuma intenção de afligir os pais; teve em mira só a vontade do Pai Celeste, que lhe inspirou ficar, para revelar a divina sabedoria. Por isso, mostrou nas escolas e no Templo um saber maior que o natural. Como menino de doze anos, ainda não freqüentara nenhuma escola, mas já se apresentava como mestre dos doutores. Oxalá tivessem ouvido e recebido a doutrina com coração suscetível! Mas, vaidosos de seu saber, não queriam ser ensinados; antes quiseram humilhá-lo, propondo-Lhe perguntas difíceis, às quais, como supunham, não poderia responder. Mas foram eles mesmos que ficaram humilhados pelas sábias respostas de Jesus e por isso se enraiveceram contra Ele. Recusaram-se a ver a luz que os iluminava.
Uma estrela milagrosa anunciara o nascimento do Messias; mas o povo escolhido não se importara com tal fato, nem recebera o Salvador. O Menino Jesus fez brilhar a sua luz no Templo; mas as autoridades do povo, os sacerdotes e doutores fecharam propositadamente os olhos à essa luz. Por isso lhes será tirada: cada ano voltará o Salvador ao Templo; mas não ensinará mais publicamente, até que, chegado à idade madura, percorrerá todas as regiões da Palestina, pregando sua doutrina divina a todo o povo. Então se apresentará de novo no Templo, exclamando, em alta voz: “Eu sou a luz do mundo”. Jerusalém, se ao menos nesse dia o conhecesses!

A vida do Senhor, até o começo de suas viagens apostólicas

Depois de voltar de Jerusalém, viveu Jesus, até a idade de trinta anos, com Maria e José, em paz e recolhimento, na pequena casa de Nazaré. Nem a Escritura Sagrada, nem a tradição nos transmitem pormenores dessa época; o Evangelho diz apenas: “E era-lhes (aos pais) submisso.” (Luc. 2, 51). Também Anna Catharina Emmerich conta pouco dessa fase da vida de Jesus. Ouçamos os fatos principais:
“Depois de Jesus ter voltado a Nazaré, vi preparar-se uma festa, em casa de Sant’Ana, onde todos os moços e moças, parentes, e amigos de Jesus, se reuniram. Nosso Senhor era a pessoa principal dessa festa, à qual estiveram presentes 33 meninos, todos futuros discípulos do Salvador. Ele os ensinou e contou-lhes uma belíssima parábola de núpcias nas quais a água seria mudada em vinho e os convidados indiferentes em amigos fiéis; depois lhes falou de outras bodas, nas quais o vinho seria mudado em sangue e o pão em carne; e esta boda permaneceria, com os convidados, até o fim do mundo, como consolação e conforto e como vínculo vivo de união. Disse também a Natanael, jovem parente seu: “Estarei presente às tuas bodas.”
Desde esse tempo, Jesus sempre foi como que o mestre dos companheiros. Sentava-se-lhes no meio, contando ou ensinando, ou passeava com eles pelos campos.
Aos 18 anos, começou a ajudar a S. José na profissão. Dos vinte aos trinta anos, teve muito que sofrer, por secretas intrigas dos judeus. Estes não podiam suportá-lo, dizendo, com inveja, que o filho do carpinteiro queria saber tudo melhor.
Na época em que começou a vida pública, tornou-se cada vez mais solitário e meditativo. Quando Jesus se aproximava dos trinta anos, tornou-se José cada vez mais fraco. Vi Jesus e Maria mais vezes em companhia dele. Maria sentava-se-lhe ao lado do leito, de quando em quando. Quando José morreu, estava Maria sentada à cabeceira da cama, segurando-o nos braços; Jesus se achava em frente, junto ao peito do moribundo. Vi o quarto cheio de luz e de Anjos. O corpo de José foi envolvido num largo pano branco, com as mãos postas abaixo do peito, deitado num caixão estreito e depositado numa bela gruta sepulcral, perto de Nazaré, gruta a qual recebera como doação de um homem bom. Além de Jesus e Maria, foram poucos os que acompanharam o caixão; vi-o, porém, acompanhado de Anjos e rodeado de luz. O corpo de José foi levado mais tarde pelos cristãos para um sepulcro perto de Belém. Julgo vê-lo jazer ali, ainda hoje, em estado Incorrupto.
José teve de morrer antes de Jesus, pois, sendo muito fraco e amoroso, não lhe teria sobrevivido à crucificação. Já sentira profundamente as perseguições que o Salvador teve de sofrer, dos vinte aos trinta anos, pelas repetidas maldades secretas dos judeus. Também Maria havia sofrido muito com essas perseguições. É indizível com que amor o jovem Jesus suportava as tribulações e intrigas dos judeus.
Depois da morte de José, Jesus e Maria se mudaram para uma aldeia situada entre Cafarnaum e Betsaida, em que um homem chamado Leví ofereceu uma casa a Jesus. Maria Cleophae, que, com o terceiro marido, vivia na casa de Sant’Ana, perto de Nazaré, mudou-se para a casa de Maria, em Nazaré. Vi Jesus e Maria irem de Cafarnaum para lá e creio que Maria ficou ali, pois havia acompanhado Jesus a Cafarnaum.
Entre os moços de Nazaré Jesus já tinha muitos adeptos; mas sempre o abandonavam de novo. Andava com eles pelas regiões marginais do lago e também em Jerusalém, pelas festas. A família de Lázaro, em Betânia, era também já conhecida de Jesus”.

São estas as visões de Ana Catarina, e nos dão uma noção mais aproximada do que Jesus fez neste tempo oculto de sua vida. Tudo Nele impressiona a gente. Mas o que mais me deixou pasmo, foi saber que a grande arrogância dos homens daquele tempo, foi incapaz de perceber naquele jovem o Messias esperado. De fato, um homem que tinha uma tão vasta cultura, sem ter nunca freqüentado uma escola, deveria ser visto por todos com olhos muito diferentes, pois a sabedoria manda assim, somente os orgulhosos não a obedecem.

Hoje, ainda, se Jesus viesse à terra, incógnito, e se pusesse entre os cientistas a discutir sobre astros e ciências, certamente encontraria nuvens de cépticos, que ligados a conceitos próprios e errôneos, haveriam de O combater ferozmente.Sempre pensei na questão da pena de morte e na crucificação que hoje não existe mais. Penso, entretanto, que se Jesus tivesse escolhido o nosso tempo para nascer, certamente os homens reinventariam a pena de morte na Cruz, apenas para se cumprirem as escrituras. De fato, não tenho dúvidas de que Ele teria tão tenebrosos opositores, que sua vida de pregador seria impossível. Não é à toa que, para cada ser humano que – depois de 2.000 anos fala em Jesus – existem cinco outros querendo matá-lo!

Que o Senhor guie nossos passos, até nosso próximo texto.


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