O bispo de Jaén, Dom Ramón del Hoyo, mostrou, nesta quarta-feira em coletiva de imprensa, a Rosa de Ouro.
Trata-se de uma rosa de ouro com flores, botões e folhas, colocada em um
vaso de prata renascentista em um estojo adornado com o escudo papal.
Tem uma inscrição em latim que diz: "Bento XVI. Rosa de Ouro. Para a
imagem da Bem Aventurada Nossa Senhora da Cabeça, Patrona Celestial da Diocese
de Jaén. Concessão benigníssima".
O bispo de Jaén havia solicitado a Rosa de Ouro ao Santo Padre por
ocasião do Ano Jubilar que celebra a diocese de Jaén em honra de sua patrona no
centenário de sua coroação canônica.
Ao formular este pedido, Dom Del Hoyo alegou que em sua honra se celebra
a romaria mais antiga da Espanha e que milhares de fiéis lhe professam devoção.
Para comemorar o cinquentenário de sua proclamação como patrona da
diocese de Jaén, Nossa Senhora da Cabeça será levada no próximo mês de novembro
do Santuário de Sierra Morena, em Andújar, para a catedral de Jaén.
Ali permanecerá de sábado, 14, até domingo, 22 de novembro, e durante sua
presença na catedral acontecerão diversos atos litúrgicos, pastorais, formativos
e culturais.
Durante a estadia da imagem na catedral, Dom Del Hoyo, em nome do Papa,
colocará a Rosa de Ouro aos pés de Nossa Senhora da Cabeça. Posteriormente, o
símbolo continuará junto a sua imagem no Santuário do Cerro del Cabeza.
História da Rosa de Ouro
A Rosa de Ouro é um reconhecimento do Papa a personalidades católicas
proeminentes que experimentaram uma evolução significativa.
Inicialmente o recebiam reis e dignatários, depois quase exclusivamente
rainhas. E ultimamente, Nossa Senhora em algumas de suas invocações. A distinção
foi criada pelo Papa Leão IX em 1049.
Entre as rainhas que a receberam se encontram Maria Cristina da Áustria,
rainha regente da Espanha (de Leão XII, 1886); Isabel I do Brasil (de Leão XIII,
por libertar os escravos em 1889), e Victoria Eugenia, consorte de Alfonso XIII
em 1914, por Bento XV.
Em tempos mais recentes, depois do Concílio Vaticano II, a condecoração
pontifícia passou a ser presente dos papas a Nossa Senhora: Fátima em 1965 por
Paulo VI; Aparecida no Brasil, em 1967 por Paulo VI; de Luján em 1982 por João
Paulo II; de Guadalupe; de Loreto; da Evangelização em Lima, Peru, em 1988, por
João Paulo II; de Jasna Gora em Czestokowa, Polônia, em 2006 por Bento XVI;
Aparecida no Brasil, em 2007, por Bento XVI, e Pompéia na Itália, em 2008, por
Bento XVI.
Sobre a "Rosa de Ouro", existe um belo relato romântico, escrito no
século XIX pelo escritor espanhol Leopoldo Alas (Clarin), centrado neste
presente papal e no roubo que sofreu a igreja de São Maurício e Santa Maria
Madalena, em Hall (Europa Central), onde se guardava, como o tesouro que era,
uma "rosa de ouro" (gemacht vonn golde, diz um antigo código) presente de Leão X
à Igreja que se estendia por aqueles lugares.
Segundo este relato, que provavelmente se baseia em lendas do lugar, a
rosa foi roubada da igreja por um jovem para dá-la à dama de seus amores.
Esta, quando se deu conta da loucura do jovem, peregrinou a Roma para
devolvê-la ao Papa. O bispo de Roma reteve a rosa, tranquilizou a jovem e a
devolveu a seu país com uma generosa esmola para a viagem e para aquela
igreja.
Anos depois, a rosa chegou como presente do Papa a Maria Blumengold, que
assim se chamava a peregrina.
O Papa abençoava antes da Páscoa, no domingo de Laetare, as rosas de
ouro, que logo enviava, com suas embaixadas, a rainhas e outras damas ilustres
que se haviam distinguido na proteção à Igreja ou na defesa dos fracos; também
às igrejas prediletas e às cidades amigas.