Postado em: 03/11/13 às 00:30:43 por: James
Categoria: Obras Malignas
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Em linhas gerais, a Wicca é uma reconstrução e reinterpretação de religiões ancestrais pré-cristãs, fundida com elementos de modernidade, como o romantismo e o retorno à natureza, o feminismo, o coletivismo, o ecologismo e o anticapitalismo.
“Wicca” (masculino) e “Wicce” (feminino) são precedentes etimológicos de “Witch” (bruxo/a em inglês). A Wicca é bruxaria, mas não é a bruxaria medieval europeia; não é a magia negra (uso de mortos ou espíritos, recursos a demônios, realização de feitiços e conjuros para causar dano); nem tampouco é a magia natural (propriedades ocultas de plantas, pedras, palavras, talismãs) dessa época, nem da Antiguidade, seja da Grécia, Roma ou Egito, nos séculos prévios e posteriores ao surgimento do Cristianismo – ainda que não se veja totalmente alheia a alguns elementos dela. E a Wicca também não é satanismo, em qualquer das suas formas. Não obstante, muitos praticantes usam o termo “Wicca” e “Witchcraft” (bruxaria) como sinônimos.
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A Wicca pretende ser a religião ancestral natural e mágica dos primeiros povoadores das Ilhas Britânicas antes de que fossem evangelizadas pelo cristianismo. Esta é sua suposta origem. Não obstante, em grande medida, é uma neoconstrução do que aquilo deveu ser, pois, na verdade, ainda hoje não é bem conhecida pelos antropólogos, historiadores, fenomenólogos da religião e demais especialistas.
A Wicca se fragmentou muito desde o seu surgimento, com muitas contradições internas e diferenças essenciais. Podemos encontrar poucos elementos comuns entre seus ramos, entre eles, duas regras ou leis: “Wiccan Rede” (Conselho Wicca), “An it harm none, do what ye will” (“Siga seu próprio desejo, mas sem prejudicar ninguém”), com claras referências ao ocultista Aleister Crowley e o seu “Do what thou wilt shall be the whole of the Law”, quem, por sua vez, bebeu de François Rabelais.
A esta lei principal se acrescentou, no final da década de 60, por parte de Raymond Buckland, uma segunda: “Three-fold Law” (lei tríplice ou do retorno), que estabelece que “tudo aquilo que fizer retornará a você nesta vida triplicado”, em corpo, alma e espírito.
A Wicca é a religião de iniciação nos mistério.
Tem três graus, do aprendiz ou membro bruxo do “coven” ao iniciado ao sacerdócio e, finalmente, o sacerdote, com capacidade de formar outro “coven”. Os “conven”, ou grupos Wicca, são dirigidos por um sacerdote ou uma sacerdotisa.
Esta religião acredita na magia, considerada como realização do desejo humano, que controla as forças desconhecidas da natureza. Os praticantes da Wicca buscam participar da força divina, unir-se a ela. Os sacerdotes inclusive podem ser possuídos pelos deus masculino ou feminino no ritual de “baixar o sol” ou “baixar a lua”, respectivamente.
Os rituais são fundamentais e, para muitos praticantes, anteriores às crenças, pois permitem a fantasia e o desenvolvimento do inconsciente do ser humano, bem como o encontro com a experiência religiosa.
O ciclo anual de celebrações da Wicca engloba as festividades do ano solar e lunar, com as 8 festas sabbats solares e as 13 festas esbats das luas cheias. Os sabbats são Samhain, Yule, Imbolc, Ostara, Beltane, Litha, Lammas e Mabon, ligados a equinócios, solstícios e às festas agrárias intermediárias. Assim, são recriados eventos de fecundidade, esperança, coleta do fruto, luminosidade, calor, escuridão, renascimento e morte naturalista.
O pentagrama ou estrela de cinco pontas da Wicca é um elemento fundamental desta religião. É o círculo mágico protetor, agrupando os 4 elementos básicos (terra, ar, fogo, água), além de um quinto elemento ou Espírito, que deve ser colocado no vértice superior. É um círculo mágico e ritual que engloba e subsume toda a realidade em seus quatro pontos cardeais.
Sobre o altar Wicca, está sempre a faca ou “athame”, que simboliza o deus masculino, e o cálice, símbolo da deusa feminina, cada um com claras alusões sexuais.
A Wicca acredita na reencarnação, crença esta assumida por meio das correntes da teosofia, que bebeu do hinduísmo e do budismo – ainda que se centrem sobretudo na vida atual, mais que na vida futura.
Para alguns, a reencarnação se dá em diferentes espécies animais; para outros, é sempre entre seres humano; há quem acredite que a pessoa reencarna somente em bruxos, pois, “uma vez bruxo, sempre bruxo”, e assim pensam que todos os bruxos são reencarnações de bruxos anteriores.
No tempo entre uma encarnação e outra, as almas dos bruxos residem no Mundo Separado, ainda que suas potências sejam acessíveis por artes mágicas e espiritismo, práticas que nem todos os seguidores da Wicca consideram adequadas.
Não se conhece claramente quantos seguidores da Wicca existem, pela inexistência de estudos estatísticos confiáveis, mas a maioria é composta por anglo-saxões. Calcula-se cerca de 200 mil membros no mundo inteiro, com base nas diversas fontes que conhecemos.
Referências
Gerald B. Gardner, “Witchcraft Today”.
Gerald B. Gardner, “The Meaning of Witchcraft”.
Robin Briggs, “Witches and Neighbors”.
Philip Heselton, “Gerald Gardner and the Cauldron of Inspiration: an Investigation into the Sources of Gardnerian Witchcraft”.
Raymond Buckland, “The Witch Book: the Encyclopedia of Witchcraft, Wicca, and Neo-paganism”.
James R. Lewis, “Witchcraft today: an encyclopaedia of Wiccan and Neopagan Traditions”.