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Artigo N.º 14753 - Dor de amor
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Visto: 3540
Postado em: 16/08/17 às 08:25:59 por: James
Categoria: Marisa Bueloni
Link: http://www.espacojames.com.br/?cat=123&id=14753
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Marisa Bueloni

Ela me escreve tarde da noite. Há algumas semanas, vem me contando que vive o drama de uma paixão avassaladora, ama sem ser amada, tragédia grega. Fel e mel misturados em proporções desiguais e loucas. Sem rodeios, sem pudores, infeliz, ela tenta resumir sua mágoa. Vejo que tornamo-nos todos forçosamente objetivos, explícitos e categóricos, até por falta de tempo.

Apaixonou-se perdidamente numa idade em que se supõe o adormecimento dos sentidos, a acomodação da libido. Sente-se ridícula, desprezível e senil. Perdeu a vontade de viver, já visitou o terapeuta e um antidepressivo leve foi acrescentado a uma já respeitável lista de medicamentos diários.

“Quero morrer, amiga, que dor insuportável!”. Suas frases são de agonia e êxtase, vejo verterem lágrimas do seu teclado em cada letra, em cada toque de amor. Uma dor “sem originalidade”, segundo ela, sem diagnóstico, sem esperança de cura. Dor generalizada, “fibromialgia da alma”, ela romantiza.

Um pouco dramática, compara-se à Demi Moore, quando esta foi abandonada pelo marido, Ashton Kutcher, ocasião em que a atriz ficou pele e osso. Mas ela me acalma e conta dos seus ainda sessenta quilos, ótimos para a sua idade. (Ele será mesmo digno de tanto sofrimento?).

Parou de rezar, diz viver um deserto espiritual. Pede a Deus uma trégua. Precisa de descanso. Uma dor que ainda não sentira, ela que sempre fora tão amada, tão correspondida em seus amores. Tento consolá-la com minhas mais produtivas palavras, as de praxe e as criadas pelo vocabulário da vida. Mando um poema e ela responde “pelo amor de Deus”, que eu tenha piedade dela.

Pede-me conselhos, digo que fique quieta no seu canto. Silêncio no Broocklyn, meu anjo. Conta que gasta muito em roupas e joias. Rebato que se conquista alguém com um rosto alegre, verdadeiro e afetuoso, com uma alma pura e generosa. Um comportamento limpo, honesto, justo. Já não crê nestes valores, está confusa, ausente, perdida.

Juntas, reconhecemos a trágica verdade: o corpo envelhece, mas a alma não. Juntas, concordamos com todas as premissas acerca do amor. Ela afirma que amar sem ser amada é uma espécie de desonra, de inglória, de desumanidade. Sobretudo depois que entregou o coração, se declarou. E ele disse: “Passar bem”.

Ela é tão frágil, tão doce, tão linda. Sofre a rejeição dolorosa, a desesperada dor da saudade fisgando o coração. Minha amiga doce e amorosa! Agora mais amorosa do que nunca! O que fazer? Se quiser vir até aqui, prometo abraçá-la profundamente e cozinhar uma canja curativa, fazer um chá consolador. Faço massagem com um creme de cânfora onde a dor corporal se instalou junto com a outra, nas suas costas dobradas.  E iremos rezar um terço à Virgem Maria.

Pelo Messenger, me pergunta se enlouqueceu. Respondo que é a bela loucura do amor. São duas da manhã, ouvindo estrelas, ora direis, quando nos despedimos. Ela dá boa noite e manda um coração vermelho. Respondo que já é bom dia. Ela manda um sol luminoso.

Ó desgraça de vida! Ó céus, ó terra! Ó coração vermelho, ó sol inflamado! O que é este dardo, meu bardo?




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