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Artigo N.º 14217 - Quando o outono chegar
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Postado em: 05/04/16 às 16:23:35 por: James
Categoria: Marisa Bueloni
Link: http://www.espacojames.com.br/?cat=123&id=14217
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Marisa Bueloni

O outono chegou e uma brisa suave toca a pele de todas as coisas e criaturas. Penso que a mão de Deus está suspensa, parada, entre o céu e a terra, intermediando profecias e presságios. O braço do Criador deseja batizar o mundo com Sua graça, derramando sobre a humanidade bênçãos do fogo purificador. Por enquanto, as chuvas torrenciais e a água lavam o visgo das cidades e das ruas.

Quero cantar para a beleza deste tempo, apesar das algaravias. Não é a primeira vez que irei celebrar as manhãs de puro ouro, as tardes de abril, quando a ordem é apenas sonhar. Ó céu outonal, que cai sobre nós como o manto sagrado do Homem que morreu na cruz!

Uma multiplicidade de dons canta louvores em toda parte, de forma inaudível. É no silêncio que se ouve o cântico sublime, na quietude é que se processam inúmeras bendições. Enlevada por esta graça, faço a oferenda de cada parte do que vivo e conheço.

A vida é o altar de todas as ofertas. Esperas incansáveis, um infinito de sinais e mistérios. Envolvidos pela densa camada de sonhos, vamos adiante, sem nos dar conta da beleza que nos espia em cada canto. Quantos conseguem sentir a pressão deste encantamento? Um raio de luz cai à nossa direita e uma batalha de rosas é travada ao nosso redor.

Sou parte de um exército. Alistei-me há muitos anos e nele permaneço como a última, do último pelotão. Venho capengando, cansada, rota, o coração esmagado, mas venho. Em marcha contínua, ao som de trombetas. Meu estandarte é o Sagrado Coração de Jesus, ao qual me devoto desde menina.

Ao longo da marcha vejo sentinelas, gente atenta, com um terço na mão. Os que vigiam em suas portas e casas esperam com fé. Contam apenas com a esperança, mas pressentem a bela epifania e por causa dela construíram uma vida de profunda comunhão com Deus. Alguns deixaram tudo para trás, depois de ouvir o santo chamado em suas almas.

Uma nova estação nos brinda com suas manhãs orvalhadas de luz e suas noites mansas. Não saberia saudar o outono de outra forma. Sonhei vê-lo de alguma varanda ensolarada, de algum alpendre florido e, enquanto o sonho não se realiza, gravo verdes distâncias em minhas retinas.

Teria muito a dizer. Sobretudo do orgulho dos nossos ilustres magistrados, dos juízes independentes que souberam agir no momento certo, impedindo que uma afronta política das mais espúrias se realizasse perante o povo e a nação. Houve até assinatura da posse, mas posse não houve. “Alto lá!” – bradou o juiz Itagiba Catta Preta Neto, a quem fico devendo um poema até por conta deste nome belo e sonoro.

Haveria tanto a comentar e a refletir neste momento de grave crise política. Ouvimos áudios estarrecedores, os palavrões e o linguajar chulo de pretensos líderes; conhecemos o “lado B” de personalidades políticas, a maneira como se referem aos pobres para os quais dizem governar.

A Páscoa recente nos traga a luz que dissipa as trevas e que ela simbolize o renascer da nossa nação.




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