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Artigo N.º 14216 - O som do universo
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Postado em: 05/04/16 às 16:21:58 por: James
Categoria: Marisa Bueloni
Link: http://www.espacojames.com.br/?cat=123&id=14216
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Marisa Bueloni

Mais uma descoberta na astronomia: poderemos, em breve, ouvir o som do universo, suas ondas gravitacionais, colisões de buracos negros, quem sabe o nascer e o apagar das estrelas, o rumor e o fragor de tudo o que está em algum lugar no espaço-tempo.

Ah, o céu que nos protege! Além de um vagido de astros, penso que haveria a descoberta de um movimento novo, um pentagrama cósmico onde se lê a música do tempo. Seria como sentir o frêmito da vida em seu primeiro momento divino, a luz nascitura, a primitiva fonte do ato criador.

Frente aos mistérios da Criação, caio das alturas e números descomunais para pousar no chão de cada dia, solo onde estou vivendo, respirando, amando, errando e aprendendo, para entender a razão de estarmos aqui.

Reverberando por cadeias de ondas e demais elementos que compõem o vasto universo, este som pode ser sublimado até se transportar para dentro de um coração humano. Então, sim, haverá uma bela explosão sonora.

Enquanto este som permanecer distante de nós, ouvido sabe-se lá por que tipo de mecanismo ou equipamento, talvez não nos emocione. Mas se for captado por nosso peito pequenino, este que pode ser um ínfimo fragmento das gêneses nebulosas e intocáveis, teremos uma nova teoria da Criação!

E que som é este de quando a noite toca o fim do dia? Ouço sempre um fragor de embates celestiais qual um ruflar de asas, sons de voos e de longas vestes contra um paredão de vento. Profecias me reportam a anjos justiceiros e suas taças prestes a serem derramadas sobre a Terra.

Esta explicação apocalíptica me fascina desde  sempre. Que virão anjos, precedendo o desfile das cenas terríveis e absurdamente fantásticas para a visão do homem terreno. Consta que muitas pessoas têm sonhos com estes eventos. Também já sonhei e me vi em situações de ficção científica, as brasas sob os meus pés, pulando desesperadamente de pedra em pedra, de tábua em tábua, que surgiam de forma mágica, permitindo-me atravessar um mar de fogo a minha volta.

Em meio ao desespero de salvar o corpo, havia um som. Som de trombetas que não cessavam de tocar. Este toque sonoro impulsionava à marcha, à corrida, à busca de um lugar seguro. Todos corriam. Para onde? Era quando o sonho acabava.

O sonho era acompanhado por uma trilha sonora de puro suspense e medo. Só nos restava correr, correr. E pular os obstáculos fumegantes, os pedaços ressecados de uma massa negra e estranha que escorria por toda parte.

“De todos os terrores me livrou o Senhor Deus”, diz o salmista. Quando a luz do sol invade o quarto, o sonho noturno se apresenta tão vívido e horrendo. Durante todo o tempo, a lembrança onírica inquieta, perturba, incomoda.

Até que outros sons domésticos imperem nas tarefas da casa. A vassoura varrendo as folhas da calçada; o alho e a cebola fritando na panela a delícia do alimento; a água escorrendo no ralo do tanque; o vento secando a roupa no varal e a música no rádio. Sons da vida que brotam por meio de nossas mãos. Sons de um universo belíssimo. E que me faz rezar de joelhos: “Obrigada, Senhor!”.




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