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Artigo N.º 711 - Santa Luiza de Marillac (1591-1660)
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Postado em: 10/11/08 às 23:36:05 por: James
Categoria: Corpos Incorruptos
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Luiza de Marillac nasceu em Paris a 12 de agosto de 1591. Muito jovem ainda, teve o pesar de perder a mãe. O pai, Luiz de Marillac, senhor de Ferrières, proporcionou-lhe uma educação esmeradíssima e eminentemente cristã, que a preparou para a sua missão providencial.

Já se havia dedicado à prática de uma vida toda de caridade, quando um dia lhe escreveu São Vicente de Paulo, ao saber que ela visitara em Paris, uma pessoa atacada da peste: "Nada receieis, Madmoiselle, Deus quis servir-se de vós para alguma coisa que visa a sua glória e estou certo de que ele vos conservará para este fim". Visivelmente se realizaram estas palavras proféticas, pelo posterior desenvolvimento grandioso da Congregação das Irmãs da Caridade, hoje conhecida em todas as partes do mundo.

Em 1613 contraiu matrimônio com Antônio le Gras, secretário da rainha Maria de Médici. Deus deu ao piedoso casal um filho que, pelas suas virtudes, mostrou-se digno dos progenitores. Em 1625 a morte lhe arrebatou o esposo. Com coração e resignação cristã, sofreu este duro golpe, procurando alívio e consolo em Deus, a quem se consagrou inteiramente. Para oferecer a Deus um sacrifício mais perfeito e assim garantir a salvação de sua alma, decidiu dedicar-se inteiramente às obras de caridade, decisão que teve o pleno consentimento do bispo de Belley, seu confessor. Não podendo ele permanecer por muito tempo em Paris, confiou-a à direção de São Vicente de Paulo, sobre a pessoa do qual recebera ótimas informações de São Francisco de Sales.

Nas paróquias onde São Vicente de Paulo ou seus missionários pregavam as missões, fundavam confrarias de caridade, que se recrutavam de piedosas senhoras, cujo intuito era socorrer os pobres enfermos. São Vicente, vendo que era necessário dar a este movimento uma organização bem orientada, confiou a Luiza de Marillac a missão de inspetora. A piedosa senhora não só aceitou esta incumbência, mas dedicou-se à obra com um zelo admirabilíssimo. Os frutos deste trabalho não tardaram a aparecer. A humildade e dedicação da inspetora abriram-lhe os corações, e raros foram os casos de uma ou outra paróquia não querer aceitar-lhe a benéfica colaboração. Em muitos lugares, sua chegada foi festejada com grandes manifestações de regozijo. No desempenho de sua missão, na nobre propaganda da caridade, se deixou guiar pelo genial apóstolo que era seu confessor. Embora fosse grande o desejo de ambos de verem as confrarias fundadas e prósperas todas as paróquias, nada faziam, se o pároco se mostrava contrário às suas idéias. "Cedei, escreveu São Vicente a Luiza num caso, em que o pároco se opôs à fundação da confraria - "Cedei; um só ato de submissão é como um belo diamante, que vale mais que uma montanha de pedras, isto é, de atos inspirados pela própria vontade".

Nas visitas que fazia às paróquias, Luiza bem depressa teve de convencer-se da dificuldade, se não da impossibilidade, de acostumar as senhoras, principalmente as da alta sociedade, no serviço de dama de caridade. Cada vez mais clara lhe surgiu diante do espírito a idéia de fundar uma Congregação religiosa que, com mais ordem, dedicação e independência, pudesse tomar a seu cargo a obra de caridade, como idealizava. Não faltaram elementos utilíssimos para realizar o plano. Em 1633, estava já formada uma pequena comunidade, composta apenas de quatro irmãs, com Luiza como superiora. Na festa da Anunciação da Santíssima Virgem, do ano de 1634, se consagraram por um voto ao serviço dos pobres e doentes. Esta data tão significativa e até hoje de grande importância na Congregação das Irmãs de Caridade, sendo neste dia, se renovam todos os anos, os votos que as ligam a Deus e aos infelizes.

São Vicente de Paulo deu à jovem Congregação uma regra, cujo espírito é mais uma prova de alta competência do autor em matéria de virtude e santidade. Às filhas dava como "mosteiro a casa dos enfermos, como claustro as ruas da cidade, como clausura a obediência, como grade o temor de Deus, como véu a santa modéstia". Tiveram como divisa a palavra do Apóstolo "Caritas urget me" - a caridade me obriga. A nova instalação teve um incremento grandioso.

Admirável foi a atividade de Luiza de Marillac. Quem a conhecia, vendo-lhe o estado de saúde tão precário, não podia compreender como lhe era possível dedicar-se a uma obra tão trabalhosa. O próprio São Vicente de Paulo chegou à dizer às Irmãs, que os últimos vinte anos da vida da Superiora, era um verdadeiro milagre.

Quando em 1652 Paris foi visitada pela peste, Luiza de Marillac socorreu a 14.000 pessoas e suas filhas distribuÍram aos pobres o necessário sustento. Outras iam aos subúrbios tratar dos doentes.

A pedido da rainha Maria Gonzaga, a Congregação estabeleceu-se na Polônia.

Luiza de Marillac via nos pobres e doentes a pessoa de Jesus Cristo, tendo em mente a Palavra do Divino Mestre: "O que fizestes a um destes mais pequeninos, foi a mim que o fizestes". Igualmente grande era o respeito ao Sumo Pontífice, a quem chamava de "Pai santo dos cristãos e o verdadeiro tenente de Jesus Cristo". Firme na fé, fugia da heresia como da peste. Cortou relações com a duquesa de Liancourt, sua amiga, por se ter esta deixado trair pela heresia jansenista. Em outra ocasião, retirou as Irmãs de um estabelecimento, porque das idéias jansenistas do vigário da paróquia, receava uma influência má sobre a fé das religiosas.

Inspirada pela caridade, procurava comunicar o mesmo espírito às suas filhas espirituais. Numa antiga crônica da Congregação se lê o seguinte tópico: " Madame tinha tanto respeito e devoção para com os pobres que, desde o início do estabelecimento de caridade, recomendou às suas filhas que os servisse com grande caridade e humildade, considerando-os como seus senhores e amos; por isso, queria que se lhes destinasse o "primeiro pedaço de pão que se cortava para o almoço, e primeira ração de caldo que se servia para o jantar". Ela mesma punha mãos à obra. Servindo os doentes, lavando-lhes os pés, pensando-lhes as chagas e tratando-os com todo o carinho. Na visita às aldeias, ela própria lecionava, para instruir as professoras que ali constituía.

1660, Luiza de Marillac sentiu que sua vida aqui na terra ia findar-se. A suprema consolação, que desde longos anos pedia a Deus, era de ser assistida no derradeiro momento pelo pai e guia de sua alma, Vicente de Paulo. Deus não lh'a concedeu. Vicente de Paulo, de 85 anos, também prestes a deixar este mundo, só pode enviar-lhe a bênção e as seguintes palavras: "Madame, ides antes de mim; espero em breve, rever-nos no Céu". Ela recebeu a Comunhão das mãos do vigário de Saint-Laurent, que a acompanhava no seu trânsito. Este, mais uma vez, lhe pediu que abençoasse as suas filhas. Ela aquiesceu: "Queridas irmãs, disse-lhes ela, (resumindo nesse momento solene, o que havia sido sempre a paixão de sua vida e o desejo supremo de seu coração), continuo a pedir a sua bênção para vós, e a graça de perseverardes na vossa vocação, a fim de servi-lo de maneira que ele deseja de vós: Cuidai bastante do serviço dos pobres e sobretudo, vivei em grande união e cordialidade, amando-vos umas às outras a fim de imitardes a união e vida de Nosso Senhor, e rogai com fervor à Santíssima Virgem, para que ela seja vossa única Mãe". Acrescentou que morria, tendo em grande estima a vocação delas e que, se vivesse cem anos, não lhes pediria outra coisa que uma absoluta fidelidade a esta santa vocação.

Um padre da Missão ocupava-lhe à cabeceira, o lugar de Vicente de Paulo, não a deixando um instante. Ele lhe ministrou a indulgência da boa morte. Pelas 11 horas, ela fez baixar as cortinas, como para se recolher e, desde então, não falou mais. Meio quarto de hora após, entregava docemente a alma a Deus. Era segunda-feira, 15 de março de 1660. O vigário de Saint-Laurent, de sua paróquia, a quem ela fizera confissão geral, achava-se presente; não pôde deixar de exclamar, cheio de admiração: "Oh! que bela alma, leva consigo a graça do batismo!".

Os funerais foram muito simples. Era necessário conformar-se à vontade expressa pela piedosa fundadora, que não lhe tributassem maiores honras que às Irmãs. "Agir de outra forma, dissera ela, seria declarar-me indigna de morrer como verdadeira Irmã de caridade, embora não estime nada de mais glorioso que essa qualidade". Foi inumada na igreja de Saint-Laurent, na capela da Visitação. Os despojos mortais foram transferidos, mais tarde, para a capela da casa matriz das Irmãs de Caridade, 140, rue du Bac, Paris, onde hoje repousam. É esta a capela que foi honrada, em 1830, com a aparição da Santíssima Virgem e com a manifestação da Medalha Milagrosa.

A mais preciosa deposição no processo de beatificação de Luiza de Marillac, será sempre o elogio que dela teceu São Vicente, em duas conferências feitas diante das Irmãs de Caridade, poucos dias depois da morte da Santa, conferências que ele quis proferir, apesar de sua enfermidade.

Nestas conferências, São Vicente louvou particularmente a prudência sem par de Luiza de Marillac, a sua caridade e pureza. Disse, entre outras coisas: "Há pouco, refletindo diante de Deus, eu dizia: Senhor, quereis que falemos de vossa Serva, pois é obra de vossas mãos; e perguntava a mim mesmo: Que viste nela, neste 38 anos que a conheceste, que viste nela? Veio-me à memória a reminescência de alguma sombrinha de imperfeição; mas, de pecado mortal, oh! nunca, nunca! Era uma alma pura em tudo, pura na mocidade, pura na viuvez. Tínheis sob os olhos, minhas filhas, um belo modelo: Ei-la agora no Céu. Lá, vossa boa mãe, não será menos bondosa para convosco que na terra. Conquanto não se deva rogar publicamente aos mortos que ainda não foram canonizados, pode-se fazê-lo em particular; por conseguinte, podeis perfeitamente pedir a Deus graças pela sua intercessão".

Beatificada pelo Papa Benedito XV, em 1920, foi elevada à suprema honra dos altares a 11 de março de 1934 pelo Sumo Pontífice Pio XI.

Reflexões:

Quando os sectários de todos os tempos, e também os negadores de Deus, querem ferir a Igreja Católica, focalizam seu ódio ao Papa; e quando querem chasquear o que há de mais delicado e comovente no heroísmo cristão, tomam por emblema a Filha da Caridade. Mas aqueles que se gloriam da divisa do filho de Deus, enchem-se de admiração diante daquela figura cândida, que representa um exército de bondade.

O comunismo, cuja fogueira apagou-se em tempos recentes, deixou rastros de grandes destruições, e dele restam hoje apenas algumas brasas fumegantes, que tentam inutilmente reerguer-se em fogo. A tão divulgada "partilha comunista", imposta de cima para baixo e atéia na sua dialética blasfematória, finalmente implodiu. Insultaram os fiéis, afrontaram a Igreja, ultrajaram a Deus. Sua propaganda fragorosa, disseminou a fome, o extermínio, a perseguição, a morte; deu pedras a quem lhe pedia pão. As obras de São Vicente, de Santa Luiza de Marillac, de Frederico Ozanam, ao contrário, atravessaram os séculos com imponência e luta sem tréguas. Transpuseram com galhardia os tristes períodos históricos, sempre resplandecendo com raios de um sol fecundo de vida e de graça. Eis a diferença entre a partilha mentirosa e a verdadeira caridade. Caridade que brota de baixo para cima, de irmão para irmão, de coração para coração.

Não só as Filhas da Caridade, mas a cada católico, o Supremo Pastor das almas apresenta esta grandiosa mulher, apóstola daquela virtude que ainda hoje de todas as outras, é a mais necessária: A Caridade que emana do coração que vive da luz do Espírito Santo e do Redentor; mas caridade ardente, operosa, ativa, real, perseverante, tal qual descreve São Paulo na sua Epístola aos Coríntios: "A caridade é paciente, é benigna, não é invejosa, não é temerária , não se ensoberbece; não é ambiciosa, não busca seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal, tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo sofre" (1 Cor 13, 4-7)

Caridade! Pratiquemos a caridade como o Divino Redentor a praticou; como a praticaram São Vicente de Paulo, Santa Luiza de Marillac, glorificando a Deus e vindo em auxílio ao pobre, ao necessitado, ao atribulado. Não pode haver afirmação mais prática e sensível do nosso amor à Igreja e da nossa cooperação ao Reino de Cristo.




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