Postado em: 25/08/09 às 11:58:41 por: James
Categoria: O Purgatório
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(Continuação...)
ENTREVISTA A MARIA SIMMA
Uma vocação especial
Maria Simma de Sonntag
Ir. Emmanuel: Como nasceu em ti o amor pelas almas do Purgatório?
Maria: As almas do Purgatório são almas de pessoas que já morreram, mas que ainda não foram para o céu. São chamadas também de santas almas ou almas eleitas, termo biblicamente mais correto do que pobres almas, também, se de qualquer modo, definimos "pobres" , é correto, porque depende cem por cento de nós: os pobres dependem completamente uns dos outros.
Minha mãe Maria; Minha mãe teve sempre uma atenção toda particular pelas almas do Purgatório e eu também, desde os primeiros anos de escola, fazia muito por elas. Mais tarde decidi que por elas eu faria qualquer coisa, assim quando terminei a escola pensei: " Bem, irei para o convento, talvez Deus queira isso de mim". Assim, aos 17 anos entrei para o convento do Sagrado Coração de Jesus em Tirolo, mas em apenas seis meses me disseram: " para ser sincera, tu és muito delicada de saúde para estar conosco". Veja só, há oito anos tive uma pleurite e pulmonite e por isso era ainda delicado. Depois de um ano portanto deveria ir-me. Mas a madre superiora na hora de despedir-se disse-me: " estou segura que tu és chamada à vida religiosa. Porém, penso que deves esperar alguns anos até que tu se recupere da tua saúde , e depois tu poderás procurar uma ordem religiosa menos severa, talvez uma de clausura". Depois desse dia eu disse a mim mesma: " ou clausura ou nada. Não, não quero esperar, quero ir logo".
O segundo convento que fiz experiência foi os das Domenicanas de Thalbech vizinho a Bregenz. Depois, apenas passados oito dias me disseram: "tu és muito frágil fisicamente para nós, não podes ficar". Retornei para casa. Depois de algum tempo ouvi falar das irmãs missionárias. E pensei: " a missão, é isso que eu desejo! Agora entendo porque as outras duas ordens não haviam me preenchido". Assim pedi para ser admitida no instituto das Irmãs Franciscanas de Gossau, na Suíça. " sim podes vir". Esta foi a resposta.
Ao entrar nesse Instituto deveria dizer que já havia estado em outras duas ordens e que eu fora rejeitada. O resultado foi que como sempre me deram os trabalhos mais duros para desenvolver. As outras candidatas me diziam: "porque faz tudo sozinha? Nós nos recusaríamos". " Estais vendo!". Respondi. "o Senhor me ajudará, está bem assim? Farei tudo aquilo que pedirem". Depois um dia, as irmãs me disseram: "hoje tu podes ficar aqui e fazer um trabalho menos fadigoso". Então pensei: " isto significa que devo sair ou que viram que posso fá-lo!". Mas quando vi a mestra das candidatas descer a escada olhando-me com compaixão, então compreendi imediatamente: " Oh! Oh! devo retornar à casa!" De fato, se aproximou de mim e disse: " devo falar-te". " sim, eu sei, devo ir embora não é verdade? ". "Mas quem te falou? ". "Oh! Eu entendi olhando-a". "Sim, és muito delicada para nós".
Finalmente compreendi: se não posso estar ali, não poderei estar em nenum outro convento, porque não era, evidentemente, a vontade de Deus. Devo dizer que naquele momento a minha alma começou a sofrer muito. Era impaciente e dizia à Deus: "será tua culpa ó Deus, se não fizer a tua vontade!". Não sabia porém, que não devia cobrar este milagre de Deus. Era ainda muito jovem . Desejava muitas vezes que Deus me mostrasse o que ele queria que eu fizesse, mas não era capaz de entedê-lo. Esperava, ou melhor, queria sempre encontrar alguma coisa escrita à mão. Rezava muito por elas, dedicava à elas muitas ações que fazia com amor, guardando-as sempre no coração. Dizia muitas vezes a nós crianças, que se precisássemos de qualquer ajuda, deveríamos pedir as almas do Purgatório, porque são elas que te ajudam, por terem por nós um profundo sentimento de gratidão. Minha mãe era muito devota de São João Vianney, o conhecido Curad'Ares e ia freqüentemente a ARS em peregrinação. Sou quase certa que minha mãe também, de qualquer modo encontrava-se com as almas do Purgatório, mesmo que nunca tenha dito para nós seus filhos.
E assim, quando iniciou-se minhas experiência no ano de 1940, compreendi logo que era isto que Deus queria de mim. A primeira veio até mim, quando tinha 25 anos. Até aquele momento o Senhor havia feito-me esperar.
Ir Emmanuel: Tu dissestes: "a primeira alma veio à mim". Ela veio à tua casa?
Maria: Sim, e assim continuou a acontecer daquela data em diante. Na verdade. em 1940, quando teve início esses fenômenos, até 1953 vinha somente duas ou três almas ao ano, e um pouco mais no mês de novembro ( mês dedicado às almas do Purgatório). Neste ano trabalhava em casa com as crianças, também trabalhei como doméstica em uma propriedade rural na Alemanha e sucessivamente em uma cidade aqui vizinho. Durante o ano mariano de 1954, todas as noites começaram a me aparecer diversas almas.
Devo admitir, que por isto, sou bastante grata a Deus, que com este empenho a minha saúde teve uma grande melhora, mesmo se aqui e acolá tenho uma recaída. Muitas vezes agradeço o Senhor por não Ter permitido que eu entrasse num convento! Deus dá sempre o que precisamos para fazer a sua vontade.
Há diversos anos viajo e tenho conferências. Uma senhora é que organiza e me leva em seu carro. Me telefona e me diz: "está bem para ti nesse ou naquele dia, nesta ou naquela cidade? ". A primeira vez, para dizer a verdade, fiquei confusa e não pude ir, porque havia um compromisso com uma pessoa que viria aqui no mesmo dia em que eu havia marcado a conferência. Esta conferência foi muito bem aceita de uma maneira parcial, mas tive alguns problemas com sacerdotes de impostação moderna. Os cristãos de uma certa idade e os sacerdotes mais antigos crêem em tudo aquilo que digo.
Ir. Emmanuel: Pensas que sejas a única a ter esta experiência?
Maria: Eu sempre desejei doar a minha vida ao Senhor, e a oração se tornou muito importante; eu rezo muito e faço muitas outras coisas pelas almas do Purgatório. Eu também fiz um voto a Nossa Senhora para ser uma alma que se oferece de um modo particular pelas almas. Sim, seguramente tudo tem uma razão.
Ir. Emmanuel: Que estudos fizestes?
Maria: Eu terminei a escola obrigatória, aquela pedida pelas leis da época. Nós éramos pobres.
Ir. Emmanuel: Quantos anos tinhas quando deixastes a escola?
Maria: Me deixe pensar. Tinha onze anos, não doze. Sim, agora me recordo muito bem. Quando deixei definitivamente de ir à escola tinha doze anos.
Ir. Emmanuel: Como era composta a tua família?
Maria: Eu sou a Segunda de oito filhos, o que não nos permitia de continuar a estudar depois dos estudos elementares. Me recordo que muitas vezes o nosso almoço e a nossa janta consistia só em pão e uma simples sopa.
Ir. Emmanuel: Maria, tu podes nos contar como foste visitada pela primeira vez pelas almas do purgatório?
Maria: Sim, foi em 1940 de noite, das 03 às 04 horas da madrugada. Ouvi alguém andando no meu quarto. Isto me fez acordar. Olhei para ver quem poderia ter entrado.
Ir. Emmanuel: Tiveste medo?
Maria: Não, eu não sou por nada medrosa. Quando era pequena, minha mãe dizia que eu era uma criança particular, porque jamais senti medo.
Ir. Emmanuel: E então naquela noite? Conte-nos!
Maria: Oh, vi que era um estranho. Andava lentamente. Perguntei-lhe com tom severo: Como entraste aqui? Que coisa perdeste? Mas ele continuava a caminhar como se nada tivesse escutado. Então eu lhe perguntei de novo: “Que fazes tu?!...”. Mas como ele continuava a não me responder, me levantei de um salto para segurá-lo, e toquei no nada... o homem havia desaparecido... Então tornei à cama e de novo comecei a senti-lo andando. Perguntava-me por que via aquele homem, e por que não podia tocá-lo. Outra vez me levantei para segurá-lo e para fazê-lo parar de caminhar. Outra vez esbarrei no nada. Fiquei perplexa e tornei à cama. Ele não tornou novamente, mas naquela noite não consegui mais dormir. Pela manhã, depois da missa, fui encontrar-me com meu Diretor Espiritual e contei-lhe o que me acontecera. Ele me disse: “Se tudo acontecer uma outra vez, não perguntes: quem és. Mas pergunte, que coisa queres e desejas?”
Na noite seguinte o homem retornou.
Era o mesmo da noite passada, e eu lhe perguntei: “Que coisa queres de mim? “.
Ele me respondeu: “Manda celebrar três missas por mim e eu serei libertado”. Então compreendi que era uma alma do purgatório.
O meu Diretor Espiritual me confirmou.
Aconselhou-me a não rejeitar as almas do purgatório, mas de acolher com generosidade aos seus pedidos.
Ir. Emmanuel: E depois as visitas continuaram?
Maria: Sim, por alguns anos vinham três ou quatro almas, sobretudo no mês de novembro e em seguida vieram mais e mais.
Ir. Emmanuel:Que coisa te pedem essas almas?
Maria: Muitas vezes me pedem para celebrar missa por elas e a assisti-las; pedem para rezar o Santo Rosário e também a Via-Sacra em suas intenções.