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Artigo N.º 1916 - O INFERNO (parte 4)
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Postado em: 08/07/09 às 16:10:43 por: James
Categoria: Artigos Site Aarão
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Observando as torturas dos pecadores que se encontravam entre as chamas e sentindo um calor quase insuportável, sentia-me asombrada que o fogo infernal não queimasse tudo e a todos. Era evidente que o fogo não podia destruir e queimar os pecadores que se encontravam entre as chamas, como tivera feito com homens comuns, ou mesmo o próprio fogo era de tal natureza que, ainda procurando tormentos inenarráveis, era impotente para destruir tudo.

Ao instante me chegou ao ouvido o eco de um coro montanhês. Escutei com maior atenção e pareceu-me que aquele canto vinha de algum lugar debaixo da terra. Diante de mim começava uma baixada. Em todos os arredores nas rochas havia fissuras muito profundas. A dois passos de distância não se via, porém abaixo brilhavam luzes e quanto mais descia mais se ouvia o canto de um coro que, ao julgar pelas vozes, devia ser muito numeroso, mas muito desafinado. E cada vez se faziam mais vivos os fogos. Finalmente, depois de uma descida que parecia não ter fim, encontrei-me em uma planicie imensa e completamente deserta, rodeada de montes que se erguiam assumindo as mais estranhas e fantásticas silhuetas que mente humana jamais tenha podido imaginar. Na base dos montes cresciam estranhíssimas plantas espinhosas, que agitavam os ramos como se fossem tentáculos. Pela esquerda apareceu um charco rodeado de uma zona de musgo negro, que se movia também, parecia suspirar.

Pouco depois cheguei a outro charco mais, não longe de mim observei um estreito feixe luminoso e, aproximando-me, descobri uma grande greta e uma nova baixada que conduzia à misteriosa luz. Segui por aquele novo caminho e comecei a descida por aquele abismo, cheio de mistérios e incertezas, e que parecia não ter fim.

À medida que caminhava, dava-me conta de que o sendeiro se convertia em um longo caminho ao final do qual havia uma porta que dava acesso a um lugar desconhecido para mim. Daí saía um oceano de luz ofuscante e ouvia-se ainda mais forte o canto que se fazia cada vez mais ressoante e que, de vez em quando, era interrompido por gritos ensurdecedores. Recorri depressa aquela zona e encontrei-me na entrada, onde fui cegada por inúmeras luzes.

Vi uma sala imensa na qual se entrava por milhares de portas. No meio havia uma grande extensão livre, semelhante à arena de um circo. No centro daquele espaço se levantava um magnífico trono, mas extremamente tétrico. Um teto negríssimo, em forma de cúpula, com reflexos metálicos, completava a uma grande altura, aquela sala. Ao redor do trono se moviam, sem fazer ruído algum, sombras negras de formas terríveis e horripilantes. Em todo os arredores havia um grande anfiteatro para os pecadores dos quais ali havia uma grande multidão. Parecia que todo o anfiteatro havia sido um grande formigueiro e de todas as partes se podia ver com toda claridade o trono que se elevava no centro da arena. Ao redor elevavam-se gigantescas colunas luminosas que iluminavam todo o ambiente com uma luz sinistra.

À esquerda do trono, meio caída por terra, estava uma belíssima mulher, e o negro do trono fazia um esplêndido contraste de cores com o vermelho-cobre de seu cabelo, excitante como a seda. Delicada e graciosíssima, assemelhava-se a uma estatueta saída das mãos de um escultor genial.

À direita do trono estava, pelo contrário, uma mulher de olhos negros e de porte soberbo; seu cabelo harmonizava perfeitamente com o trono escuro, enquanto que seus olhos ardentes brilhavam de ódio e de maldade e pareciam lançar chamas. Estava radiante em sua atitude altiva e em seu desprezo pelos milhares de olhos que estavam dirigidos a ela. E não se parecia nem sequer a uma estatueta qualquer, podia-se dizer que era a esfínge de uma mulher de sangue real, plasmada por um artista imortal. Eu reconheci sem esforço algum as mulheres que havia visto retiradas das cavernas para a festa de Satanás.

Quase toda a arena em frente do trono estava agitada com os pecadores. Não eram, entretanto, pecadores normais nem para eles estava reservado o anfiteatro, sim aqueles que haviam manchado sua existência terrestre com os pecados mais infames. Encontravam-se todos reunidos em um lugar, sem distinção de posição ou de fortuna. O pecado havia igualado a todos.

Vi também o repugnante velho calvo e seu discípulo, aquele de tipo polonês, uma verdadeira besta humana. Um pouco separado estava o velho grisalho cujo rosto denotava uma tristeza invencível e uma dor infinita, parecia que recordasse as palavras do Evangelho: “Porém quem escandalizar a um destes pequenos que crêem em mim, melhor seria que pendurasse uma pedra de moinho ao redor do pescoço e fosse atirado ao mar”, e parecia que só agora tivesse compreendido o significado daquelas palavras.

De repente, sentiu-se uma grande sacudida subterrânea, a terra tremeu, tudo balançou e as colunas iluminadas ainda mais resplandecentes. Depois se desencadeou um furacão, ao que seguiu um coro de lamentos e de gemidos. E entre numerosos aplausos dos demônios e entre gritos irracionais apareceu subitamente Satanás, todo envolto em nuvens de fumaça muito densa. Iluminado por uma luz sinistra, com o olhar fixo, perdido no espaço, riu forte e maldosamente e naquela risada havia algo terrível, de tal modo que todos os pecadores se voltaram para ele e olharam-no com terror, privados já de vontade, sem força e sem qualquer esperança de salvação. O trono de Satanás estava rodeado de uma multidão de espíritos malvados cujos olhares ferozes aterrorizavam. Entoaram seu canto infernal, em cada palavra do qual havia o eco de uma ameaça e en cada frase a promessa de novas e inenarráveis torturas. Este canto enchia as almas dos pecadores de terror sem limites, mas os demônios cantavam cada vez mais forte e Satanás parecia se satisfazer com este canto porque sorria maldosamente.

Diante do trono, entre as filas de pecadores, havia muitos que na terra tinham sido famosos por sua sabedoria e erudição, mas que no inferno já não havia necessidade de tudo isto, eles não se distinguiam em nada dos outros, e pelo contrário, como eles, tremiam ao escutar o canto infernal, ao mesmo tempo não perdiam de vista a Satanás.

Satanás parou de rir. Mas, parecia-se a um homem? Sim, ele se parecia e, ao mesmo tempo, era um ser completamente diferente, misterioso e insensível. Toda sua figura mostrava uma incrível auto-confiança e uma consciência da própria força, mas seu rosto não mostrava alegria. De gigantesca estatura, esbelto, bronzeado, tinha um nariz afilado entre dois grandes olhos negros e profundos, que brilhavam como fogos sob o arco das sobrancelhas oblíquas e estreitas. Severo e rogado, sentava-se silenciosamente em seu trono, sobre o qual luzia uma estrela vermelha de cinco pontas.

Mantinha-se imóvel, como esculpido em bronze, com suas duas asas abertas semelhantes a tecidos de veludo negro, que se separavam ameaçadoras por detrás das costas. Suas belas pálpebras curvadas escondiam a expressão precisa de seus olhos, mas seu rosto de perfil clássico escondia um pensamento atormentado. Parecia que naquele dia, aniversário daquele outro em que há milhares de anos atrás foi expulso por Deus, Satanás recordasse seu passado, quando também ele era um anjo bom alheio a todo mal. Seu rosto expresaba um secreto tormento enquanto uma ruga de longas datass lhe Francia a testa e as gigantescas asas negras abaixavam cada vez mais até dobrarem detrás dele, como ocorre com uma bandeira golpeada pela tempestade.

Então Satanás levantou as pálpebras e vi seu olhar ameaçador que continha em si um oceano de maldade e de ódio. A multidão de espectadores a fixou: que olhar era aquele! Quanta perfídia e quanto ódio! Assim se ergueu em toda sua estatura gigantesca, em toda sua misteriosa essência o príncipe do mal e do pecado.

Por todas as partes se fez um silêncio de túmulo. Satanás começou seu discurso que se ouvia distintamente em todos os ângulos do amplo salão: “– Eu vim para anunciar-vos novos tormentos”, disse, e sua voz se tornou ainda mais ameaçadora e estridente e seus olhos se acenderam ainda mais pelo ódio. “– Far-vos-ei sofrer tantas torturas que, em comparação com elas, as penas anteriores empalidecerão. Cada ano eles serão mais terríveis e assim será eternamente.”

Com um espantoso ruído se abriram detrás de suas costas as duas grandes asas negras. Que terrível era, imensamente terrível, o grande Satanás! Todos os seus demônios, ao ouvir-lhe prometer novas penas, estrondearam em risos de alegria. Os pecadores, pelo contrário, pressentindo os tormentos que lhes esperavam, se agacharam gemendo e chorando, enquanto as colunas de fogo brilharam com uma luz sangüínea, bem como se tornou sanguinolenta a estrela de cinco pontas colocada sobre o trono. Tudo se cobriu de vermelho.

Satanás se sentou novamente. Então vi que uma multidão de espíritos malignos se precipitar sobre a bela mulher de olhos negros, fazendo-a levantar a pontapés. Ela se pôs de pé como uma fera ferida e seus olhos relampejavam de ódio. Mas de improviso se direcionou sorrindo e com passo seguro, impressionantemente descarada, dirigiu-se até o trono, movendo os quadris, levantando seus seios alvos, ostentando sua graça e todo seu encanto pessoal. Mas Satanás riu com uma risada de zombaria e desprezo.

“– Na terra, você subjugava os homens com sua voz, com seus olhares, em uma palavra com seus encantos, e oferecia-lhes todas as alegrias da felicidade terrena: ouro e até o poder. Não deixava em paz aqueles que escolhia. Assegurava-lhes em seus cantos que ninguém a não ser você podia dar a felicidade plena. Desperdiçava o ouro e as riquezas sem se preocupar e se vangloriava de sua glória efêmera e do esplendor de seu palácio, e assim conseguia conquistar o coração que tinha escolhido. Mas depois saciada e indiferente, ordenava a morte sem piedade para aqueles que antes haviam sido seduzidos por você.”

Com um gesto da mão, Satanás chamou o mais nojento de todos os demônios e, apontando-lhe a pecadora, ordenou: “– Acaricie-o, beije-o e ame-o o quanto ele desejar. Vá com ele, eu não tenho necessidade de você. Mas eu gostaria muito de sentir o sabor de seus beijos e, para isso, aqui está meu pé.”

Ele ria, fazendo mover suas asas negras. Pálida, mordendo os lábios, a pecadora estava de pé sem mover-se, como uma estatua de mármore. Mas logo respondeu áspera e taxativamente: “– Nunca”, e em sua atitude orgulhosa estava belíssima. “–  Nunca? - perguntou Satanás, roxo de raiva - Mas você não sabe que minha vontade é capaz de domar qualquer orgulho?”

Vieram então os espíritos malignos que apanharam a pecadora e jogaram-na aos pés de Satanás e obrigaram-na a beijar-lhe o pé. Depois disto levantaram-na e levaram-na até a coluna ardente e apoiaram-na contra ela. Ficou negra pela dor insuportável e pelas queimaduras, mas seus olhos rebeldes, como antes, estavam fixos, terríveis em seu ódio, cheios de maldade, sobre Satanás.

Enquanto isso, alguns demônios que se encontravam junto ao trono agarraram os dois pecadores de má reputação, aquele calvo e aquele de traço polonês, e à força os arrastaram diante de Satanás e lançaram-nos aos seus pés. E olhando-os com um olhar irado e terrível, Satanás disse:

“– Vêem a todos estes milhares de pecadores que reuni aqui junto ao meu trono? Por minha vontade diante de vocês e deles passará agora uma parte de suas vidas de criminosos e eu verei de novo suas ações, e far-me-á gozar deste espetáculo como uma festa.”

Satanás fez um gesto e tudo ao redor ficou escuro. No fundo da sala apareceu um disco luminoso, como uma tela sobre a qual todos viram representada uma sangrenta batalha. Ouviu-se o estalido dos projéteis, o ruído das metralhadoras e o assobio das granadas. Viram-se regimentos com seus oficiais à frente, baterem-se com valentia sem igual. Viram-se cair os mortos e feridos e viu-se também como os soldados salvavam aos oficiais  e vice-versa, todos irmãos no ideal comum. E todos aqueles guerreiros pertenciam à mesma gloriosa terra à qual pertencia também o pecador calvo.

“– Eis aqui que se inicia o período de suas inumeráveis feitorias”, disse Satanás. Ouvindo-se estas palavras, o pecador calvo que se encontrava aos pés do trono, começou a gemer penosamente, e ao mesmo tempo sobre o disco branco apareceu seu rosto, já suplicante, já fechado, o rosto sobre o qual se refletia o espanto e o nascente triunfo; e ao redor dele tudo era escuridão semelhante a uma parede negra, impenetrável. Neste momento, a cena da batalha mudou rapidamente. Ouviram-se  novamente canhonaços e o ruído das metralhadoras. Depois apareceu uma praça sobre a qual se erguia um palácio todo de pedra vermelho-escura. No centro da praça surgia uma coluna alta e elegante sustentando a estátua de um anjo. Toda a praça estava cheia de uma multidão enfurecida que assaltava o palácio. E a cena mudou novamente: apareceram, solenes e maravilhosos, os salões do palácio. A plebe havia conseguido apoderar-se dele. Uma das salas tinha as portas defendidas por garotas: estavam armadas de fuzis e defendiam com desesperada coragem o palácio de seus soberanos. Entretanto, o povo conseguiu invadir todo o palácio.

Feras com uniformes de marinheiros ou soldados, com faixas ou cintos vermelhos e cintos para completar sua ostentação, foram e arrancaram os fuzis das fracas e delicadas mãos das heróicas jovens. Gritando e blasfemando alucinadamente, violaram até a morte às nobres heroínas. E sobre toda aquela orgia se ouviam gritos rudes que enalteciam a vitória conseguida: “– Viva a liberdade”. “Viva nosso líder.”

Vendo aqueles horrores e ouvindo aqueles gritos, o pecador calvo, prostrado aos pés de Satanás, chorou ainda mais tristemente. De novo tudo caiu na escuridão e sobre o fundo luminoso apareceu uma nova cena. Vi um grupo de prisioneiros, entre os quais se destacava uma mulher de alta estatura, de rosto altivo e maneiras nobres. Junto a ela se encontravam umas jovens e diante de todos, sentado numa cadeira, estava um homem de idade com um garoto de uns 14 anos sobre seus joelhos. Usava um simples uniforme de soldado, sem ombreiras, e calçava botas longas.

Senti-me atraída por seu olhar doce, tão suave e sonhador. Lembrei que já havia visto aquele olhar uma vez em outro lugar. Olhei melhor e vi e pareceu-me reconhecer meu imperador. De repente esta cena desapareceu de minha vista e vi uma pobre cabana no meio da qual estava de pé uma mulher magra como um esqueleto, vestida de trapos com o cabelo emaranhado e com olhos cheios de loucura. Aproximou-se tremendo do armário e do forno, procurando com as mãos trêmulas algo: naquele instante um menino gritou em seu berço e a mulher, rindo com uma gargalhada de louca, deu um salto até o berço, pegou o pequeno e, continuando a rir, estrangulou-o e lançou o pequeno cadáver em uma panela cheia de água fervendo que estava sobre o fogão. Fiquei profundamente aterrorizada por esta cena terrível, mas um sentimento inexplicável me fez compreender que aquela mulher era uma mãe canibal da Rússia faminta.

Aquela cena horripilante foi seguida por outra que representava as minas de carvão. Aqui vi as mesmas cenas que tinha observado um pouco antes no inferno. Velhos e jovens, de maneiras diferentes, mas com uma dor e uma tristeza infinitas em seus olhos, realizavam um trabalho inumano, eram forçados por golpes de chicotes e perseguidos por guardas robustos, cujas feições revelavam uma estúpida bestialidade. E de novo o mesmo sentimento me fez compreender aqueles desgraçados eram os melhores generais e oficiais russos, cuja culpa consistia em ter amado profundamente a sua Pátria, a Rússia.

Também esta cena desapareceu. Satanás estava sempre sentado no trono, enquanto que o pecador calvo, invadido pelo terror, apertava convulsivamente a cabeça entre as mãos, murmurando fracamente palavras sem sentido. “– Você viu o que você fez em sua vida?” O pecador calvo respondeu com voz muito baixa: “– Eu vi!” E Satanás, dirigindo-se de novo aos espíritos malignos, gritou furiosamente: “– Pegai-o e mantei-o junto a mim, enquanto eu julgarei aos que foram seus cúmplices na terra”.

Os demônios pegaram o pecador, lançaram-no por terra junto ao trono, depois se puseram a dançar furiosamente sobre seu corpo. O outro pecador, aquele de tipo polonês, abaixou a cabeça e fechou os olhos: seu rosto estava alterado pela dor, mas já não tinha forças para gritar nem para chorar. Satanás lhe disse: “– Levante a cabeça e olhe. Far-lhe-ei ver só uma cena que lhe fará lembrar todas as suas ações”.

Viu-se então uma rua comprida e ampla, mas tão comprida que parecia não ter fim. Por aquela rua caminhavam lentamente dezenas de milhares de homens, velhos e jovens, mulheres e crianças, homens de todas as condições e de todas as profissões, bispos e sacerdotes, generais e jovens oficiais, soldados e licenciados, operários e camponeses. Alguns tinham o peito perfurado pelas balas, outros a cabeça ferida, outros levavam ainda ao redor do seu pescoço a corda da forca. Todas estas sombras de mártires caminhavam sem pressa pela rua sem fim, em uma direção desconhecida.

Mas de repente ocorreu uma coisa extraordinária: todas aquelas sombras espantosas de assassinados se transformaram em um instante – vi-os vestidos com trajes brancos, leves, etéreos, e em suas mãos vi brilhar velas acesas. Sobre eles descia uma luz nova, azul, estranha. Suas terríveis feridas desapareciam e seus rostos serenos de novo emanavam o sentido de uma felicidade plena, de um bem-estar tão luminoso que parecia que a própria luz emanasse de seus corpos. Toda a rua foi enfeitada com flores de extraordinária beleza. E aquelas dezenas de milhares de assassinados iam, serenos e purificados, com os braços levantados para a luz deslumbrante que brilhava diante deles e chamava-os para si.

Depois desapareceu tudo outra vez e a tétrica festa de Satanás continuou. Ele disse: “– Tudo isto foi você quem causou com suas próprias mãos. Todos estes que você viu foram mortos por você, mas eles, por meio das torturas que você os fez sofrer, expiaram seus pecados e encontraram a beatificação, enquanto que se tivessem continuado vivendo, muitos entre eles teriam vindo parar em meu reino. Por tudo isto, minha vingança sem piedade os alcançará. Eis aqui que já se aproximam para vocês”.

E diante do trono desceu um monstro repugnante, provido de um grande número de tentáculos que se expandiam avidamente em todas as direções. O monstro, aproximando-se do pecador calvo e seu discípulo, pegou os dois com seus tentáculos e arrastou-os. Eles se agitavam, gemiam e lamentavam-se como duas moscas que estivessem presas entre as patas tenazes e impiedosas da aranha.

Todos os pecadores, com a respiração cortada estavam à espera do que lhes ia passar. Compreendiam perfeitamente que nenhum entre eles poderia escapar ao terrível castigo de Satanás e na espera, um terror secreto os paralisava. Nada mais parava o ruído produzido pela fuga do monstro, a bela mulher de cabelo vermelho se aproximou espontaneamente do trono e jogando para trás a cabeça flamejante, olhou para Satanás com seus olhos ardentes. Mas o olhar de Satanás estava cheio de ironia e com um sorriso de maldade lhe disse: “– Conheço sua mão terrena. Eras uma famosa cortesã cuja beleza e inteligência foram admiradas por velhos e jovens sem distinção. Eras riquíssima e para teu palácio vinha a mais alta aristocracia de sua época. Tinhas declarado sempre que não reconhecias outras coisas que as materiais e terrenas. A única ocupação de tua vida foi a libertinagem e experimentavas grande alegria em destruir a vida e a felicidade dos outros. Gostavas de subjugar a um homem e logo ser para ele como uma serpente. E então agora, por estes teus pecados, deverás arrastar-te como uma serpente ante meus demônios que não te abandonarão jamais. Eles te obrigarão a fazer o que eles gostam e nunca poderás rebelar-te.”

“– Tenha piedade de mim”, disse a beldade caindo de joelhos diante do trono e estendendo para Satanás, em um gesto desesperado, seus braços, pela primeira vez impotentes em sua beleza. Mas Satanás continuava rindo e a um sinal seu, uma multidão de demônios agarrou a mulher e, entre saltos e zombarias, arrastaram-na até a saída, deleitando-se com os sofrimentos que lhe causavam.


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