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Artigo N.º 4191 - Como Funciona o Calendário Litúrgico
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Postado em: 31/01/10 às 16:12:15 por: James
Categoria: Saiba Mais
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O Calendário Litúrgico se divide em três grandes Partes:

TEMPO COMUM
CICLO PASCAL
CICLO DE NATAL

TEMPO COMUM

 

TEMPO COMUM DO ANO

O tempo comum começa no dia seguinte à festa do batismo do Senhor e vai até a terça-feira de carnaval, inclusive. interrompido pelo ciclo pascal. Recomeça na segunda-feira depois de pentecostes e termina no sábado anterior ao 1o domingo do advento.

Sentido

O domingo é a páscoa de cada semana, dia da reunião da comunidade para escutar a Palavra e fazer a Ceia em memória da morte e ressurreição de Jesus.

Os primeiros domingos do tempo comum são marcados por um clima de manifestação do Senhor, da sua missão no mundo e do chamado dos discípulos. A atitude destes domingos é sugerida pela voz do Espírito que desceu sobre Jesus nas águas do Jordão: “Tu és meu Filho querido, o meu predileto”! Contemplamos Jesus como o iniciador do reino.

Além do domingo, como festa semanal, celebram-se nesta primeira parte as festas da apresentação do Senhor e a festa da conversão do apóstolo Paulo.

Símbolos

O gesto simbólico que caracteriza o domingo como dia memorial da páscoa é sempre a reunião da comunidade em torno da Palavra e da santa ceia. O evangelho de cada celebração às vezes inspira um símbolo ou gesto simbólico que marca um determinado domingo. Para ressaltar a dimensão pascal do domingo, está previsto oração e aspersão da água (no lugar do ato penitencial). Há ainda as músicas que expressam o sentido de cada domingo.

 


 

CICLO PASCAL

 No ciclo da páscoa somos convidados a reviver a caminhada pascal do Senhor Jesus. A força do seu Espírito nos enche de alegria, para cantarmos a vitória enquanto ainda lutamos. O ciclo da páscoa engloba a quaresma, as festas pascais e o tempo pascal até pentecostes, inclusive.

 

TEMPO DA QUARESMA

Sentido

Na quaresma, lembramos os quarenta anos do povo de Deus no deserto e revivemos os quarenta dias de deserto que Jesus viveu, preparando-se para a sua missão. É tempo de nos consagrarmos mais à escuta da palavra de Deus, à oração e ao maior domínio de nós mesmos, para nos converter ao Cristo e ao seu reino. Deixando de lado tudo o que ficou para trás, dediquemo-nos à oração e, "na alegria do Espírito Santo, esperemos a santa páscoa" (Regra de São Bento).

Duração

O tempo da quaresma vai da quarta-feira de cinzas até a quinta-feira santa pela manhã.

Principais celebrações

Quarta-feira de cinzas; 1º, 2º, 3º, 4º e 5º domingos da quaresma; domingo de ramos; missa dos santos óleos; celebrações penitenciais; celebrações catecumenais; ofícios cotidianos, como meio de intensificar a oração.

Símbolos

A cor roxa, as cinzas e a cruz lembram o caráter de penitência e conversão. O jejum (com cabeça perfumada) nos convida a dar mais atenção à palavra de Deus. A campanha da fraternidade pede para caracterizar o esforço comunitário de conversão por meio de um serviço bem concreto e de gestos de solidariedade.

O Hinário 2 da CNBB apresenta um bom repertório de músicas para o tempo da quaresma, além dos cantos da CF.

Lembretes

Retomar o que foi planejado no início do ano referente à quaresma.
Ao organizar as celebrações desse tempo, é importante considerar como está a vida do povo e da comunidade e aprofundar o sentido de celebrar a quaresma nesse contexto.

A cada ano, a campanha da fraternidade apresenta uma situação de vida que exige de nós conversão e solidariedade. Neste ano, convida-nos a aprofundar o tema “fraternidade e a água” e tomar consciência que se “a água é fonte de vida”, deve ser preservada. Como este apelo vai estar presente na liturgia, na oração, no trabalho missionário? Vai haver um gesto concreto da CF neste ano?

As celebrações penitenciais: Serão celebradas quando e com quem? Como serão preparadas?

Na 2a, 3a e 4a-feira da semana santa, costuma haver alguma programação especial? Esses dias poderão ser bem aproveitados com os que vão celebrar os sacramentos da iniciação, na vigília ou no domingo da ressurreição.

Tríduo pascal

Sentido

O tríduo pascal é a celebração maior para as comunidades cristãs. Na vitória de Jesus saboreamos a nossa própria vitória sobre as forças da morte que imperam neste mundo. Também nos animamos uns aos outros a assumir com garra e gosto a causa da vida, até que a páscoa definitiva, a libertação completa aconteça no reino de Deus. 

Duração

O tríduo pascal tem início com a comemoração da última ceia do Senhor, na quinta-feira à noitinha, e termina com a celebração do domingo da ressurreição.

Símbolos

Cada celebração do tríduo tem suas próprias ações simbólicas e sugere uma atitude espiritual que culmina na grande alegria pascal: é a páscoa do Senhor, exultemos de alegria!

Para as músicas, o Hinário 2 da CNBB.

Lembretes

Para a quinta-feira santa:

Na missa do crisma os padres e, em algumas dioceses também as ministras e ministros leigos, renovam sua entrega a Cristo no serviço do reino. Quando e onde será a missa do crisma? Todos os servidores da comunidade estão convidados? 

A celebração da ceia do Senhor marca o início das festas pascais. Pode ser vivida como um encontro mais íntimo e como momento especial de reconciliação entre os membros da comunidade. Haverá padre para presidir a eucaristia nesse dia? Então, como será?

E o lava-pés, o que a campanha da fraternidade sugere?

Haverá adoração eucarística? É bom lembrar que a noite mais importante do tríduo é a do sábado, por isso recomenda-se não prolongar a adoração na noite de quinta-feira e guardar as energias para esta grande vigília da páscoa do Senhor.

Para a sexta-feira santa:

A sexta-feira santa é a páscoa da cruz. Procuremos vivê-la no sentido de uma inserção mais profunda na religião e na sensibilidade popular. Exaltando o Senhor glorificado na cruz, cantamos sua vitória, na espera da ressurreição.

Como costuma ser celebrada a paixão do Senhor? O que fazer para aproximar a devoção popular e a liturgia, dando, porém, ao conjunto da celebração um conteúdo pascal?

Os símbolos são: o vermelho, a cruz, a procissão, as personagens do relato da paixão, a apresentação e a adoração da cruz, as grandes preces universais...

Para o sábado santo:

O sábado santo é dia do grande silêncio, para lembrar o tempo em que o Senhor esteve na sepultura. Passamos esse dia em clima de oração e expectativa...

Costuma haver alguma programação na comunidade? Haverá momentos de oração durante o dia?  Pode ser programado um retiro para os que vão celebrar os sacramentos da iniciação. Há ritos catecumenais próprios para esse dia.

Para a vigília pascal:

A vigília pascal, “mãe de todas as vigílias da Igreja”, deve ser celebrada em comunhão com as pessoas que, no escuro da noite, buscam a ressurreição. É a celebração maior para as comunidades cristãs; desdobra-se na celebração do domingo da ressurreição.

Como será feita a vigília? Será na noite de sábado ou na madrugada do domingo? Haverá batismos?

Os símbolos são: o fogo, o círio, a água batismal, a ceia (pão e vinho), as flores, a alegria...

A cor para esta celebração é o branco ou o amarelo, mas poderíamos fazer outras tentativas, no sentido de buscar uma maior inculturação das cores na liturgia.

Tempo da páscoa

Sentido

"Este é o dia que o Senhor fez. Alegremo-nos e nele fiquemos felizes" (Salmo 118). A ação libertadora do Senhor acontece cada dia do ano e em toda a nossa vida, mas nós a celebramos com mais intensidade no tempo pascal. Cinqüenta dias celebrados como um grande domingo.

Duração

O tempo da páscoa vai do domingo da ressurreição até o domingo de pentecostes.

Principais celebrações

Todos os dias sejam celebrados com alegria, como se fosse um só dia de festa. A primeira semana da páscoa (oitava) é mais festiva. Nela contemplamos o despertar da fé e o testemunho que as discípulas e os discípulos deram do Ressuscitado. No sétimo domingo, celebra-se a ascensão do Senhor, e tem início a semana de oração pela unidade das Igrejas. No último dia, domingo de pentecostes, bendizemos ao Senhor pelo Espírito Santo, o dom maior da páscoa de Jesus.

Símbolos

A cor branca ou amarela é sinal de festa e de alegria. O círio, a grande vela acesa na vigília pascal, é imagem do Ressuscitado no meio de nós. O aleluia é o canto novo da vitória do Cristo e da comunidade dos filhos de Deus. A água batismal permanece nesse tempo como lembrança do nosso batismo. As flores ligam a páscoa com a natureza, sempre superando a hostilidade do tempo e as agressões que lhe são impostas...
O Hinário 2 da CNBB oferece ótimas sugestões de músicas para esse período.

Lembretes

Seria bom marcar uma avaliação da quaresma, do tríduo pascal, da campanha da fraternidade? Anotem as sugestões e observações para o próximo ano.

Vejam o que foi planejado para o tempo pascal e o que precisa ser melhorado.

Como manter o clima pascal durante todo esse tempo?

O tempo pascal cobre quase todo o mês de maio, dedicado, em algumas regiões, a Maria, mãe de Jesus. Como fazer de forma pascal a coroação e outras devoções marianas?

No mês de maio, festejamos as mães, e há muitos casamentos, não se esqueçam!

Lembrando que há pessoas que não vêm à noite, muitos elementos da vigília poderiam ser incorporados à celebração do domingo da ressurreição.

Semana de oração pela unidade das igrejas cristãs 

(23 a 30 de maio)

"Depois que o Senhor subiu ao céu, os discípulos voltaram à cidade. Chegados em casa, subiram à sala e junto com Maria, mãe de Jesus, e algumas mulheres ficaram reunidos, em oração, esperando o Espírito Santo que o Senhor lhes prometera" (At 1,12-14).

A cada ano, as Igrejas costumam prolongar a memória desta oração por meio de uma novena ou da semana de oração pela unidade.

O que a equipe pretende fazer? Haverá momentos de oração pela unidade? Vai ser convidado algum irmão evangélico para vir à comunidade? Haverá uma reunião da comunidade com um momento de oração? Alguém da comunidade vai participar de cultos com irmãos e irmãs de outras Igrejas?
No Brasil, muitos grupos e comunidades se reúnem em torno das folias do Divino. Há esse costume em sua comunidade? O que pode ser feito para estabelecer uma relação entre esses grupos e a comunidade?

A semana de oração pela unidade coincide com a novena da festa de pentecostes. Vejam uma proposta de novena no Ofício Divino das Comunidades, p. 583. Rezemos a cada dia em comunhão com uma Igreja. A idéia de uma oração própria para cada dia veio do pe. Marcelo Guimarães: 

1º dia:
Rezemos pela Igreja católica:

Ó Deus, pastor de nossas vidas, nós te bendizemos pelo testemunho da Igreja Católica, seu sentido de unidade e a fé em teus sacramentos. Nós, hoje, suplicamos por ela: que permaneça sempre aberta - católica - sem
nenhuma discriminação. Fortalece os laços de unidade que nos ligam a ela e congrega em tua casa homens e mulheres de todas as raças, tribos e línguas.

Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
Dá, Senhor, a todos os cristãos uma unidade que seja visível!
Que nós sejamos um, para que o mundo creia! Pai nosso...

2º dia:

Rezemos pela Igreja ortodoxa:
Ó Deus, verdade e beleza plena, nós te bendizemos pelo testemunho da
Igreja ortodoxa, seu sentido de mistério e beleza, sua consciência de
participação na tua vida divina. Nós, hoje, suplicamos por ela: que não
esmoreça na busca do teu rosto. Fortalece os laços de unidade que nos
ligam a ela e sustenta os cristãos e cristãs na profissão da fé verdadeira.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
Dá, Senhor, a todos os cristãos uma unidade que seja visível!
Que nós sejamos um, para que o mundo creia! Pai nosso...

3º dia:
Rezemos pelas Igrejas de tradição luterana:

Ó Deus, palavra viva e eficaz, nós te bendizemos pelo testemunho das
Igrejas de tradição luterana, pelo valor que dão às Escrituras e ao
sacerdócio comum de todos os batizados. Nós, hoje, suplicamos por elas: que sejam sempre fiéis aos teus mandamentos. Fortalece os laços de unidade que nos ligam a elas e conduze sempre os teus amados por tuas estradas. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
 
Dá, Senhor, a todos os cristãos uma unidade que seja visível!
Que nós sejamos um, para que o mundo creia! Pai nosso...

4º dia:
Rezemos pelas Igrejas de tradição calvinista:

Ó Deus, que nos escolheste desde a criação do mundo para sermos santos, nós te bendizemos pelo testemunho das Igrejas de tradição calvinista, especialmente por sua confiança total no teu amor que tudo conduz. Nós, hoje, suplicamos por elas: permaneçam sempre em teus caminhos. Fortalece os laços de unidade que nos ligam a elas e reúne os teus eleitos de todos os cantos do mundo em teu reino. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Dá, Senhor, a todos os cristãos uma unidade que seja visível!
Que nós sejamos um, para que o mundo creia! Pai nosso...

5º dia:

Rezemos pelas Igrejas de tradição anglicana:
Ó Deus, comunhão de amor, nós te bendizemos pelo testemunho das Igrejas de tradição anglicana e pela busca da igualdade em cada comunidade. Nós, hoje, suplicamos por elas: que continuem com audácia a edificar comunidades verdadeiras! Fortalece os laços de unidade que nos ligam a elas e acaba com todas as divisões entre os cristãos. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Dá, Senhor, a todos os cristãos uma unidade que seja visível!
Que nós sejamos um, para que o mundo creia! Pai nosso...

6º dia:
Rezemos pelas Igrejas de tradição batista:
Ó Deus, fonte de vida, nós te bendizemos pelo testemunho das Igrejas de
tradição batista, especialmente pela radicalidade com que assumem a
vivência do batismo. Nós, hoje, suplicamos por elas: que perseverem sempre no seguimento de Jesus! Fortalece os laços de unidade que nos ligam a elas e reúne todos os batizados e batizadas na comunhão do teu amor. Por  Cristo, nosso Senhor. Amém.

Dá, Senhor, a todos os cristãos uma unidade que seja visível!
Que nós sejamos um, para que o mundo creia! Pai nosso...

7º dia:
Rezemos pelas Igrejas pentecostais:
Ó Deus, força de compaixão, nós te bendizemos pelo testemunho das Igrejas pentecostais, a experiência que fazem do teu Espírito e do teu amor que cura nossas feridas. Nós, hoje, suplicamos por elas: que não cansem de cantar o teu louvor! Fortalece os laços de unidade que nos ligam a elas e conduze todos os teus crentes na ternura dos teus caminhos. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Dá, Senhor, a todos os cristãos uma unidade que seja visível!
Que nós sejamos um, para que o mundo creia! Pai nosso...
Dia da festa:

Muitas comunidades gostam de marcar a festa de pentecostes com uma vigília, retomando a vigília da páscoa e dando a pentecostes a intensidade de último dia da festa pascal. Com o povo de Israel, lembramos, neste dia, a aliança que Deus fez conosco no monte Sinai e o dom da Lei. Na esperança de uma unidade visível entre todas as Igrejas cristãs, alarguemos nossa comunhão com todos os adoradores e adoradoras de Deus, unindo nossa voz aos gemidos da mãe terra e de todo o universo que clama pela paz.
E na sua comunidade, já experimentaram fazer a vigília de pentecostes? Que tal pensar nisso neste ano (vejam sugestão no Ofício Divino das Comunidades, p. 588)? É bom lembrar que a data de pentecostes cai próximo ao dia mundial do meio ambiente. Como valorizar, na vigília, elementos que expressem a comunhão com a natureza?

 


  

O CICLO DE NATAL

 

No horizonte, a Vinda final do Filho do Homem. No centro das atenções, o nascimento de Jesus, em Belém de Judá. A brilhar em cada celebração, a vinda mística do Cristo da nossa fé, que nos garantiu que “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles” (Mt 18,20). No dia a dia, a desafiar a vigilância da nossa fé, a vinda velada d’Aquele que cruza, a todo momento, nosso caminho, em meio a tudo quanto acontece, em cada pessoa, especialmente, no necessitado, no empobrecido, no excluído, “pois eu estava com fome, e me destes de comer” (Mt 25,35). O ciclo anual do NATAL começa pelo Tempo do advento, tempo de preparação dos caminhos do Reino; culmina na noite de natal e se desdobra por uma oitava de alegria pela vinda histórica do Messias e sua repercussão pelos séculos afora, através das celebrações-memoriais; e termina nas Festas da epifania e do batismo do Senhor, momentos privilegiados de sua manifestação. É, com certeza, um tempo forte de cultivo e fortalecimento da fé e da vida cristã. Do começo ao final, uma bem-aventurança de Jesus nos acompanha: felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! (Mt 5,6). Faz bem começar assim um ANO NOVO.

TEMPO DO ADVENTO

Toda celebração cristã tem uma dimensão de espera do Reino. A cada dia suplicamos na oração do Senhor: “Venha o teu reino!” E no coração da prece eucarística aclamamos: “Vem, Senhor Jesus”. Entretanto, o tempo do advento nos é dado a cada ano, como SACRAMENTO DA ESPERA. Os textos bíblicos e litúrgicos do ciclo do natal estão impregnados de imagens que falam das Promessas de Deus e da ansiosa expectativa do povo; da manifestação da sua VINDA no Verbo que se fez carne e da humilde adoração e reverente cooperação das Testemunhas que reconheceram os seus sinais.

E nós, neste tempo de agora, auxiliados pela reserva simbólica ofertada pela liturgia de cada dia, comungamos desta ansiosa esperança, unindo-nos aos anseios da própria criação, também ela e mais do que nunca, em dores de parto à espera de redenção (Rm 8). Somos guiados/as pela íntima certeza de que do tronco cortado sairá um broto; frágil, mas coroado pelo Espírito capaz de recriar o mundo a partir do seu próprio fracasso em busca da harmonia primordial (Is 11,1-10). É esta certeza-esperança que nos move a cantar esperando o natal: “Do tronco da vida, mesmo ferida, nasce uma flor rindo da dor” (Adolfo Temme). E assim preparamos com íntimo desejo ‘a festa das nossas núpcias’ (Leão Magno) abraçando nossas fragilidades já assumidas pelo Verbo manifestado em nossa carne e ainda por se manifestar plenamente.

Somos sujeitos de desejo, inacabados, sempre “em devir”, nós e a realidade social e cósmica da qual fazemos parte... A nossa espera será proporcional ao nosso DESEJO. Santo Agostinho já dizia: “o teu desejo é a tua oração”; Gandhi o confirma: “tornamo-nos aquilo que ansiamos, dai a necessidade de oração" ; e Teilhard Chardin: “O Senhor Jesus virá na medida em que saibamos esperá-lo ardentemente; há de ser um acúmulo de desejos que fará apressar o seu retorno". A oração do primeiro domingo pede “o ardente desejo do reino para acorrer com nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem”. E pede que sejamos vigilantes:

a) A nós mesmos/as, para não confundir a sede mais profunda do coração (sede de amar e de ser amado/a) com o desejo de posse (de pessoas e de coisas); para dar nome aos nosso desejos desorientados...

b) Aos sinais da vinda do nos acontecimentos

c) No cuidado da ‘casa’, apressando “com as boas obras” (amor concreto e gratuito) a chegada do reino; prolongando na oração pessoal a escuta da Palavra (oração do coração), abrindo-nos à mediação do Verbo - “é ele que ama em nós” (Jean Yves Leloup).

Preparamos o natal celebrando o ADVENTO, o mistério da VINDA do nosso Salvador Jesus Cristo que “veio a primeira vez revestido de nossa fragilidade”, “virá no fim revestido de glória” (cf. prefácio I) e SEMPRE VEM, no tempo intermediário do nosso PRESENTE (homilia de São Bernardo, LH, I, p. 137 ). ELE VEM independente da nossa espera, mas justamente porque ele Vem, nos abrimos à sua presença no meio de nós: “agora e em todos os tempos, ele vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana, para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade, enquanto esperamos a feliz realização do seu Reino”. (Prefácio IA).

Atentos/as às palavras da liturgia e aos acontecimentos do cotidiano, nos colocamos na condição de comunidade-Esposa, vigilante à espera do Messias. Ele virá tão certo como a aurora. Então cantamos: “das alturas orvalhem os céus, e as nuvens que chovam justiça, que a terra se abra ao amor, e germine o Deus salvador”. O Verbo que nasceu de Maria, germinará da terra QUE SOMOS NÓS, como nos ensina a Eco-teologia a partir da nova cosmologia (somos parte indissociável do cosmos).

O Verbo é o fruto da mútua cooperação, da admirável troca, entre o céu e a terra, entre o Espírito e a matéria. Por isso nos unimos a toda a humanidade e a toda a criação, em oração suplicante: VEM!! É o grito do próprio ESPÍRITO que se une à Esposa para dizer:: “Maranatá, VEM, Senhor Jesus!” (1Cor 16,22 e Ap 22,20). Tendo esta tela de fundo, entremos com nossa atenção vigilante, na “alegre e piedosa espera” deste sagrado tempo da nossa esperança

FESTAS E TEMPO DO NATAL

O Natal não é apenas a celebração do aniversário de Jesus, é memória da nossa redenção. São Leão Magno um pai do século V, afirma que, com o nascimento de Jesus, “brilhou para nós o dia da nossa redenção”. Em Jesus Deus se aproximou do mundo, desposou a nossa humanidade, por isso, o mesmo Leão Magno refere-se às festas do natal como ao dia das nossas núpcias, em que se realizou o admirável intercâmbio entre o céu e a terra. Destacam-se o dia do natal com sua oitava, a epifania e o batismo do Senhor. No dia do natal, celebramos a humilde presença de Deus na terra, adoramos o Verbo que se fez carne e habitou entre nós. É a festa da Divina solidariedade. Na epifania, conhecida como festa dos reis magos, celebramos a sua manifestação a todos os povos do mundo. O Batismo de Jesus no Jordão é a sua manifestação, no início da sua missão. Ele, o Servo da simpatia do Pai, destinado a ser luz das nações. É importante resgatar a dimensão pascal do natal. O presépio, as encenações, os gestos e os cânticos do Natal e da epifania devem nos ajudar a celebrar a “passagem” solidária de Deus na pobreza da gruta, na manifestação Jesus aos povos, em Belém, e na manifestação a seu povo, no Jordão. Os ofícios de vigília, com o simbolismo da luz, retomam, de modo especial, o clarão da vigília pascal: lembram o nascimento e a manifestação do Senhor Jesus qual luz a iluminar os que andavam nas trevas. O Rito das aspersão, especialmente na festa do batismo, expressa o nosso mergulho na divindade do Cristo, do mesmo modo como ele mergulhou em nossa humanidade.

 

A novena do Natal

A novena do natal retoma de forma latino-americana a tradição de consagrar os últimos dias do advento à imediata preparação do natal. Celebrada especialmente nas famílias e nos grupos, em solidariedade com os doentes e com os mais pobres, atualiza o gesto de Maria em visita à sua prima Isabel (Lc 1,39-45), e, como elas, oferece e acolhe a salvação e a paz.
A novena de natal retoma o sentido de ansiosa espera pela vinda do reino e assume de um modo mais ardoroso a atitude de vigilância, ajudando-nos a viver em nós mesmos, e a desejar para o mundo e para todo universo, a expectativa de um novo parto da salvação de Deus.
Oferecemos aqui um ofício da novena de natal segundo a proposta do Ofício Divino das Comunidades, para dar a esta novena um caráter mais orante, tão a gosto do povo de nossas comunidades. De fato o estilo reflexivo e tão racional que em geral caracteriza as novenas de natal, não coincide com a concepção de novena que o povo e a própria liturgia tem. Sem perder a relação com a vida e a dimensão de compromisso, nossa proposta resgata a tradição de orar com salmos, hinos e preces, e valoriza da religião popular o seu jeito afetuoso procurando corresponder ao “fervor espiritual” que caracteriza a fé dos pobres.
Diferente das novenas de natal que muda a cada ano, a nossa tem caráter permanente, para permitir aos que vão fazer a novena se apropriarem dela como a sua celebração, sabendo de antemão o que vai ser feito.  É uma maneira costumeira de começar, desenvolver e terminar, que é aquela de sempre, com elementos (hinos, salmos e preces) reconhecidos pelo povo como oração. O fato de retomar elementos tão ricos a cada ano, dá a possibilidade de aprofundar o seu sentido à luz dos fatos e da vivência da comunidade local. Embora seja permanente, trata-se de um roteiro aberto às expressões e às particularidades de cada grupo.

As antífonas do Ó

Nosso roteiro valoriza de modo especial as antífonas do ó. São sete poéticas composições, que na tradição romana acompanham o cântico de Maria nos dias da semana do advento, de 17 a 24 de dezembro. A versão brasileira de Reginaldo Veloso acrescentou duas novas, inserindo as expressões Mistério e Libertação, para completar os dias da novena. São chamadas “do ó” por causa da exclamação com que se iniciam. Elas exprimem a admiração comovida da Igreja na contemplação do mistério da vinda de Cristo, invocado com títulos tomados de clássicas imagens bíblicas: Mistério, Libertação, Sabedoria, Guia da casa de Israel, Rebento de Jessé, Chave de Davi, Sol da justiça, Rei das nações, Emanuel. Em alguns lugares do Brasil são muito conhecidas, chegando a dar um título curioso na devoção mariana - “Nossa Senhora do Ó”.
Sua origem remonta ao século VIII. Seu autor é desconhecido, embora alguns atribuam ao Papa Gregório Magno. Mas certamente alguém com um profundo conhecimento das Escrituras, porque ligou várias passagens do Antigo Testamento, criando algo novo e original
Elas têm todas uma estrutura semelhante: invocação ao Cristo, sempre iniciada em “Ó”, seguida do sentido desta invocação e um pedido. Num ritmo progressivo, a cada dia que passa aumenta a densidade da súplica, conduzindo-nos para dentro do mistério do Natal que estamos para celebrar, ajudando-nos a centrar no Cristo todas as nossas aspirações e desejos.
É uma súplica cheia de desejo dirigida ao próprio Cristo, para que venha salvar-nos sem demora. Ele é o mistério escondido e agora manifestado para trazer boa nova e libertação aos oprimidos. É Ele a Sabedoria que saiu da boca do altíssimo, guia do povo em êxodo, sinal para todas as nações, portador da chave que liberta das prisões. Cristo é o Sol nascente, resplendor da Luz eterna para os que jazem nas trevas, portador do nome divino, o Emanuel, Deus conosco, esperado das nações e desejado de todos corações a quem invocamos com toda ternura do coração: Vem, Senhor Jesus.
O desejo é a nossa oração, dizia Santo Agostinho. Nosso desejo, no entanto, precisa ser educado. As antífonas não eliminam nosso desejo, mas educam-no. Libertam o nosso desejo dos seus instintos egoístas. Universalizam e dão densidade aos nossos desejos. Elas são expressão do Espírito que vem em nossa fraqueza e reza em nós.
As imagens quase sempre evocando uma força que se revela na vida dos pobres e dos excluídos conjugam os títulos divinos de Cristo com sua humanidade e sua repercussão em nossa humanidade. Apresentando estes títulos, as antífonas evangelizam nossas imagens de Jesus Cristo. Muitas vezes construímos imagens não bíblicas, não cristãs, do próprio Senhor a quem seguimos. Elas nos ajudam, assim, a desenhar o rosto do Senhor no qual pusemos toda a nossa esperança e a viver com toda a intensidade, sem superficialidades e antecipações, o compasso da espera dos nove dias que preparam a festa do natal do Senhor.

Roteiro desta novena
O esquema que segue é uma sugestão adaptada do Ofício Divino das Comunidades (p. 497), com os seguintes elementos:

1 - Chegada.

O lugar da celebração na penumbra, clima de silêncio... é momento de entrar na própria casa, encontrar consigo mesmo(a), centrar o coração e a mente no Senhor, com os irmãos e irmãs. Um pequeno refrão contemplativo às vezes ajuda. Em cada roteiro há uma sugestão, mas pode-se escolher outro. Não se trata ainda da abertura, mas de possibilitar um tempo de quietude, de oração pessoal que prepara o louvor comunitário.

2 - Acendimento da vela.

Uma das imagens do advento é a lâmpada acesa, evoca vigilância, a atitude fundamental do advento. Estando para iniciar a celebração, - diziam os rabinos, - disponha-se a “acender o candelabro de Deus em seu coração, a retomar o caminho da misericórdia e a reavivar a alegria da gratidão”. Em nosso roteiro está previsto que a cada dia da novena se acenda uma vela. Cada dia o ofício começa com o gesto de acendimento da vela, acompanhado de uma bênção,  (uma no 1o dia, duas no 2o e assim por diante).

3 - Abertura

Alguém entoa os versos que todos repetem. São versos bíblicos de invocação de Deus e de convite para o louvor, inspirados no salmo 70(69), que já nos põem em sintonia com a memória que vamos fazer da espera do Senhor. Quem coordena saúda a assembléia.

4 - Recordação da vida. 

O nosso roteiro traz uma pequena introdução, convidando para a recordação da vida, que não é reflexão de um tema, nem é ainda as preces, mas memória de fatos, pessoas, reconhecidas como manifestações da vinda do Senhor ou de situações que precisam mudar.

5 - Hino.

Não é um salmo, nem um cântico bíblico, ainda que seja inspirado na bíblia... Destinado ao louvor de Deus, tem a função de expressar o sentido da hora, ou festa, ou tempo litúrgico (Cf. IGLH n. 173). Sugerimos um mesmo hino para marcar a novena - “ó vem, ó vem Eamanuel -, mas há outras opções no final do livro.

6 - Oração da coleta.

O coordenador convida à oração, a assembléia se inclina orando em silêncio e o coordenador conclui com uma breve oração. Em nosso roteiro há para cada dia duas opções, a primeira se repete igual todos os dias e a segunda traz sempre uma pequena mudança ligada ao sentido do dia.

7 - Salmodia.

Os salmos são a referência primeira do nosso clamor e do nosso louvor. Cantaram os salmos o povo de Deus da primeira aliança, e fizeram dele expressão da sua oração Jesus, Maria, os apóstolos, as primeiras comunidades cristãs... Cantando os salmos, unimos nossa voz ao clamor dos oprimidos e ao louvor de todos os redimidos para bendizer a Deus que abre os céus e faz chover o salvador.
Depois do hino, alguém introduz o salmo: há um versículo do novo testamento e uma pequena introdução, fazendo referência ao contexto do salmo e atualizando-o. As antífonas ou refrões conferem matiz particular ao salmo, ajudando a compreender o seu sentido em relação ao mistério que celebramos. Um cantor ou cantora entoa o salmo e a comunidade entra alternando em dois coros. No final há um tempo de silêncio, alguém pode repetir um verso que chamou a atenção. Entre uma repetição e outra há uma pequena pausa, para a escuta e a oração. Por fim, quem coordena pode concluir a salmodia com a oração sálmica, retomando o seu conteúdo e atualizando-o em forma de oração cristã. Há no final de cada salmo uma sugestão.

8 - Leitura bíblica.

Há para cada dia uma pequena leitura bíblica ligada ao sentido da celebração.

9 - Responso.

Segue imediatamente após a leitura, como resposta orante à palavra do Senhor, versos do salmo 80. Alguém canta e a comunidade intervém com o refrão. Sugerimos o mesmo refrão para cada dia, mas há outras alternativas no final do livro, para quem prefere variar. 

10 - Meditação.

A meditação em nosso roteiro é uma palavra de aprofundamento da  antífona do ó que acompanha o cântico de Maria. Depois do responso e de um breve silêncio, o(a) coordenador(a) pode ler ou transmitir com as próprias palavras o conteúdo da meditação que introduz o cântico da antífona.

11 - Cântico de Maria.

O cântico de Maria, dá graças ao Pai por sua manifestação na história. Seguido da antífona do ó, é um momento alto do ofício por sua relação a Jesus Cristo e pelo significado que adquire no contexto da novena, como anúncio de sua chegada. Há uma versão que se repete em cada roteiro e uma segunda alternativa no final do livro (n...)

12 - Preces.

Alguém faz o convite e propõe a resposta, de preferência cantada. Após as intenções que constam no texto as pessoas podem apresentar espontaneamente as suas preces. No final, todos recitam ou cantam o Pai nosso,  acrescentando: Pois vosso é o Reino, o poder e a glória para sempre, como faziam as comunidades dos primeiros séculos, e  como sinal de comunhão com as igrejas evangélicas que mantém o costume de rezar assim. Assim cumprimos nossa vocação de interceder pela humanidade, como povo sacerdotal, retomando a insistente súplica da Igreja: Vem, Senhor, Jesus.

13 - Bênção.

O ofício se conclui com uma bênção. Depois da bênção, a  coordenadora ou coordenador despede a assembléia convidando a prolongar o louvor nos afazeres da vida: Bendigamos ao Senhor... Quer dizer:Continuemos a bendizer ao Senhor com a nossa vida, em cada situação concreta... a comunidade responde afirmativamente e invoca a ajuda de Deus sobre todos, inclusive aos irmãos e irmãs ausentes. No final, sugerimos uma bênção da casa que acolhe o grupo da novena, pedindo a paz para aquela família... Pode-se na despedida, cantar também uma saudação mariana (ver p.   )
Para o último dia da novena, pode-se combinar uma confraternização entre todas as famílias que foram visitadas. O nascimento de Jesus se dá em Belém, a Casa do Pão, e a ceia é o sinal que ele deixou para lembrar a sua presença no meio de nós.
É importante estar atento para as posições e gestos do corpo, de acordo com o costume e a possibilidade do grupo. O mais comum é que a comunidade esteja em pé para o acendimento da vela, os versos de abertura, a recordação da vida, o hino e a oração da coleta, como sinal de vigilância ao Cristo que vem. A comunidade fica sentada para a salmodia, a leitura bíblica, o responso e a meditação. O Cântico de Maria, as preces e a bênção são realizados estando a comunidade novamente de pé. Em alguns momentos, como o refrão das preces ou o refrão da antífona do ó, o gesto de abrir os braços pode ajudar a vivenciar mais profundamente a dimensão de súplica e acolhimento da graça próprios do advento e da novena do natal. 

A novena do natal encontra-se
No Ofício da Novena de Natal publicado pelas Paulinas. Os cantos estão gravados em CD, pela Comep.



Fonte: www.apostoladoliturgico.com.br/calendario2.php



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